As obras de consolidação do pavimento do IP6 junto ao Olho Marinho, que permitirão a reposição da normalidade da circulação naquela zona, vão iniciar-se no primeiro trimestre de 2019 com um custo de 2,5 milhões de euros. A intervenção deverá pôr fim ao constante movimento de terras naquela zona, que tem afectado a circulação no sentido Óbidos-Peniche, prevendo-se a conclusão dos trabalhos durante o Outono do próximo ano. A assinatura do contrato de empreitada realizou-se em pleno troço afectado e justificou a vinda do secretário de Estado das Infraestruturas, Guilherme de Oliveira Martins.
No passado dia 20 de Dezembro foi assinado o contrato de empreitada da obra de estabilização da plataforma rodoviária do IP6, entre a Infraestruturas de Portugal e o empreiteiro Teixeira Duarte, que será responsável pela intervenção.
Os trabalhos serão realizados em duas zonas distintas,: no encontro Este do Viaduto do Olho Marinho, ao quilómetro 13,7, e num troço de 300 metros a partir do quilómetro 14,1, no talude que suporta a faixa de rodagem.
No primeiro local, a intervenção compreende a colocação de estacas de betão espaçadas a 2,5 metros, encabeçadas por um maciço também em betão reforçado com 1×1 metros.
Na zona mais extensa a intervenção será mais complexa, baseando-se na construção de dois muros, fundeados até ao subsolo, um deles para suportar o aterro e o outro o talude, cujo desnível também será suavizado, criando maior sustentação.
O concurso público da empreitada foi lançado a 29 de Março deste ano e adjudicado cerca de seis meses depois. Agora, após a assinatura do contrato de empreitada, o arranque dos trabalhos de correcção da estrutura ficam a aguardar o visto do Tribunal de Contas. Os trabalhos têm um prazo de 210 dias.
A assinatura do contrato de empreitada foi realizada junto ao troço afectado e juntou representantes da Teixeira Duarte, da Infraestruturas de Portugal, o secretário de Estado da Infraestruturas, Guilherme de Oliveira Martins, e o presidente da Câmara de Peniche, Henrique Bertino. Apesar de o problema se localizar em território do concelho de Óbidos, este município não esteve representado, o que foi explicado com um lapso da Infraestruturas de Portugal, que organizou a cerimónia.
Esta não foi, contudo, a primeira vez que o município obidense foi preterido pelo governo socialista numa cerimónia. É que em meados de Novembro a assinatura da consignação do bloco da Amoreira da rede de rega da barragem do Arnóia foi realizada no Bombarral.
VIA ESTRUTURANTE PARA PENICHE
Henrique Bertino, presidente da Câmara de Peniche, mostrou-se “muito satisfeito porque finalmente vai encontrar-se uma solução para uma via que é muito importante para o nosso concelho”. O autarca considerou mesmo que esta é “a obra mais estruturante que o concelho precisa”, pois do IP6 depende o desenvolvimento das actividades do turismo e também o investimento privado.
Henrique Bertino lamentou o erro que impediu a presença de Humberto Marques na cerimónia. “Esta obra é mais importante para o nosso concelho, mas estamos no concelho de Óbidos e todos os presidentes de Câmara da região merecem o meu respeito”, comentou.
Guilherme de Oliveira Martins referiu que esta era uma obra sinalizada como prioritária pela Infraestruturas de Portugal, e justificou a demora da intervenção com a burocracia. “São procedimentos complexos, nos concursos públicos tudo demora o seu tempo, mas esta solução vai resolver o problema”, sustentou.
Em resposta à campanha “Um país preso por arames” do CDS/PP, cuja líder Assunção Cristas tinha visitado precisamente o IP6 no fim-de-semana anterior, Guilherme de Oliveira Martins lamentou que os centristas tenham aproveitado problemas sinalizados para “criar alarme social e dizer que o país não está em condições”. O governante disse que tal afirmação não corresponde à verdade, realçando que esta obra faz parte de um conjunto um investimento de 107 milhões de euros em manutenção e conservação de vias de comunicação a cargo da Infraestruturas de Portugal, fruto de trabalho de fiscalização diário e permanente.
De notar que, durante a cerimónia de assinatura e a visita à zona onde o piso ficou mais afectado, muitos dos automobilistas que passavam do outro lado do separador central apitavam e exclamavam “a ver se é desta”, “finalmente” ou acenavam com o polegar esticado, sublinhando a premência daquela obra.
O IP6 foi inaugurado em 2004 entre a Serra D’el Rei e Peniche. O troço de ligação à A8, no qual surgiram os problemas de movimento de terras, foi aberto ao trânsito em 2006.
Os problemas de movimento de terras que causaram fendas entre os quilómetros 13,7 e 14,4 começaram a manifestar-se desde o início da abertura ao tráfego, no talude de aterro e no encontro do Viaduto do Olho Marinho. Após um conjunto de intervenções de correcção do piso, a Infraestruturas de Portugal decidiu encerrar, a 20 de Julho de 2017, a faixa de rodagem no sentido Óbidos-Peniche, com basculamento do tráfego para a faixa contrária.