
A Comissão Especial do Hospital de Agudos e do Centro Hospitalar do Oeste (CHO) elaborou um relatório sobre a situação do hospital e está a dar a conhecê-lo a todos os grupos parlamentares da Assembleia da República. A falta de profissionais e a degradação dos equipamentos são alguns dos problemas levantados e que esperam ver consignados, com a ajuda dos partidos, no próximo Orçamento de Estado.
Depois, a comissão, que junta elementos de todos os partidos com assento na Assembleia Municipal caldense, quer ser recebida pelo ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes.
Reunir com o ministro da Saúde para dar a conhecer as preocupações sentidas pelas populações servidas pelo hospital caldense e impedir a continuada degradação dos serviços hospitalares é o objectivo da comissão da Assembleia Municipal caldense.
Num relatório que está a apresentar aos grupos parlamentares, a comissão propõe a ampliação do hospital caldense, de modo a garantir mais camas de internamento e a criação do serviço de Ortopedia com internamento. Defende também a re-implementação de valências médicas anteriormente atribuídas a este hospital, como é o caso da Pneumologia, Urologia, Reumatologia e Ortopedia, assim como a ambulatorização dos serviços clínicos.
O relatório, elaborado por elementos de todos os partidos com assento na Assembleia Municipal (PSD, PS, CDU, BE e CDS) aponta situações que se agravaram ao longo dos últimos anos, com a redução do número médicos e enfermeiros, que podem inviabilizar o funcionamento de serviços. À Gazeta das Caldas, o presidente da Assembleia Municipal, Lalanda Ribeiro, explicou que a idade avançada de alguns médicos e a falta de novos profissionais pode pôr em risco serviços como Ginecologia/Obstetrícia, Urgência Pediátrica, Pediatria e Neonatologia.
“O serviço de Ortopedia por vezes não tem médico nas Caldas e os doentes têm que ir para Torres Vedras, com todas as implicações de incómodo, aumento de tempo e custos que acarreta”, exemplificou o responsável.
A existência de doentes internados em macas quando existem camas livres noutras unidades do CHO, internamentos “inapropriados” no Serviço de Urgência e médicos que ultrapassam facilmente o número de horas extraordinárias previstas para o ano, são outros dos problemas denunciados pela comissão.
O documento mostra que em 2017 foram seguidas 605 grávidas, mas que apenas 50% das crianças nasceram no CHO, levando os deputados a deduzir que “as utentes demonstram confiança no profissionalismo dos médicos que fazem o acompanhamento, mas não confiam nas instalações e equipamentos”. Acrescenta que os medicamentos e tratamentos de Oncologia continuam a ser preparados em Lisboa e que a insuficiência de recursos médicos faz-se sentir na diminuição do número de cirurgias, assim como na resposta a consultas e cumprimento do tempo médio de resposta garantido.
Relativamente ao documento anterior, aprovado pela Assembleia em 2015, apenas se concretizou o Serviço de Pediatria e Saúde Mental e o alargamento e requalificação do Serviço de Urgência. Ainda assim, no que respeita à ampliação das Urgências, Lalanda Ribeiro diz que está a ser feita a obra, mas que ainda não há concurso para equipamento.
Incluir verba no Orçamento de Estado
A comissão começou a reunir com os grupos parlamentares na semana passada e estava previsto para ontem, 27 de Setembro, terminar a ronda. O BE, CDS e PCP foram os primeiros a receber os representantes caldenses e agradeceram os dados novos que lhes fizeram chegar e que os “pode ajudar a questionar o governo e a defender algumas acções para o hospital das Caldas quando se debate o Orçamento de Estado”, explicou Lalanda Ribeiro. O objectivo é que possa ser incluída verba no Orçamento de Estado cuja proposta vai ser debatida na Assembleia da República no final de Outubro.
O presidente da Assembleia Municipal diz ainda que grande parte dos problemas já eram conhecidos pelos vários partidos, que têm feito visitas ao hospital.
Para ontem estava prevista a reunião com deputados do PSD, PS e Os Verdes. Depois, a comissão quer encontrar-se com o ministro da Saúde e, possivelmente, também com os responsáveis da ARS LVT, numa tentativa de resolução destes problemas.
A Comissão Especial do Hospital de Agudos e do Centro Hospitalar do Oeste (CHO) é constituída pelo presidente da Assembleia, dois deputados do PSD, dois deputados do PS e um deputado do CDS, do BE e PCP, os presidentes das duas juntas de freguesia urbanas e um elemento da Câmara.