Empresa alicia alunos da Escola Bordalo Pinheiro para estudarem em Inglaterra

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O fundador da Ok Estudante garante que estudar lá fora aumenta “drasticamente” as probabilidades de sucesso

Fundada em 2008, a Ok Estudante é uma empresa que trata de todo o processo relacionado com a ida de estudantes para diversas universidades no Reino Unido. No passado dia 2 de Fevereiro, o director e fundador do projecto, André Rosendo, esteve na Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro para dar a conhecer a dezenas de jovens do ensino secundário o seu trabalho e a sua própria experiência enquanto estudante em “terras de Sua Majestade”.
São sobejamente conhecidas as fragilidades do ensino superior português, o elevado número de jovens licenciados sem emprego e a dificuldade que muitos estudantes têm em pagar as propinas dos cursos. A OK Estudante acredita que “o nosso Portugal precisa de mais e de melhor, assim como os jovens portugueses”. E a solução, defende o projecto, “não está na bela terra de Camões, encontramo-la um pouco mais longe”. Onde? No Reino Unido.
De acordo com André Rosendo, são inúmeras as vantagens em estudar nas universidades inglesas: as propinas dos estudantes europeus são 100% subsidiadas pelo estado inglês durante os três anos de licenciatura, a grande flexibilidade do horário das aulas permite que o estudante trabalhe em simultâneo, o que lhe dá grande autonomia e experiência profissional. Além disso, há uma grande variedade de cursos (cerca de 30 mil licenciaturas em mais de 300 universidades) e uma aposta forte no ensino de línguas, sendo que as universidades disponibilizam ainda um grande número de conselheiros capazes de ajudar os estudantes a ultrapassarem problemas com o estudo, as finanças e até psicológicos.

Os alunos que encheram o auditório da escola não se inibiram de questionar um processo que lhes pareceu bom demais para ser verdade

À OK Estudante cabe a facilitação do processo, nomeadamente no que diz respeito às inscrições nas escolas (mediante pagamento de 450 euros nas universidades com parceria directa com o projecto ou 650 euros nas restantes), aos exames de Inglês que é preciso fazer e a outras questões burocráticas. O projecto pode ainda ajudar a encontrar casa e trabalho, mas André Rosendo esclarece que se trata apenas de ajuda e que terá que ser o estudante a desenrascar-se. E essa é, de resto, o que considera ser uma das grandes mais-valias de ir estudar para fora: “que os jovens se tornem mais responsáveis e mais independentes”.
O fundador da OK Estudante, ele próprio um antigo estudante na Anglia Ruskin University (Cambridge), não esconde que a língua, a distância de familiares e amigos, o clima, a integração e a alimentação podem ser difíceis, mas garante que se os estudantes as conseguirem ultrapassar, há um mar de oportunidades à sua espera. “A probabilidade de serem bem sucedidos aumenta drasticamente”, disse André Rosendo aos estudantes.

Professores e alunos questionaram facilidades

Mas se no início da sessão de esclarecimento os alunos pareciam maravilhados com tanta facilidade, o alerta deixado por alguns professores que era bom que os jovens não se esquecessem que estavam perante uma acção de publicidade acordou-os desse “encantamento”. E durante algum tempo o responsável pelo projecto viu-se confrontado com perguntas sobre a legitimidade de tanta ajuda aos estudantes estrangeiros quando o Reino Unido se vê a braços com uma elevada taxa de abandono escolar.
Na resposta, André Rosendo limitou-se a explicar que estava ali “para explicar como são as coisas e não para debater como deveria ser” e acrescentou que “os jovens precisam de um objectivo, precisam de ver a luz ao fundo do túnel, é importante saber a resposta às perguntas ‘porque é que eu vou estudar?’ ou ‘porque é que eu estou a tirar uma licenciatura?’”.
Já no final da conferência, André Rosendo reconheceu que a crise está a levar muita gente para fora do país e que isso se vê também na população estudantil. “Nos primeiros anos os alunos ligavam-nos e diziam: ‘têm que falar com os meus pais, têm que os convencer, eu quero mesmo ir, por favor ajudem-me’. Hoje em dia recebemos telefonemas de pais a dizerem: tem que dizer ao meu filho que ele tem que ir, ele não pode ficar aqui, não há aqui nada para ele’, e isso deve-se à crise”, afiança.
A OK Estudante apoia anualmente cerca de 100 jovens a irem para o Reino Unido. E o fundador acredita que este número vai aumentar.

Joana Fialho
jfialho@gazetadascaldas.pt