“Caldas poderá ser a grande capital cultural do Oeste”

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O novo diretor, que esteve à frente da Casa da Cultura de Seia, quer apostar fortemente nas parcerias com agentes locais
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O novo diretor do CCC, Mário Branquinho, tem a programação de 2023 quase pronta. Uma das suas prioridades é obter financiamento estatal em 2024

Está à frente do CCC há perto de dois meses e deu a conhecer à Gazeta quais são as linhas de ação da sua gestão. O responsável, que veio da montanha para junto do mar, desafia a cidade das Caldas a criar um festival artístico que tenha impacto nacional e internacional.

Qual foi a sua prioridade em termos de trabalho?
A primeira preocupação foi a programação de 2023. Em meados de janeiro fechámos a agenda do primeiro semestre. Daqui a pouco tempo estará encerrado o segundo semestre. Pontualmente iremos organizar espetáculos “Fora de Portas”, já fizémos uma primeira iniciativa no Museu Malhoa, segue-se outros concertos no Centro de Artes e haverá mais, sobretudo no verão. queremos trabalhar muito em rede, com agentes da região como o Festival Internacional de Piano do Oeste. A aposta terá que ser sempre na qualidade.

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E quais são as linhas orientadoras da nova direção?
Além de pretendermos fazer parcerias com os grupos e agentes culturais locais, faremos uma grande aposta na comunicação. Há um novo plano de comunicação que será implementado em maio, no feriado da cidade. Queremos atrair novos públicos e poder chegar às pessoas através de várias plataformas. A equipa do CCC possui mais de 20 pessoas mas, a curto prazo, espero poder contar com mais três elementos para a equipa técnica.

Como é que pretende alcançar esse objetivo de conquistar novos púbicos?
Pensamos desafiar empresas que queiram ser patrocinadoras, amigas do CCC e que, em contrapartida, podem ter ingressos para clientes e colaboradores. Poderemos retomar os vouchers, pois queremos criar estímulos à participação dos públicos nos eventos.
Em termos comerciais, há muitos espetáculos que já estão “vendidos” mas queremos apostar também noutros pois há mais uma linha de trabalho de apoio à criação e de co-produções com grupos e companhias.
Queremos apostar no serviço educativo, com o público das escolas e outros. Teremos uma pessoa a trabalhar nessa área que consideramos fundamental.

Com quem é que o CCC quer dialogar?
Queremos dialogar com a cidade, com o concelho e com públicos de outros concelhos, cidades e latitudes. Esta cidade tem tudo para ser uma grande capital cultural no país e, em particular, desta região do Oeste. As Caldas já é a capital cultural por excelência, não só pelo CCC como também pelos seus museus, a sua tradição cerâmica, as indústrias criativas que se instalaram na região e tudo o que está em torno da ESAD.CR.

Como encara este primeiro ano?
Como uma rampa de lançamento para a candidatura que vamos fazer à DGArtes para a programação. O CCC já faz parte da rede de Teatros e Cine-teatros portugueses mas ainda não tem financiamento para a programação.
O apoio será para 2024 e anos seguintes dado que vamos concorrer a apoios, para quatro anos. Metade do valor ao qual nos candidatamos tem que ser assegurado pela própria estrutura, que possui apoio municipal.

É importante conseguir obter este financiamento?
Sim, é decisivo. Venho da Casa da Cultura de Seia onde fiz a candidatura à DGArtes que foi aprovada e quero fazer o mesmo aqui. Queremos rentabilizar recursos, aumentar o índice de programação e diminuir o investimento do município. Vamos apostar cada vez mais na realização de congressos e iniciativas empresariais.
Veremos se ficaremos no patamar dos 150 mil ou se vamos concorrer ao máximo, dos 200 mil euros. Se queremos reforçar o posicionamento do CCC na região e a nível nacional teremos que ser ousados. É preciso ter dinheiro e também muita criatividade nas lógicas de programação. É essencial que os caldenses sintam que este espaço e este trabalho é de todos e devemos ser colaborativos.

O que tem a dizer destes 14 anos feitos pela direção anterior?
Creio que houve uma boa trajetória artística durante esse tempo. Agora é preciso alavancar no trabalho que foi feito para fazer melhor. Aposto, desde o início, numa direção coletiva, num ambiente saudável que é preciso reforçar no interior e no exterior do CCC.

Haverá novos festivais ou serão remodelados os que já existem?
Este ano vamos acolher o festival de cinema de turismo, teremos equipamento para dotar o CCC com cinema digital e vamos integrar o Plano Nacional de Cinema. Vamos dar uma nova roupagem ao Jazz. Vai perder o nome festival mas vai manter-se no essencial. Passará a ser Dias do Jazz e decorrerá em fins de semana dos meses de outubro e novembro.
Voltamos a acolher o Impulso, numa lógica de co-produção e vamos realizar um festival de tunas, numa lógica de aproximação à ESAD.CR.
Gostaríamos ainda de saber se as Caldas da Rainha pretende assumir um festival âncora de projeção nacional e internacional. É uma janela que está em aberto e que temos que estudar se há condições e em que área das artes deverá dedicar-se. A Culturcaldas, associação que gere o CCC dispõe um orçamento de cerca de 400 mil euros pois absorveu novos funcionários e ainda é necessário ter em conta um conjunto de obras que são necessárias pois o equipamento já tem 15 anos. Estamos também a preparar para este ano o programa de celebração deste aniversário.■

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