Chama-se Bruna Serralheiro, tem 31 anos e é a CEO do Tekstudio, um atelier de arquitectura com projectos em Lisboa, Angola e Zambia que foi responsável pelo desenho do Prateato – Marvila Design Lofts. Este resulta de um investimento de 16 milhões de euros e prevê a construção de 51 lofts na zona ribeirinha de Marvila, numa área total de quase sete mil metros quadrados.
Foi também o Tekstudio que projectou a reabilitação do Chalet Conde de Almeida Araújo, mais conhecido como “Palacete da Foz”.
Foi em 2012 que Bruna Serralheiro fundou o Tekstudio. Antes, já havia trabalhado na empresa do famoso arquitecto Eduardo Souto Moura, no Porto, mas quando começou a desenvolver projectos para Angola viu uma oportunidade no mercado para criar o seu próprio atelier. É assim que nasce o Tekstudio: atelier que fica situado no coração do Parque das Nações, e se dedica ao desenho de projectos de arquitectura de habitação, reabilitação e hotelaria. Mas também ao design de interiores e ao branding. Os seus principais clientes concentram-se em Angola, Zambia e Portugal.
“Tentamos conciliar num só objecto várias disciplinas e isso é algo que o cliente valoriza, porque podemos oferecer um produto que vai desde o projecto de arquitectura à criação de todo o conceito de uma marca (logotipo, site, eventos, etc)”, explica a caldense, salientando que na sua equipa de 10 pessoas se incluem não só arquitectos e designers, como webdesigners, programadores e copywriters.
Bruna Serralheiro não acredita que o Tekstudio tenha um “estilo” próprio – “até porque isso seria uma seca, significaria fazermos as coisas sempre iguais e o desafio é estarmos constantemente a reinventarmo-nos” – mas admite que são a favor de alguns princípios, como o “less is more” (“menos é mais”). O minimalismo e a simplicidade são duas características dos projectos desenvolvidos por este atelier, que não se esquece da sensação de conforto nos espaços que desenha.
“Sobretudo, queremos fazer uma arquitectura com estilo. Tal como dizia a Coco Chanel, ‘a moda passa de moda, o estilo jamais’, e é isso que defendemos”, sublinha Bruna Serralheiro, acrescentando que aproveitar o lado natural dos materiais (como pedras e madeiras) é outra grande aposta do seu atelier. “Queremos trazer a natureza para a arquitectura, conferir um lado natural aos projectos”, reforça.
Outra questão importante é que por muito carinho que os arquitectos ganhem a um projecto, não se podem esquecer que este pertence, em primeiro lugar, ao cliente. E é preciso ouvi-lo: entender o que ele quer, quais os seus gostos, para depois superar as suas expectativas, oferecendo-lhe um produto ainda melhor.
“O PRIMEIRO CONDOMÍNIO DA NOVA GERAÇÃO”
Foi na última edição do Web Summit, em Novembro do ano passado, que Lisboa ficou a conhecer a nova zona de habitação que nascerá em Marvila. O investimento de 16 milhões de euros pertence ao grupo libanês de imobiliário FFA Real Estate e o projecto foi desenhado pelo Tekstudio.
A promessa é que este seja o primeiro condomínio da nova geração, com 51 lofts (T0 a T2) que irão ocupar uma área de sete mil metros quadrados. “Marvila é uma zona ribeirinha de Lisboa que estava a ficar esquecida e este projecto vem valorizar um local que tem muito potencial”, afirma Bruna Serralheiro, salientando que o seu projecto procura criar um ambiente de convívio em comunidade, semelhante ao dos bairros da baixa lisboeta.
No Prateato haverá espaço para áreas comerciais (como restaurantes), uma pista de jogging, uma lavandaria self-service (que será complementada com uma cozinha comunitária), espaços de co-work e soluções energéticas eficientes à base de painéis solares. Os lofts caracterizam-se por estruturas com coberturas inclinadas e pés-direitos altos, com interiores abertos e flexíveis, repletos de luz natural e uma atmosfera tranquila. Embora ainda não estejam à venda, estes apartamentos podem já podem ser pré-reservados. “Curiosamente, tem havido bastante procura por parte dos portugueses, incluindo casais jovens”, realça a arquitecta.
Bruna Serralheiro é caldense de gema. Daquelas que faz questão de todos os meses, mais que uma vez por mês, fazer uma visita à sua cidade natal. “Tinha muito gosto em desenvolver mais projectos na região Oeste, porque é realmente uma zona que eu adoro”, conta à Gazeta das Caldas, acrescentando que a reabilitação do Palacete da Foz foi um dos projectos que mais gosto lhe deu fazer, uma vez que desde pequena se lembra do histórico chalet.