Casa do Povo de Óbidos dá “lar” a família de imigrantes

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A inauguração contou com a presença do diretor da Segurança Social de Leiria, João Paulo Pedrosa

Estrutura de Acolhimento Temporário de Imigrantes foi inaugurada a 21 de fevereiro e é a sétima a funcionar no distrito

Já chegou, na passada segunda-feira, uma família composta por seis elementos e proveniente do Egito e que veio “estrear” a Estrutura de Acolhimento Temporário de Imigrantes (EAT) da Casa do Povo de Óbidos. O acolhimento, feito com a ajuda da Segurança Social de Leiria, passa inicialmente por um melhor conhecimento da família para dar início aos procedimentos necessários para a sua integração, explicou Sara Conceição, diretora técnica da Casa do Povo de Óbidos. Um deles será o ensino da língua portuguesa, para lhes permitir uma maior autonomia, assim como a integração no mercado de trabalho e, das crianças, na escola.

O exterior da residência que acolhe a família de imigrantes

O protocolo estabelecido entre a Casa do Povo de Óbidos e o Instituto da Segurança Social, por três meses (podendo ser alargado) prevê que a instituição obidense garanta a alimentação durante a semana e que, aos fins-de-semana, faculte os produtos para a família confeccionar as suas refeições. Para além disso, serão feitas diversas parcerias com outras instituições como as da saúde, autarquias e o IEFP, para garantir a sua integração, nas diversas áreas. Por parte da família acolhida esperam a “predisposição para serem ajudados e cumprirem as regras de funcionamento. Cabe-lhes a responsabilidade de manter o espaço, como se fosse a sua casa”, salienta Sara Conceição.
Esta foi a sétima Estrutura de Acolhimento Temporário de Imigrantes criada no distrito de Leiria, e que se vem juntar às de Alcobaça, Caldas da Rainha, Leiria, Nazaré, Ansião e Peniche, albergando no total perto de uma centena de imigrantes.

A casa é composta por três quartos e tem também um espaço de pátio

Na inauguração do espaço, que decorreu na tarde de 21 de fevereiro, João Paulo Pedrosa, diretor da Segurança Social de Leiria, considerou que as estruturas temporárias de acolhimento são um “modelo muito virtuoso”. Realçou que o país precisa de imigrantes, mas também tem de lhes dar condições de acolhimento. “O que interessa é que, numa situação inicial e mais difícil, possam haver estruturas do Estado que os possam acolher para depois eles se organizarem e assumir os seus projetos de vida”, manifestou.
Referindo-se a estes centros, destacou que possuem a supervisão técnica das IPSS e que, inclusive, podem contar com algumas das suas valências, nomeadamente ao nível do apoio às crianças em creche e pré-escolar, e dos idosos com os serviços de apoio domiciliário ou estrutura ERPI.
O responsável reconheceu que, em alternativa, existe apenas o Centro Português de Refugiados, que não consegue dar resposta aos pedidos e que o Estado tem de colocar os refugiados em hotéis, pensões ou alojamentos locais, “sem este modelo de cooperação com as IPSS, que é tão importante”, acrescentou.
Embora consciente de que terão um trabalho acrescido, Vítor Rodrigues, presidente da Casa do Povo de Óbidos, salienta que se trata de mais um esforço na tentativa de ajudar quem chega a Portugal sem condições. “Criámos este espaço como se fosse para qualquer um de nós vir para cá morar”, disse.

A cozinha onde poderão preparar as refeições

Também presente na cerimónia, o vice-presidente da Câmara, José Pereira, destacou “facilidade de comunicação” com o diretor da Segurança Social de Leiria, que tem levado à agilidade dos processos. Lembrou ainda o historial de acolhimento do concelho, que há dois anos recebeu e integrou refugiados de guerra ucranianos (permanecendo ainda seis em espaços do município) e que atualmente possuem 10 timorenses a trabalhar nos serviços camarários e dão-lhes alojamento em duas habitações municipais. José Pereira realçou que a questão da habitação é fundamental e que a interligação entre todas as instituições é o garante para a integração destes cidadãos.
A Casa do Povo tem também o “grande projeto” de habitações colaborativas, destinadas a pessoas a necessitar de apoio, mas que não queiram ser institucionalizadas em lar. Ao todo são 21 habitações, de caráter temporário ou permanente. ■