A primeira reunião do Conselho Consultivo do Centro Hospitalar do Oeste teve lugar a 3 de Julho, no salão nobre do Museu do Hospital e das Caldas, altura em que foram apresentados os números relativos ao trabalho realizado naquela instituição de saúde desde a sua criação, em 2012, até ao ano passado.
Tal como a Gazeta das Caldas noticiou em primeira mão, o CC do CHO é presidido pelo banqueiro Nuno Amado, co-adjuvado pelos empresários António Júlio Guedes de Sousa, da empresa Auto Júlio, e José António dos Santos, presidente da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Torres Vedras (ambos vogais).
Nesta reunião, o presidente do CHO, Carlos Sá, apresentou o plano estratégico para o triénio 2013/15 e um relatório analítico da actividade assistencial e desempenho económico-financeiro desta instituição.
De acordo com este relatório, entre 2012 e 2014 houve uma redução de cerca de 6,7% no número de doentes saídos, ou seja, menos 1.010 doentes saídos. Para a administração do CHO, isso resulta “da aposta no aumento da actividade cirúrgica de ambulatório nos anos de 2013 e 2014”.
Quanto à demora média no internamento, registou um aumento de 0,15 dias (em linha com o indicador nacional, que sobe de 7,8 para 7,9 dias).
Relativamente à lotação, entre 2012 e 2014, a variação percentual foi de menos 11%, uma redução justificada maioritariamente pela desactivação da unidade de internamento de doentes multirresistentes do Serviço de Pneumologia do Hospital do Barro e da redução do número de camas de internamento no Serviço de Pediatria da Unidade de Torres Vedras e Berçário, com a concentração no serviço de Neonatologia, nas Caldas da Rainha.
Nas consultas médicas realizadas houve um aumento de 4,2% (mais 5.559 consultas médicas), entre 2012 e 2014, destacando-se o aumento percentual de 9,5% no número de primeiras consultas médicas
O relatório salienta a redução do tempo médio de espera para consulta, mas também a redução do número de doentes em lista de espera, embora este último tenha aumentado em 2014 (para 12.180) devido à reabertura do serviço de Oftalmalgia (que tinha sido encerrado em 2011).
Houve também um aumento de 3,3% (mais 256 cirurgias) no número de cirurgias realizadas. No entanto, no que respeita à cirurgia convencional houve um decréscimo (menos 22,6%). “Este aumento é alcançado através do significativo crescimento do número de cirurgias em ambulatório mais 71,7%, que permitiu que no global fossem operados mais 1.373 doentes”, refere o relatório. A administração pretende que, até ao final de 2015, 60% das cirurgias sejam realizadas em regime de ambulatório.
Menos atendimentos nas urgências
Em relação às urgências, entre 2012 e 2014 o número de atendimentos decresceu 5,9%, ou seja, menos 11.172 atendimentos em 2014, do que em 2012.
No entanto, o internamento, como destino após alta da urgência, quase duplicou, tendo representado 3,97% e 6,40%, respectivamente, em 2012 e 2014. “Este aumento resulta essencialmente do facto do doente que recorre à urgência, ser um doente mais idoso, com maior grau de complexidade e severidade e co-morbilidades associadas”, adianta o documento.
A urgência geral representou 51% do total de atendimentos em 2014 (menos 1,1% do número de atendimentos em relação a 2012), a urgência obstétrica representou 5,6% (menos 28,9% do número de atendimentos registados em 2012) e a urgência pediátrica representou 28,7% do total de atendimentos em 2014 (menos 8% face ao número de atendimentos em 2012).
A urgência básica de Peniche representou em 2014, 14,8% do total de episódios, tendo-se observado uma redução de 6% no número de atendimentos (menos 1.679 atendimentos).
Nas sessões de hospital de dia, também entre 2012 e 2014, houve redução de 11,7% (menos 1.675 sessões) reflectindo-se, assim, no decréscimo do número de doentes tratados em 7% (menos 177 doentes tratados).
As sessões de quimioterapia registaram uma quebra de 24,1% em 2014, face ao ano de 2012, “resultante essencialmente de uma diferente forma de registo”. No último trimestre de 2014, assistiu-se também a uma redução das consultas de psiquiatria, consequência da saída da única médica psiquiatra.
Também no número de partos houve uma redução, entre 2012 e 2014, de 27,5% (menos 607 partos), “resultante da quebra da taxa de natalidade (- 9,4% a nível nacional) e da concentração realizada”.
Redução de 12,8% nas despesas entre 2012 e 2014
Sobre a situação financeira, o relatório indica que os custos totais apresentaram uma redução de cerca de 12,8% no ano de 2014 comparativamente com o ano de 2012.
Segundo a administração do CHO, “a redução de custos verificada assenta em factores de diversa ordem”, desde a medidas decorrentes “da acção governativa com cariz transversal à administração pública em geral e às instituições de saúde em particular”, às medidas internas de controlo de gestão “das quais destacamos a racionalização ao nível dos recursos humanos, a melhoria operada ao nível dos processos e procedimentos de aquisição e a redução do recurso ao exterior para exames”. Durante este período houve ainda a desafectação do Hospital de Alcobaça do CHO.
Relativamente ao ano de 2014, as rubricas com maior peso no total dos custos foram os com o Pessoal (53,48%), Materiais de Consumo Clínico (16,02%) e Fornecimentos e Serviços Externos (26,91%). Estas rubricas representaram cerca de 96,4% da totalidade dos custos.
Da ordem de trabalho consistiu ainda a apresentação dos membros (onde se inclui o presidente da Assembleia Municipal das Caldas, Luís Ribeiro, para além dos representantes das Assembleias de Torres Vedras e Peniche e dos vários grupos profissionais), a aprovação do regulamento do CC e o seu orçamento para 2015.
O CC, criado em Junho, é um órgão de consulta, apoio e participação na definição das linhas gerais de actuação do CHO e das decisões do respectivo conselho de administração.
Cabe a este órgão acompanhar a actividade do CHO, avaliando-a e formulando as recomendações necessárias para a sua melhoria.
O Conselho deve apreciar os planos de actividade e financeiros de natureza anual e plurianual e as respectivas alterações, bem como os relatórios e as contas. Por outro lado, tem ainda a responsabilidade de emitir recomendações visando o melhor funcionamento dos serviços a prestar às populações, tendo em conta os recursos disponíveis.
Para tal, o CC deverá manter contactos com o conselho de administração do CHO e, no final de cada ano civil, deverá elaborar um relatório de actividades que enviará ao centro hospitalar. O CC reúne-se duas vezes por ano.
Pedro Antunes
pantunes@gazetadascaldas.pt