De 2010 para 2011 o Centro Hospitalar Oeste Norte (CHON) teve uma diminuição de 20 milhões de euros nas verbas transferidas pelo Ministério da Saúde. “As transferências extraordinárias que eram feitas anualmente e que nos permitiam tentar cobrir as despesas deixaram de acontecer o ano passado”, explicou o presidente do CHON, Carlos Sá, na comemoração do terceiro aniversário, e talvez o último, da constituição deste centro hospitalar alargado a três municípios. Uma cerimónia que teve lugar a 23 de Janeiro, no edifício da antiga Lavandaria do hospital.
O CHON foi criado por portaria a 22 de Janeiro, mas como essa data calhava este ano a um domingo, a administração decidiu celebrar o aniversário na segunda-feira seguinte, ou seja a 23 de Janeiro.
Esta foi a primeira vez que se realizou uma cerimónia do género no centro hospitalar. “A melhor forma de comemorar a constituição de uma instituição como esta é reconhecer o empenho, a dedicação e o contributo que os colaboradores ao longo dos anos têm dado às instituições que constituem o CHON”, referiu à Gazeta das Caldas, Carlos Sá.Todos os funcionários que somavam mais de 25 anos de trabalho em qualquer dos hospitais que fazem parte do CHON (Alcobaça, Caldas e Peniche) foram homenageados com a entrega de um diploma. No total a instituição homenageou 209 pessoas, entre elas, a assistente operacional Maria Leonilde Filipe, que trabalha no hospital das Caldas há mais de 40 anos e que é a funcionária mais antiga da instituição.
Dívida acumulada de 47 milhões de euros
Nesta cerimónia, Carlos Sá referiu que o Ministério da Saúde tem vindo a implementar uma série de acções que visam garantir a sustentabilidade do SNS (Serviço Nacional de Saúde). Muitas dessas acções passam pela racionalização dos recursos e uma redução significativa na despesa.
“O ponto de partida que temos para 2012 no SNS é conseguirmos uma redução de 800 milhões de euros relativamente ao orçamento do ano passado”, disse, acrescentando que o Serviço Nacional de Saúde tem uma dívida acumulada de cerca de três mil milhões de euros.
No CHON o orçamento para 2012 tem uma redução de 3,5 milhões de euros relativamente ao ano passado.
O centro hospitalar tem actualmente uma dívida acumulada de 47 milhões de euros e o deficit de exploração anual em 2011 foi de 15 milhões de euros.
Os recursos humanos representam cerca de 60% das despesas do centro hospitalar.
Segundo Carlos Sá, a constituição do CHON levou a um incremento das despesas na ordem dos seis milhões de euros. “No ano da sua constituição, em 2009, há um aumento de cerca de 10% dos custos de exploração do centro hospitalar”, afirmou.
No entanto, garantiu que têm sido tomadas medidas para reduzir os custos de exploração e contrariar o seu crescimento anual. “Em 2010 conseguimos estabilizar o crescimento da despesa e o Ministério da Saúde transferiu-nos verba suficiente para cobrir os custos, sendo o primeiro ano em que houve resultados líquidos positivos”, referiu.
Em 2011 houve um orçamento de 61,3 milhões e, para receitas previstas de 45 milhões de euros, receberam 44,6 milhões de transferências do Estado. Mesmo assim conseguiram baixar os custos de operação para cerca de 60 milhões de euros. “Alterámos a tendência de crescimento e prevemos para 2012 baixar os custos de exploração para 54 milhões de euros”, anunciou.
Carlos Sá quis apresentar estes números aos funcionários do CHON para que estes percebam a necessidade do programa de racionalização que está a ser implementado.
“Não temos alternativa. Temos que fazer a racionalização da utilização dos recursos da maneira mais racional possível e mantendo a actividade assistencial”, disse.
A seu favor, adiantou ainda que “apesar do decréscimo de 20 milhões na receita conseguimos manter o valor da dívida acumulada ao nível do que estava em Agosto de 2010, quando o actual conselho de administração tomou posse”.
Para 2012 “vamos consolidar a concentração de serviços”, aumentar a capacidade assistencial e resolver a questão do património termal. “Queremos implementar algumas das acções previstas no estudo do ISCTE, para nos concentrarmos na função essencial do centro hospitalar”, disse.
Carlos Sá aproveitou a oportunidade para salientar a importância da capacidade de liderança das chefias a fim de ultrapassarem as dificuldades suscitadas pelos constrangimentos financeiros.
