
Nas Caldas existem duas pequenas empresas que, com a ajuda dos seus clientes, criaram soluções para ajudar quem mais necessita, com respostas solidárias em tempos de pandemia.
Vive-se, a nível global, um tempo de medo e de incerteza, mas nestes períodos o ser humano tem a capacidade de mostrar o melhor de si.
É o caso de dois pequenos negócios nas Caldas da Rainha, uma frutaria e uma pastelaria, que, nestes tempos de pandemia e de maiores dificuldades, se propuseram a ajudar quem mais necessita através da doação de bens alimentares.
Na Mercearia Os Manos, na Rua do Jardim, a iniciativa surgiu há três semanas. Inicialmente foi apenas uma caixa de fruta em frente à vitrine e um cartaz afixado onde se lia: “não tem dinheiro para fruta hoje? Pode levar. Não cobramos nada, nem perguntamos”.
Mas actualmente, e com a ajuda de alguns clientes, a iniciativa já apoia com regularidade três famílias que se viram totalmente privadas de rendimentos devido à situação de pandemia. “Começámos a aperceber-nos de que havia pessoas que, apesar de terem vontade de comprar a fruta, não tinham capacidade para tal e então decidimos colocar uns sacos à porta com um cartaz”, contou à Gazeta Vera Carreira.
A maioria da fruta que oferecem é produzida pelos próprios. “Mas também já temos comprado”, revelou. Enquanto produtores e vendedores de fruta existem sempre os chamados frutos feios, que são bons para comer, apesar de apresentarem algum defeito estético. Essa fruta era consumida pelos próprios e também dada aos animais. “Pensei: porque não dar a quem mais precisa?”. E assim fez.
Depois disso, já houve clientes que, ao verem publicações no Facebook, se quiseram associar à iniciativa, comprando ou pagando fruta para ser distribuída na mercearia. Hoje a ajuda já chega às três caixas de fruta por dia e também algumas hortaliças de produção própria.
INICIATIVA DE UMA CLIENTE E DIVULGAÇÃO DE OUTRO
Na pastelaria e padaria Saveur de la Ville, na zona da cidade nova, existe um projecto semelhante há cerca de duas semanas. Surgiu da iniciativa de uma cliente que abordou o proprietário Nuno Ferreira para deixar um valor pago em pão para alguém que precisasse. Como a pastelaria e padaria tem fabrico próprio, o empresário, que até já tinha pensado oferecer as sobras do dia anterior, decidiu juntar-se à iniciativa e criaram um fundo de maneio. “Ninguém consegue passar ao lado destas causas e quis dar o meu contributo”, contou.
No dia a seguir um papel estava colocado na porta com a informação. Mas essa folha A4 esteve exposta quase uma semana sem grande impacto, até ser publicado por um outro cliente nas redes sociais. Actualmente a iniciativa conta já com vários colaboradores e o valor que cada um deixa é registado. “Por enquanto ainda não apareceu ninguém, mas não esperava outra coisa”, diz o empresário. Ainda assim, pensa que a curto prazo isso vai, infelizmente, acabar por acontecer, até porque a situação difícil não se resolverá tão cedo.