Escrito a Chumbo 6

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6 e 9 de fevereiro

Na edição de 6 de fevereiro de 1974 uma das notícias que nos salta à vista, até pela atualidade, é titulada da seguinte forma: “Na Foz prossegue o desassoreamento da Lagoa e o Cais está concluído”.
O artigo refere que “continua na principal praia do Concelho a pequena draga ali instalada há um ano e meio pela Direcção Geral dos Portos”.

Na Gazeta lê-se ainda que “embora decorram com lentidão apreciável, os trabalhos em curso têm já resultados palpáveis na regularização da lagoa, agora muito menos assoreada” e “entretanto, ao cais acostável faltam apenas os acabamentos que lhe dêem feição adequada que se pretende venham a atingir as praias da Foz”.
Nas “Invulgaridades” desta semana ficamos a saber que, “como se esperava aumentou, e substancialmente, o preço de quase todos os derivados do petróleo. Como não se esperava, aumentaram quase todos os preços. Como se deseja e é preciso vão aumentar os ordenados e salários. Por fim tudo ficará na mesma. O pior é o desfasamento”.
O artigo notava que “enquanto os preços sobem indisciplinadamente e sem haver força que regule os aumentos, a elevação de remunerações depende de leis, decretos, portarias, convenções de trabalho, etc., que demoram meses e meses” e realçava que “é durante estes meses e meses que a vida de cada um se torna muito difícil e às vezes faz perder a paciência a muitos e muitos”.
O jornal faz a defesa do poder vigente, dizendo que “é por pura má fé, porem, e com intuitos de subversão que se passa da economia para a política. No âmbito desta procede-se querendo iludir o semelhante” e “finge-se que os males a afligir os orçamentos domésticos são directamente provenientes de actos do governo quando se sabe que as alterações resultam dos desentendimentos internacionais cujas consequências todos os países suportam e alguns em medida muito mais perniciosa”.
O artigo termina referindo: “curioso é que na pendencia destas crises ninguém. nem governantes nem governados, se lembra agora (em tempos áureos sim) de que há um remédio. Que é trabalhar produzindo mais e melhor. Acrescentar ao horário diário mais uma hora de trabalho”. E conclui: “perdõe-se a invulgaridade da lembrança”.
Notícia foi também o gradeamento em torno da igreja de N. Sra. Pópulo, de que tanto se falava e que já estava, esta semana, colocado. “Desta vez é que foi! Ainda bem”, titula o artigo, que nota que “o que era imaginação expressa no desenho passou a ser realidade. Desde sábado lá está o gradeamento. Ainda bem”.

 

Nesta edição trazia-se ainda a história da “explosão que não houve” e a nova carreira que a “concessionária local dos transportes colectivos de passageiros criou” e que se realizava “duas vezes por dia com partida da cidade às 11:40 e às 16:30 e termo também na cidade respectivamente às 12:35 e às 17:25 horas” e com “paragens no Couto, em Salir de Matos, nas Trabalhias, na Cabeça Alta, nas Antas, no Zambujal, na Malasia e no Imaginário”.

O muro da Mata Rainha D. Leonor ruiu nesta semana. “Como prevíamos, em alarme lançado nestas colunas há meses, desmoronou-se uma parte do muro de vedação da Mata”. E, ainda que tenha sido seja “pequeno e sem consequências o desmoronamento”, o jornal lembra “que este pode ser um aviso, a prevenção de que outro se avizinha e com piores efeitos” e deixa “votos que ele desapareça todo e dê lugar a outro capaz e decente”.

E se na edição de 6 de fevereiro o assoreamento da Lagoa estava em destaque, como está nas páginas do jornal de hoje, 50 anos depois, também na edição do dia 9 encontramos um destaque que tem uma relação direta com o destaque desta semana de 2024 da Gazeta: os transportes coletivos na cidade.Hoje em dia debate-se a compra de 51% da Rodoviária do Oeste por parte da Comunidade Intermunicipal do Oeste, mas há 50 anos a notícia era a concessão deste serviço a uma empresa privada.
“A cidade vai dispor, dentro de 3 meses, de transportes colectivos”, lê-se no título. É que “finalmente o secretário de Estado das Comunicações despachou o processo administrativo de concessão do serviço público dos transportes colectivos urbanos de passageiros”.
O despacho “concedeu a exploração do serviço público a uma empresa desta cidade” depois de terem sido apresentadas três propostas no concurso público aberto em fins do ano de 1972.
“Duas, de empresas não fixadas nas Caldas, ofereciam à Câmara 6% da receita bruta da exploração e 16% da receita líquida”, conta. “Esta foi liminarmente rejeitada; pressupunha que a existir prejuízos o concelho não teria vantagem financeira alguma; dado que corpo administrativo concedente não intervinha na administração da concessão tornava-se inaceitável que se lhe associasse participando ou não dos lucros consoante existissem ou não. A outra proposta foi preterida em face da empresa local Auto-Penafiel, Lda. que oferecia 11% da receita total”, informava a Gazeta, esclarecendo que “é portanto de crer que em Maio os caldenses disporão de autocarros para se transportarem”.
“O reforço e remodelação da rede elétrica da Foz do Arelho” é outro dos assuntos interessantes neste jornal, tendo sido “adjudicada a João Alexandre Moreira, por 2.240.675$50”. Na mesma sessão de Câmara, “o presidente informou a Câmara de que, em reunião hoje realizada no Governo Civil de Leiria, o Ministro das Corporações e Previdência Social comunicara que o Município deve abrir imediato concurso público para construção do pavilhão gimno-desportivo de Caldas da Rainha, para o qual concedera um subsídio de 1000 contos. Em face da orientação transmitida e das diligências favoráveis já efectuadas com vista à utilização de terreno no Parque, foi deliberado promover quanto necessário para a abertura urgente do concurso público, para o que o arquitecto Ernesto Camilo Corrodi deverá entregar, sem demora, o processo devidamente organizado para aquele efeito”.

Para a semana trazemos mais artigos escritos a chumbo, até lá!