O caldense que é webdesigner e é músico, tocou recentemente no México e na Colômbia
É numa aldeia nas Caldas, no seu estúdio de música, que é também o seu escritório, que Diogo Trindade simpaticamente nos recebe. É entre computadores e instrumentos musicais, cassetes, vinis e cd’s, os posters e as fotografias nas paredes que conversamos.
Diogo Trindade é webdesigner (ou seja, cria e mantém sites) e também é músico, sendo um apaixonado pelo heavy metal desde miúdo. Irmão mais novo de Orlando Trindade, com seis anos de diferença, foi bastante influenciado em termos musicais. “Com sete anos deu-me a conhecer Iron Maiden, The Doors ou Pink Floy, por exemplo”, conta. Depois, quando tinha 11 anos, o irmão tinha uma banda de covers de rock e levou-o aos concertos. “Fiquei fascinado”. Um ano depois estava apaixonado pelo heavy metal, a ouvir Pantera, Sepultura, Trash ou Slayer. “Não havia net na altura, então trocávamos cassetes e vinis e mais tarde cd’s”, recorda. A música foi “um escape para as frustrações típicas de um adolescente, era uma terapia e continua a ser, é a minha forma de expurgar os meus demónios”. Autodidata, foi aprendendo e, musicalmente, sempre lhe suscitou curiosidade o extremo. “Não sou agressivo ou violento! A última vez que andei à pancada tinha 12 anos”, salienta entre risos, admitindo que existe esse preconceito. Politicamente não tem afiliações partidárias nem afeto pelos extremismos. “Detesto tanto a extrema direita, como a extrema esquerda”.
O primeiro instrumento que tocou foi a bateria, com 15 anos e no ano seguinte fundava a sua primeira banda. “Já tive projetos quase de uma noite e outros com 25 anos, com quatro álbuns editados”, partilha. Ao longo da vida foram já mais de duas dezenas de projetos. Os Grievance, por exemplo, foram fundados em 1997 com um amigo e seguiram a solo em 2011, tendo já vários álbuns editados. Nas Caldas, conta que existe uma comunidade pequena de amantes do metal. “São fases… Quando existe um espaço, juntam-se mais pessoas”, nota. Foi nesse sentido que foi um dos fundadores do Stronghold, nos Silos.
Atualmente, Diogo Trindade, ou Koraxid, como é conhecido no mundo da música, tem duas bandas e combina a música com uma outra paixão. Não seria a primeira associação na cabeça da maioria pensar num músico de heavy metal que é também um webdesigner, mas essa é a realidade deste caldense, que atualmente gere mais de 90 sites, uma paixão que começou no ano 2000, quando foi desafiado para entrar neste mundo da Internet. “Na altura achei que seria o futuro e que só teria margem para crescer”. Siderado com a revolução da Internet, e com as bases que aprendeu, acabou por se estabelecer por conta própria em 2003, mantendo, duas décadas depois, muitos dos clientes de então. Daí para cá tem vindo a aprender cada vez mais.
E se, viver do tipo de música que gosta “é um exercício de resiliência”, combinar estas duas paixões “só com boa vontade”. Diariamente, toca baixo durante uma hora e meia, independentemente das horas que tenha passado em frente ao computador a fazer ou manter os sites. “Não é fácil, mas quem corre por gosto não cansa”. Recentemente passou 15 dias em tour com a banda Corpus Christti, atuando no México e na Colômbia. “Fiquei chocado com a pobreza e as condições de vida, mas muito agradado com as pessoas, fomos muito bem tratados”, realça. Esteve na Cidade do México, com 30 milhões de habitantes, “casas em tijolo, sem reboco, tipo favela e polícias armados com metralhadoras”. Por outro lado, encantou-se com “as paisagens lindíssimas, a beleza pitoresca do deserto com os catos e a comida”. ■