Escolas Raul Proença celebraram Abril com teatro comunitário

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Um dos momentos da peça, composta por vários quadros

Largo do Termal esteve completamente cheio para assistir à peça que evocou a Revolução

 

No serão de 28 de abril, o Largo do Termal serviu de palco para a a peça de teatro comunitário “O negro, o branco e o vermelho de Abril”. O espaço encheu-se de gente que não quis perder esta dramatização, encenada por Aníbal Rocha, numa iniciativa do Agrupamento de Escolas Raul Proença.
Tratou-se de um projeto do programa “Tecer Abril” onde participam “alunos, professores, funcionários e encarregados de educação”, contou o encenador, também docente da escola.
A peça, de uma hora e 20 minutos, desenvolve-se em diferentes quadros coletivos onde se aposta sobretudo na expressão dramática das personagens.
A primeira parte tem uma marca mais feminina e culmina na figura de Catarina Eufémia. A segunda, mais masculina, aborda temas relacionados com a Guerra Colonial, as mortes de soldados, a presença das noivas-viúvas sob banda sonora típica de Abril e do repertório de intervenção como por exemplo “Menina dos Olhos Tristes”. O espetáculo contou com a colaboração de dezenas de crianças da Infancoop. Só o coro somava 60 elementos.
“Cada uma das canções de Abril tem uma história que é dramatizada pelos participantes”, especificou Aníbal Rocha, encenador experiente que pela segunda vez dirigiu um espetáculo com uma centena de pessoas. “Foi na verdade um desafio vencido”, disse o responsável, recordando que os ensaios para “O negro, o branco e o vermelho de Abril” decorreram desde janeiro no polivalente da escola.
Célia Figueiredo é uma encarregada de educação que integra a peça. “Estou a gostar da experiência que é a minha estreia em teatro”, disse a participante que envergava roupa de camponesa. Contou ainda que aceitou integrar o elenco da peça pois faz 50 anos este ano, como a Revolução e porque quis sair da sua zona de conforto. “Deu para conhecer muita gente, fazer coisas divertidas e quebrar os nossos receios”, rematou a encarregada de educação que tem dois filhos a estudar no agrupamento. A docente de Matemática Graça Lucena foi com algum receio que veio aos primeiros ensaios. O mais difícil, referiu, foi decorar alguns dos poemas que era necessário entoar. Contou que os ensaios começaram por ser às quartas-feiras, entre as 19h00 e as 21h00. Com o aproximar da data da apresentação à cidade, os ensaios chegaram aos três por semana.
Também João Silva, o diretor do Agrupamento, faz parte do elenco. Não foi uma estreia mas foi de facto a primeira vez que participou numa peça com esta grande dimensão. “Aqui não há cargos nem funções. Há um grupo de pessoas, bem dispostas que quer dar o seu contributo ao agrupamento e à cidade”, disse o responsável. Por seu lado, a aluna Joana Castanheira, de 17 anos, que já tinha trabalhado antes com o docente Aníbal Rocha, partilhou que gostou de trabalhar com pessoas da escola. O facto de ter gente com diferentes faixas etárias “foi interessante pois permitiu relacionarmo-nos de uma forma diferente”, disse a estudante do 12º ano. Também António Muchagato gostou da experiência pois “há uma dinâmica entre todos, apesar de termos idades diferenciadas”. O estudante que pertence ao núcleo de cinema salientou o facto do protagonismo da peça ser partilhado por todos os participantes. Susana Martinho é funcionária da secretaria da Raul Proença e foi desafiada a participar nesta experiência. Foi a oportunidade de regressar aos palcos, após uma experiência inicial, ainda na escola. A peça voltará a ser representada, na Raul Proença. ■