Colóquio deu a conhecer projetos inovadores na área da saúde

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Parceria da ULS Oeste e da Gazeta mostrou hospitalização domiciliária e telereabilitação

A Unidade Local de Saúde do Oeste (ULSO) e a Gazeta das Caldas realizaram no passado dia 29 de fevereiro um colóquio para a apresentação de dois projetos de inovação em cuidados de saúde, a hospitalização domiciliária e a telereabilitação.
Elsa Baião, diretora da ULSO, salientou que ambos os projetos estão vocacionados para tirar doentes do hospital. “São dois projetos muito importantes, que dão conforto ao doente e evitam deslocações ao hospital não necessárias”, sublinhou, agradecendo às equipas que os levaram colocaram em prática “sem criar entraves, porque tiveram as condições possíveis, mas não as ideais”. Elsa Baião manifestou que o objetivo é que estes dois projetos “cresçam e evoluam”.
A unidade de hospitalização domiciliária “O nosso hospital em sua casa” começou a ser desenvolvido em 2019 e pretende substituir o internamento hospitalar pelo domiciliário nos casos em que tal é possível. Além de otimizar as camas hospitalares e diminuir o tempo médio de internamento no hospital, visa aumentar o conforto dos doentes e reduzir as complicações associadas aos seus cuidados de saúde.
Para aceder ao internamento domiciliário, os utentes têm que ser doentes estáveis, com plano de cuidados definido para um período inferior a três dias. Atualmente as patologias admitidas são infeções urinárias, respiratórias ou da pele e tecidos moles, além de miocardites. São ainda admitidos doentes com patologias crónicas agudizadas, como insuficiências cardíacas. Os doentes não podem estar a mais de 30 minutos ou 30 quilómetros do hospital, têm que aceitar de forma consciente o serviço e ser autónomos, ou ter cuidador, e domicílio com condições de habitabilidade.
A equipa é multidisciplinar e inclui médicos, enfermeiros, assistentes sociais, técnicos de farmácia e nutricionista, que garantem o funcionamento do serviço 24 horas por dia, com uma capacidade para cinco utentes em simultâneo.
Nos primeiros quatro anos de serviço, foram referenciados 1283 utentes e tratados 735, dos quais 15% não chegaram a entrar no circuito hospitalar, 62% foram provenientes da urgência e 23% do internamento hospitalar. Apenas 8% dos pacientes tiveram necessidade de voltar ao hospital e ocorreram 10 óbitos, dos quais um foi falecimento não esperado.
Ao fim destes quatro anos de funcionamento, o objetivo é chegar a mais doentes, encontrar solução para quem não tem cuidadores, nomeadamente através dos municípios, e avançar para uma unidade de gestão do doente crónico, realçou Rosa Amorim, diretora do serviço.
Também em 2019 começou a nascer no âmbito do Centro Hospitalar do Oeste, e agora integrado na ULSO o programa de telereabilitação, que permite aos utentes realizar fisioterapia sem se deslocarem ao Hospital Termal.
Este projeto nasceu em parceria com a start-up nacional Clynx. A empresa desenvolveu uma tecnologia que permite, através de um ambiente de jogo, realizar e avaliar a correta realização dos exercícios. A pandemia acabou por potenciar o programa.
Os objetivos do programa são prestar cuidados de saúde personalizados com recurso a meios seguros e confiáveis em ambiente extra-hospitalar, aumentando a capacidade de resposta terapêutica na área da fisioterapia ao mesmo tempo que se diminui o absentismo laboral. A telereabilitação visa ainda reduzir as deslocações dos utentes às instalações hospitalares, contribuindo para a sustentabilidade.
O programa começou associado a patologia crónica do ombro, com tratamentos de quatro a seis semanas e sessões de 30 a 40 minutos realizadas diariamente, ou pelo menos três vezes por semana.
Há uma primeira consulta em que o paciente recebe os aparelhos necessários, nomeadamente uma câmara que deteta apenas movimentos e que permite avaliar que o paciente está a realizar corretamente o que lhe é pedido. Durante as sessões, o utente apenas avança para o próximo exercício depois de completar corretamente o que lhe é pedido e, no final, o fisioterapeuta recebe um relatório para análise.
Até finais de fevereiro, 189 doentes, com idade média de 51 anos, já tinham beneficiado deste sistema, tendo recebido alta em mais de 90% dos casos. Foram evitados cerca de 60 mil quilómetros de deslocações. Este é um dos benefícios mais valorizados pelos utilizadores, assim como a flexibilidade de horário.
Atualmente, o programa já foi alargado a membro superior, inferior e mobilidade geral. Também já foi expandido para o hospital de Peniche.
O diretor da Gazeta das Caldas, José Luiz Almeida e Silva, deu as felicitações à ULSO pelos programas, destacou a importância da comunicação social dar visibilidade a estas iniciativas e apelou a que os serviços não saiam das Caldas. ■