Um grupo de 18 penichenses passou por um valente susto em Barcelona, quando se viu encurralado entre os manifestantes independentistas catalães e a polícia de intervenção espanhola. De um lado eram arremessadas pedras, do outro disparavam-se balas de borracha.
“Nunca tive tanto medo, ainda fico a tremer quando falo no assunto, senti que estava a viver um daqueles filmes de guerra que pensamos que só vemos nos filmes”, é assim que Vânia Alexandre, líder do grupo Peniche@Correr, descreve os momentos passados no final da tarde de 14 de Outubro.
O grupo tinha ido a Palma de Maiorca participar na maratona e na meia maratona naquela ilha e no regresso tinham uma escala prevista em Barcelona, onde apanhariam um voo até Lisboa.
As provas correram bem, sem dificuldades para uma equipa com 26 atletas penichenses. O problema surgiu depois, quando 18 deles iam apanhar os voos de Palma de Maiorca até Barcelona. A situação de instabilidade que se vivia na capital catalã tinha levado ao cancelamento de vários voos, mas, ainda assim, lá conseguiram embarcar, aterrando por volta das 21h00.
“Quando saímos do avião entrámos num autocarro que nos deveria levar ao terminal 1, onde tínhamos voo, mas tal não era possível devido às manifestações e então levaram-nos para o terminal 2”, explicou Vânia Alexandre à Gazeta das Caldas. “Faltavam 40 minutos para o nosso voo e não existiam autocarros, então perguntámos a um polícia como poderíamos ir até ao terminal 1 e ele disse que era meia hora a andar e pusemo-nos a caminhar”.
Iniciaram então uma nova maratona, mas desta feita de bagagens às costas percorrendo cinco quilómetros no meio do caos – a palavra que Vânia mais repete. “Já estava tudo partido, vidros estilhaçados e extintores pelo ar, foi um grande susto”, contou.
Pior foi que, a certa altura, os penichenses viram-se cercados entre os manifestantes e a polícia espanhola que vinha a “varrer” a manifestação desde o terminal 1. “Tinha os manifestantes à minha direita a atirar pedras e a linha da polícia, com os escudos, à minha esquerda a disparar balas de borracha e eu fiquei ali no meio, sem reacção, parada, em pânico, até que um agente da polícia saiu da formação e me tirou dali para trás da linha deles e na direcção do terminal 1”.
Felizmente todos conseguiram apanhar o voo, que já saiu atrasado, quando já passava das 23h00. “Foi um milagre ninguém se ter aleijado”, resume Vânia Alexandre.