A cidade das Caldas vai estar em obras nos próximos dois anos, sobretudo para ter novas redes de abastecimento de água e de esgotos. À superfície haverá reabilitação de imóveis, uma nova ponte pedonal sobre a estação ferroviária, passeios mais largos nas ruas (e menos estacionamento) e uma ciclovia entre o Abraço Verde e a ESAD.
As obras ao nível do saneamento e abastecimento de água (com reparação e criação de novas condutas) serão garantidas, na maioria dos sítios, pelos Serviços Municipalizados (SMAS), enquanto que a autarquia fica responsável pelas intervenções nas ruas, espaços de lazer e edifícios. No total serão gastos 15 milhões de euros, dos quais 10 milhões a cargo da Câmara e 5 milhões a cargo dos SMAS.
A ponte pedonal que atravessa a linha do comboio vai mudar a sua localização do lado esquerdo para o lado direito da estação (quando se está na avenida em frente ao edifício). A intervenção, no valor de 450 mil euros, será feita em 2020 e prevê a colocação de três elevadores, um em cada ponta e outro junto ao cais de embarque. “Vai estar preparada para a electrificação da Linha”, explicou o presidente da Câmara, Tinta Ferreira, à Gazeta das Caldas.
A nova passagem pedonal será edificada perto do local onde se situam as casas de banho da estação com extremidade no lado norte da escola do Bairro da Ponte. A autarquia possui terrenos no lado de Sto. Onofre (junto ao deposito de água da estação) para disponibilizar estacionamento. “Numa primeira fase será ao nível do solo, mas poderá depois também ser considerada a hipótese de construção de um silo auto, no futuro”, salientou o autarca.
Esta obra está incluída na área 6 da reabilitação urbana, de um total de nove áreas, que englobam vários locais da cidade. Com um valor global de 1,3 milhões de euros, esta área inclui ainda intervenções no Bairro da Ponte, nomeadamente ao nível do subsolo e melhoramento de ruas, permitindo maiores passeios. Nesta zona junta-se o programa de apoio às comunidades desfavorecidas, que prevê arranjos em espaço publico, nomeadamente no Largo do Colégio Militar, criando ali uma zona de lazer. “Hoje em dia está um pouco degradada e é preciso criar vivência no espaço. Terá um auditório e zona verde”, explicou Hugo Oliveira, vereador responsável pelo pelouro da reabilitação urbana.
O edifício situado junto ao Posto de Turismo (ao cimo da Praça da Fruta) será alvo de obras de renovação em todo interior, mantendo-se a fachada. Haverá uma passagem para peões, que permitirá a ligação entre a Praça da República e o estacionamento atrás do chafariz das Cinco Bicas.
No rés do chão do imóvel ficará o espaço de apoio à Praça da Fruta, uma zona de trabalho de Arqueologia e de apoio ao Centro Interpretativo do Centro Histórico. No primeiro andar haverá duas salas para colocar os achados arqueológicos do centro histórico e também será instalado o Centro Interpretativo e o espólio do cavaleiro tauromáquico Joaquim Alves.
No último piso funcionará a sede da Tertúlia do Grupo de Forcados caldenses. A proposta artística prevista para a parede do imóvel, do lado do Espaço Turismo, da autoria de ESAD, terá que ser adaptada à nova arquitectura do edifício.
A obra, orçada em 650 mil euros, aguarda parecer final da Direcção Geral do Património Cultural e deverá começar em Janeiro de 2020.
Na Travessa da Cova da Onça irá nascer o Páteo dos Burros, um espaço onde as bordadeiras estarão a trabalhar ao vivo e salas para exposição dos bordados e de cerâmica contemporânea, assim como a realização de workshops e de reuniões.
A obra, orçada em 350 mil euros, deverá arrancar este ano para estar terminada em 2020. Também a Casa Amarela irá entrar em obras, no valor de 300 mil euros, já este mês, para tornar-se na porta de entrada do Centro de Artes. Ali serão concentrados uma zona de atendimento e serviços e pequenas exposições.
O Centro da Juventude aguarda visto do Tribunal de Contas para que a sua requalificação, na ordem dos 500 mil euros, possa começar. A autarquia estima que esta possa avançar ainda neste trimestre.
Menos estacionamento e passeios mais largos
Para a área 1, que compreende a zona no Bairro Albano, atrás do Parque D Carlos I, estão previstas intervenções no valor de 228 mil euros que incluem o subsolo e arranjos à superfície com melhorias no piso, passeios e passadeiras.