Depois do seu discurso, o administrador fez questão que os funcionários presentes vissem um vídeo motivacional de Miguel Lopes Gonçalves.
Maternidade das Caldas em risco
Carlos Sá apresentou ainda os números sobre a actividade nos hospitais que compõe o CHON, sendo visível a diminuição de cirurgias efectuadas (de 4780 em 2010 para 4268 em 2011), de urgências (de 124.275 para 122.509) e de partos (de 1507 para 1380). “Pretendemos para 2012 inverter essa tendência”, afirmou o administrador do centro hospitalar.
A situação mais preocupante é a redução do número de partos, tendo em conta que o ministro da Saúde, Paulo Macedo, defende que as maternidades que registam menos de 1500 partos por ano não devem estar a funcionar, de acordo com os indicadores da Organização Mundial de Saúde. A ser cumprida esta regra à risca, isto poderá levar ao encerramento da maternidade do hospital das Caldas.
Durante a cerimónia foi ainda assinado o termo de doação ao CHON de uma parte da biblioteca científica de Mário Gonçalves, ex-presidente do Conselho de Administração do extinto Centro Hospitalar das Caldas da Rainha.
Nessa altura, Mário Gonçalves aproveitou para lembrar que foi nas Caldas da Rainha que se criou o primeiro centro hospitalar do país, em 1971, num decreto-lei que fazia referência à longa tradição assistencial desta cidade.
O ex-administrador saudou “o gesto de grande sensatez” de Carlos Sá ao apresentar desta forma a situação actual do CHON “fazendo um apelo aos colaboradores para que também pugnem pelo futuro da instituição”.
Centro Hospitalar tem novo sítio na Internet
A cerimónia de aniversário serviu também para uma pré-apresentação do novo sítio na Internet do CHON (www.chon.pt).
“Quisemos adaptar o site à realidade actual e à tecnologia que existe hoje em dia. O antigo já estava um pouco ultrapassado”, explicou Carlos Sá.
O sítio foi realizado internamente pela equipa do CHON. O responsável da área da comunicação, João Duarte, fez a apresentação explicando que este até tem uma caixa de sugestões para que quem queira possa melhorar os seus conteúdos.
Através da Internet é possível acompanhar a informação relativa ao centro hospitalar, incluindo o hospital termal das Caldas da Rainha (pode-se fazer uma pré-inscrição para a consulta de hidrologia). Há também elementos informativos sobre a gripe, farmácias de serviço e o guia do utente do SNS.
O sítio é ilustrado por várias fotografias referentes ao património do CHON e contém um questionário sobre os serviços prestados pelo centro hospitalar.
É ainda possível ter informações sobre os horários de visitas, de funcionamento da cantina e do funcionamento da Liga dos Amigos do centro hospitalar, entre outras.
Pedro Antunes
pantunes@gazetadascaldas.pt
Se o Ministério da Saúde transferiu menos 20 milhões de 2010 para 2011, foi porque em 2010 o CHON produziu menos, ou seja não cumpriu a produção estipulada. A produção da Cirurgia de Peniche foi ZERO em 2010 porque foi encerrada, culpa do CHON. A sua produção em 2008, antes do CHON foi alta, de qualidade e com plena satisfação dos utentes. Peniche em termos de qualidade estava no pódio:3ºlugar de acordo com o relatório do Tribunal de Contas.
Se fecharem a Cirurgia e Ortopedia porque são de risco. Se fecharem a Maternidade porque têm poucos partos, sobram camas para Medicina,até se pode ter 2 camas por enfermaria e aí então sim, Caldas terá instalações seguras e poderá servir para rectaguarda de Santarém
gostava de saber quanto custou o novo site, quanto custou a festa. se andam a apertar o cinto, andam a fazer festas destas para quê? e agora que tudo vai ser mudado, o site, vai para o lixo e mais uma vez ninguém vai ser responsabilizado. sinceramente, mais um sr administrador que passa pelo hospital das caldas e só sabe gastar e não é responsabilizado. um dia será convidado para dizer o que fez e mais uma vez dirá como os outros, que só fez bem…. não admira, nunca são responsabilizados. este é o grande problema deste país e da imprensa que se quer credível!
Acho cómico terem a lata de fazer festas, quando despedem pessoas porque estão em contenção de despesas e têm que reorganizar os serviços.
Eles deviam despedir, mas a começar de cima e não de baixo.
Ninguém melhor do que os trabalhadores sabe o que é melhor para a instituição.É pena que a esses nunca se pergunta nada nem se dão explicações.
A solução deste hospital é mesmo fechar.
Não há volta a dar.