Câmara pondera passar Praça da Fruta para a Expoeste

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Os trabalhos no campo não páram, mas os vendedores queixam-se das quebras nas vendas
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“Estamos a indagar para avaliar se há condições para reabrir a Praça da Fruta na Expoeste”, revelou à Gazeta das Caldas o presidente da Câmara das Caldas, Tinta Ferreira. O autarca explicou ainda que nos planos está também “avançar com a praça da fruta online”.
Estas são duas soluções para que os vendedores do mercado diário, que encerrou a 16 de Março devido à pandemia de Covid-19, possam manter a sua actividade e, consequentemente, a sua fonte de rendimentos.
A autarquia tem contactado quem vende na Praça para saber se estes estarão interessados nesta solução. Actualmente, “estão a ultimar-se as normas que regularão o acesso a este mercado e a procurar obter a autorização respectiva de reabertura na Expoeste por parte da Autoridade de Saúde”.

VENDEDORES ADAPTAM-SE

Para quem vende na Praça o encerramento do mercado é um duro golpe. Alguns tentaram adaptar-se e criar formas para escoar os produtos. Além disso, os próprios vendedores querem que os clientes tenham o acesso aos produtos a que se habituaram e que não tenham que esperar em filas de supermercado.
Sandra Loirinha está a vender a partir de casa. Publica no Facebook uma lista de produtos e as pessoas depois entram em contacto por telefone (917376105) para encomendar o que querem. Depois passam de carro pela sua casa, em Tornada, e levam os produtos. “Não está a ser fácil e o volume de negócios não tem comparação com o da Praça, caiu para menos de metade. É impossível escoar a produção que tenho desta forma”, afirmou a comerciante, acrescentando que um campo de cebolas e dois de cenouras estão em risco. “É um prejuízo de cinco mil euros”, alertou.
Quanto à solução da Expoeste, Sandra Loirinha considera que seria melhor reabrir a Praça, mas selada com apenas uma entrada e uma saída. “As bancas já afastam os vendedores, é a céu aberto e só entravam X pessoas de cada vez”, defendeu, acrescentando que poderia não ser diário. “Podia ser três vezes por semana ou todos os dias menos um, para desinfecção”, sugeriu.
A vender através de um sistema semelhante, em que publica uma lista de produtos na página de Facebook e encomendas por telefone está Cristina Henriques, da Banca da Cristina (916934571). A diferença é que faz entregas desde o Guisado (Salir de Matos) para todo o concelho das Caldas.
“Não tem comparação com a Praça da Fruta, não se vende tanto e é diferente de ver o produto, que geralmente as pessoas levam sempre mais coisas do que a lista que trazem”, faz notar. Por outro lado, algumas pessoas, especialmente mais idosas, “não sabem que existe esta solução”.
Cristina diz-se a favor da ideia da Expoeste, consoante as condições criadas. “Há pessoas que não podem parar e acho que cada um deve fazer o que achar melhor”, explicou.
Gilma Trancoso também vende na Praça, mas apenas ao sábado, deixando o resto da semana para abastecer a restauração e o mercado grossista. “No último sábado antes do encerramento avisei os clientes que já não ia mais e que ia passar a entregar em casa, até porque 70% deles são pessoas idosas, com doenças crónicas ou que atravessaram problemas oncológicos”, contou.
No seu caso, prepara cabazes fixos que podem ter extras e publica no Facebook a lista de produtos e preços. Depois, por essa via ou por telefone (926075187) os clientes escolhem o que querem que lhes seja entregue. “Não tenho contacto com as pessoas. Chego à porta e não toco à campainha, ligo a avisar que cheguei. Os clientes vêm e, ou pagam por MbWay, ou trazem o dinheiro já contado e fechado num saco de plástico”, revela.
As entregas abrangem, além das Caldas, os concelhos de Óbidos e Peniche, além de algumas aldeias do Bombarral, às terças e sextas-feiras, mas também ao sábado. “Se tiver sobrelotação guardo o domingo apenas para pessoas com mais de 65 anos e para os trabalhadores dos serviços essenciais”, acrescentou.
“Quando não tenho capacidade para entregar mais, dou o contacto dos meus colegas vendedores da Praça da Fruta que estão a fazer entregas”, contou.
Com a pandemia de Covid-19 deixou de abastecer a restauração, mas continua a abastecer o mercado grossista. Em relação à Expoeste, diz-se contra e considera que é um risco. E frisa que os clientes que pretendam doar comida para o projecto de Joaquim Sá, que alimenta os sem-abrigos da cidade, podem deixar com ela quando faz as entregas.
Quem também está a fazer cabazes é Hugo Vina, da Horta do Pé Descalço. Ele também só vendia aos sábados na Praça e considera que nesta mudança “a comunicação é muito mais importante”.
“Existe uma diferença entre os vendedores”, faz notar. É que, se alguns até têm facilidade em encontrar soluções no online, para os mais idosos as coisas não tão simples. Acresce que esses são simultaneamente a população que corre maiores riscos nesta fase de pandemia.
“Disse que iria à Expoeste pelo menos um dia, mas perguntei aos meus clientes se lá iriam e a maioria disse que se sentia mais segura com o sistema actual”, explicou.
“Podia haver uma bolsa de produtos e de vendedores e os supermercados podiam ter uma área alocada exclusivamente a produtos locais”, sugeriu o comerciante, que também sente quebras nas vendas.
“As encomendas são mais específicas”, esclarece, acrescentando que na Praça juntam-se aos clientes fixos, os clientes pontuais, o que desta forma não acontece. No seu caso, os restaurantes representavam 20% da facturação no último ano (o restante é proveniente da venda directa). “Estamos a tentar vender para lojas biológicas, mas o preço é diferente”, salientou. Os cabazes são encomendados nas redes sociais ou pelo telefone (912944961) e as entregas são feitas à sexta-feira nas Caldas e arredores.

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