O vereador Hugo Oliveira explica que passará a haver menos estacionamento no local, mas adianta que muitos dos lugares utilizados pelos condutores não eram legais pois eram em cima do passeio ou na passadeira. “A obra vai evitar um maior abuso de estacionamento ilegal, pois os passeios estarão mais altos, as passadeiras devidamente sinalizadas e haverá lugares para condutores com mobilidade condicionada”, explicou.
As obras visam também alargar os passeios, para uma maior vivência pedonal. “As pessoas têm que se ir habituando a estacionar mais na periferia da cidade e depois o Toma possibilita às pessoas o acesso ao centro da cidade”, explicou o autarca, especificando que em algumas ruas, por causa da escala, não é possível ter passeios.
Está também prevista uma intervenção para a zona das ruas da Ilha, das Vacarias, do Moinho de Vento, Travessa da Água Quente e Largo da Feira, com um orçamento global de 249 mil euros. Por exemplo, o Largo da Feira, que actualmente é ocupado por carros, terá um arranjo urbanístico. Primeiro irá haver uma intervenção dos SMAS ao nível do subsolo, em 2019, e depois a Câmara fará a reabilitação do local, em 2020.
Para a área 3, que compreende as ruas da Paz, da Caridade e da Esperança, entre o Bairro Azul e a Avenida da Independência Nacional, está prevista uma intervenção de 405 mil euros. Os SMAS vão intervir, ao nível do subsolo, a partir de Fevereiro e no final de 2019, inícios de 2020, a Câmara começará na reabilitação do espaço público.
“Haverá um hiato entre a intervenção dos SMAS e a da Câmara para uma eventual compactação e que possa abater um pouco o piso. Há que dar um tempo para que a chuva e os carros ajudem a compactar as intervenções nas valas”, explicou o autarca.
Para a Rua Projectada à Estação, Rua da Emenda, Rua Linda a Pastora e envolventes está prevista uma intervenção de 205 mil euros. Os SMAS irão intervir durante o Verão e a Câmara no final do ano, inícios do próximo.
A área 5, que compreende a Rua Capitão Filipe de Sousa (a parte que falta) até à Garagem Caldas, Rua Sangreman Henriques, parte da Rua Heróis da Grande Guerra, Rua do Montepio e Rua 31 de Janeiro, terá uma intervenção na ordem de 1,2 milhões de euros. Será em breve enviada para visto do Tribunal de Contas para poder começar em inícios de Abril.
As rua Sangreman Henriques e 31 de Janeiro deixarão de ser em calçada em pedra, para ser em betuminoso. Na zona mais central da cidade será mantida a calçada para sinalizar que se trata da zona histórica e de abrandamento de tráfego, enquanto que a zona envolvente vai passar a ter betuminoso.
Também as ruas do Bairro dos Arneiros serão alvo de obras no valor de 1,3 milhões de euros. A partir de Março os SMAS começarão a intervir ao nível do subsolo e depois a Câmara, em Setembro, fará obras ao nível do piso e dos passeios. Junto da zona da antiga Rádio Caldas será feita uma intervenção no espaço público para melhor usufruto dos cidadãos.
“Nos sítios onde os passeios permitem iremos colocar um piso mais confortável, como pedras largas no meio da rua de calçada”, explicou Hugo Oliveira, dando nota da dificuldade das senhoras com sapatos de tacão alto ou com carrinhos de bebé em andar na calçada.
No âmbito das comunidades desfavorecidas, está prevista uma intervenção de mais 85 mil euros junto ao Bairro do IGAPE. Já no Bairro das Morenas será reabilitado o parque infantil e um espaço verde, com equipamentos de lazer, no valor de 550 mil euros, e em S. Cristóvão também será reabilitado um largo para usufruto da população.
CICLOVIA PARA ÓBIDOS?
O projecto piloto dos modos cicláveis, com um valor de 540 mil euros, pretende fazer a ligação entre a zona desportiva e a ESAD através de uma ciclovia. Parte da zona desportiva, passa pela Rua Vitorino Fróis até à Rainha, vira para a Rua Amílcar Mota, depois vira para o cemitério, desce pela Secla 2 e depois liga à ESAD. No futuro deverá ligar a S. Cristóvão.
Esta obra, que deverá ser feita em 2020, fica preparada para ligar a Óbidos, não estando ainda definido o percurso.
Ainda no âmbito da mobilidade, foi aprovada a candidatura para a rede interface do transporte publico urbano do Toma (no valor de 150 mil euros) e a integração do sistema de bilhética integrada entre o Toma e o Obi (10 mil euros).
Ao todo, as obras de reabilitação estão orçadas em 10 milhões de euros, a que se juntam cinco milhões de intervenções em água e saneamento garantidas pelos SMAS. A comparticipação comunitária dos 10 milhões será na ordem dos 55 a 60%.
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