Comitiva, que participava em conferência internacional da Unesco, vivenciou momentos de terror com sismo que já fez mais de 2800 vítimas mortais
“Estava na rua, juntamente com os vereadores do Cadaval e da Lourinhã, e sentimos o chão a fugir-nos debaixo dos pés durante alguns segundos”. O relato sobre o sismo com magnitude de 6,8 na escala de Richter, que abalou Marraquexe, em Marrocos, na noite de sexta-feira (9 de setembro), é feito na primeira pessoa. O vereador obidense José Pereira integrava a comitiva da AGEO – Associação Geoparque Oeste, que se encontrava naquele país a participar numa conferência internacional da UNESCO. À hora a que se deu o sismo (23h11), grande parte do grupo já se encontrava no hotel. O autarca recorda a sensação de “algum terror, porque não conseguimos ter segurança”. Fizeram o que mandam as regras e, na procura de um local mais aberto, fugiram para a “zona central do jardim e olhámos para os prédios, para ver se tínhamos de fugir”. Voltariam ao hotel para pegar em alguns bens de primeira necessidade e pernoitaram na rua, sempre “com um grau de insegurança muito grande, pois podiam haver réplicas”, recorda o autarca.
Junto à piscina do hotel, António Vidigal, da Câmara das Caldas, conversava com Miguel Reis Silva e Bruno Pereira, da AGEO, quando começou a ver o edifício a abanar. “Foram uns longos segundos”, recorda o caldense, acrescentando que se tentaram afastar o mais possível do edifício e aproximar da piscina que, com o impacto, ganhava ondas. Passado o choque inicial foi ver como estavam, e tentar acalmar, alguns elementos da comitiva, sobretudo os que estavam dentro do edifício quando este tremeu. O resto da noite foi passado na rua e “na expetativa se haveria mais réplicas ou de como voltar a Portugal”, conta à Gazeta das Caldas. Ainda nessa noite a comitiva oestina reuniu e decidiu que não se justificava antecipar o regresso, até porque não sabiam ainda se os trabalhos da conferência iam ser cancelados e havia muita confusão no aeroporto. Ao almoço, que decorreu numa tenda, colocada para apoio do evento, o presidente da Câmara de Loulé foi contactado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, que lhe falou na eventualidade de um avião da Força Aérea ir a Marrocos levar apoio e trazer os portugueses no regresso. Acabariam por regressar a Portugal na madrugada de domingo.
Para a comitiva oestina não passou de um susto, mas José Pereira lembra que, no dia anterior e na própria tarde de 9 de setembro, tinham estado a visitar a parte história da cidade e a zona da Medina, onde alguns monumentos ficaram bastante danificados e casas desmoronaram-se provocando vítimas. O autarca ainda regressaria a essa zona, na tarde de sábado, para constatar a destruição e a “quantidade de pessoas nas ruas, sobretudo os jardins e zonas centrais das praças, onde montavam acampamentos”. ■