Caldas da Rainha, pela sua história intrinsecamente ligada ao termalismo, será uma das três cidades, juntamente com Mondariz (Espanha) e Bath (inglaterra), a servir de piloto ao primeiro Atlas Termal da Europa. A Associação Europeia das Cidades Históricas Termais (EHTTA) está a trabalhar numa candidatura para obter financiamento da União Europeia para este projecto que, no total, irá reunir o património termal de 250 cidades europeias.
Trinta especialistas em termalismo, oriundos de de nove países e membros da European Historic Thermal Towns Association (EHTTA), estiveram nas Caldas da Rainha, no passado dia 11 de Janeiro, a preparar a candidatura a fundos comunitários para a elaboração de um Atlas Termal da Europa. Orçada em três milhões de euros, esta candidatura ao programa Inovação, que avança com três cidades termais (Caldas da Rainha, Mondariz e Bath) reunirá, ao todo, o património termal de 250 cidades europeias.
A documentação terá que ser entregue até 14 de Março e a resposta da Comissão Europeia será dada em Agosto. Depois terão dois anos e meio para trabalhar.
Mário Crescente, vice-presidente do comité cientifico da EHTTA, explicou que pretendem estudar o património termal, na sua vertente dos recursos naturais, culturais e também o património imaterial como os saberes e tradições. “O Atlas, para que tenha essa condição de reconhecimento e valorização do património europeu, deve cobrir a maior parte das cidades europeias”, disse, acrescentando que pretendem chegar ao Extremo Este europeu, nomeadamente a países como o Arzebeijão ou a Rússia, que não integram a União Europeia.
Nas Caldas os especialistas encontraram o que pretendem que seja feito ao nível do património termal: reabilitar, refazer e reutilizar e quiseram mostrar o bom exemplo. Mário Crescente salienta que, sobretudo na Europa interior, “há muitos recursos termais abandonados e em ruinas” e que o objectivo é contribuir para o seu reconhecimento e criar-lhe valor.
O Atlas consistirá num sistema de informação geográfico que conceptualiza os distintos recursos termais e inclui diversos indicadores, como turísticos e de afluência, para a EU poder decidir onde faz sentido investir.
Neste projecto trabalham quatro grupos universitários (da Polónia, Alemanha, Itália e Espanha), juntamente com profissionais dos vários países que integram a rede.
Mário Crescente conhece bem as Caldas e destaca que tem um “potencial enorme” do ponto de vista do termalismo. Destaca o Parque, os pavilhões, a cerâmica de Bordalo Pinheiro, as actividades do centro histórico e o mercado. “Além disso, gosto do seu principio: foi o primeiro hospital termal do mundo, e seria fantástico ele reabrir e mostrar as suas capacidades”, destacou.
Na rua para falar de termalismo
Nas Caldas, os especialistas ficaram a conhecer os projectos para o relançamento do termalismo, visitaram o Hospital Termal e os Pavilhões do Parque, que foram concessionados a privados e serão transformados num hotel de cinco estrelas. Foi-lhes apresentado o projecto, pelo administrador da Visabeira Turismo, Jorge Costa, e o arquitecto, Tiago Araújo, que referiram que o Céu de Vidro irá continuar a ser uma zona de ligação entre o Parque D. Carlos I e o Hospital Termal, aberta ao público. A cobertura será reconstruída em vidro, tal como era originalmente.
Foram ainda para a rua ouvir a opinião das pessoas sobre “o que foi, o que é, e como imagina que será no futuro uma cidade termal”.
Para o caldense Carlos Santos as Caldas foram, no passado, uma cidade com mais convívio do que é hoje. “Acho que uma cidade termal deve ser um local onde as pessoas conseguem tratar doenças raras mas, muitas vezes, não há essa possibilidade”, disse, desejando que, no futuro, as termas fossem um bem ao alcance de todos.
Entre os participantes no encontro estava a professora Inês Sante, da Universidade de Santiago de Compostela, que integra o grupo de trabalho do projecto de investigação. A visitar as Caldas pela primeira vez, salientou que a cidade foi-lhes apresentada como o “exemplo perfeito” de como os recursos termais podem dar origem a uma vila e proporcionar o seu desenvolvimento. “É uma oportunidade para dar mais valor a este lugar”, disse à Gazeta das Caldas.
Também Lisa Poetschki, de Baden-Baden (Alemanha) estava nas Caldas pela primeira vez. A responsável considera importante conhecer a herança cultural das várias cidades termais na Europa e dar-lhes uma maior visibilidade. “É muito importante recolher todos os dados dessas cidades e apresentá-lo aos políticos locais e europeus e também aos turistas”, disse, realçando que há informações comuns, mas outras muito específicas dos territórios.
Pablo Rivera, da cidade termal de Chaves, considera as Caldas uma cidade histórica termal muito representativa, a par de Chaves e de S. Pedro do Sul. “O potencial que tem esta cidade é impressionante, tem tudo para ser a capital termal de Portugal”, disse à Gazeta das Caldas.
Referindo-se ao Atlas, disse tratar-se de um projecto ambicioso e que conta com as Caldas da Rainha entre as primeiras cidades a integrá-lo. “As Caldas representam o passado termal, um bom presente com as autoridades locais a promover o termalismo e um projeto de futuro que, acredito, terá muito sucesso”, concluiu.
Balneário Novo já tem água termal

O Balneário Novo já tem água termal desde a passada sexta-feira (11 de Janeiro) quando se iniciaram os testes nos novos circuitos e equipamentos que foram adquiridos e instalados. Contudo, e de acordo com João Frade, adjunto do presidente da Câmara, o Balneário ainda “não está pronto a abrir aos tratamentos pois falta concluir os testes e executar eventuais alterações ou melhorias que venham a ser consideradas necessárias”. Aguarda também parecer positivo das entidades competentes ao pedido de licenciamento.
Nas próximas semanas continuam os procedimentos necessários para testar e colocar os equipamentos em funcionamento, arranjo e decoração do espaço.