Daniel Eime pintou o mural dos afetos

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Artista esteve a terminar a sua obra de arte na entrada da cidade na última semana

Nova obra do artista caldense já está concluída, na entrada Sul da cidade das Caldas da Rainha

Uma mãe e uma filha abraçam-se, num gesto ternurento de afeto e carinho. Esta a imagem que o artista caldense Daniel Eime decidiu transmitir para ilustrar o mural dos afetos nas Caldas, que assinala os dez anos deste movimento, que nasceu do trabalho conjunto dos coordenadores das Unidades de Saúde Pública Zé Povinho e Arnaldo Sampaio, Jorge Nunes e Mário Durval, com os municípios das Caldas e do Barreiro, e que atualmente conta com 20 cidades.
Ao artista pediram para representar o tema afetos. “Para mim foi um grande desafio, porque não estou a trabalhar uma pessoa em específico, é um tema muito abrangente”, refere. Mas, como os vários trabalhos de Eime nas Caldas têm todos um lado muito pessoal, decidiu dar continuidade a essa lógica. “Nunca pintei as pessoas concretas, mas há sempre um lado familiar em todas as pinturas que fiz nas Caldas. Nos Silos associo a uma das minhas avós, no Centro da Juventude tem um rapaz que associo a mim com aquela idade, com um ar reguila, e a cara do senhor junto à rodoviária associo ao meu avô. Achei que este convite devia continuar no lado familiar, entrando nos meus descendentes”, conta. Sendo pai há sete anos, diz que nunca sentiu tal afeto, pelo que considerou que a forma indicada de ilustrar este tema seria através do amor entre pais e filhos.
O caldense que reside há quase 20 anos no Porto, pretende que obra seja também reflexo de “uma cidade que acolhe, afectuosa”.
A preparação desta pintura levou quatro meses, porque além de conceber a obra de arte, há que garantir a logística para a realização da mesma. A parte digital de conceção resolve-a numa questão de dias. Mas como a sua técnica é o stencil e corta tudo à mão, essa fase leva cerca de 15 dias a cortar o papel que vai desaparecer, fazendo aparecer nas paredes o desenho pretendido. A pintura propriamente dita, tem sempre uma duração variável. Neste caso, com chuva, uma pintura que poderia demorar sete a dez dias, levou mais de duas semanas.
No último ano, Daniel Eime realizou uma obra marcante: pintar o fundador do Sporting C.P. no Estádio José de Alvalade, em Lisboa. “Sabia que seria um trabalho impactante pela localização, por ser de um clube de futebol dos três grandes e por representar o fundador”, referiu, admitindo que “até agora tem sido o que tem tido mais impacto”, pela escala, pela localização e pela divulgação. É que de duas em duas semanas a obra é vista por milhares de pessoas.
Quando questionado, Daniel Eime diz que é “sempre a favor de mais arte, se é urbana ou em galeria, o que eu acho é que a arte deveria estar mais presente na vida das pessoas. A vantagem da arte nos espaços públicos é que chega às pessoas todas”. O artista fez parte da organização do FALU – Festival de Arte Urbana, que ocorreu uma única vez em 2020 na cidade termal, e considera que “faz falta mais eventos de arte pública, Caldas tem capacidade para receber mais, tem tudo para ter mais, basta a vontade”. ■