A construção do quartel dos Bombeiros das Caldas é a grande notícia da edição do dia 20, mas cuja concretização só ocorreria vários anos depois do 25 de Abril. “Pelos bombeiros; O novo quartel (cujo projecto se ultima) ficará instalado na rua 31 de janeiro”. O jornal, “trazendo à presença dos leitores a existência e a utilidade da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários Caldenses reproduz o relatório da gerência finda”, que recorda o entendimento entre direção, comando e corpo ativo para remarem na mesma direção. “Conseguimos com o auxílio da Câmara Municipal arranjar um condutor permanente para o serviço de ambulância, serviço ésse único na altura nas Caldas da Rainha, e cuja importância é desnecessário explicar. Arranjámos serviço de quarteleiro vivendo no Quartel, procurámos melhorar as condições da Associação (dentro das limitações que nos são impostas, pela construção que funciona como Quartel) trabalhando ao mesmo tempo, (autorizando festas e bailes organizados pelos Bombeiros, e com campanhas de aumento de quotas e de sócios) para aumento de receita, pois a que existia era insuficiente para se poder fazer aquilo que tanto era necessário”, lembram. “Hoje vemos quanto isso foi de bom, pois os Bombeiros não só demonstraram ser capazes de merecer a confiança depositada, como fizeram até mais do que esperávamos, arranjando verbas suplementares para a nossa administração e para a sua Caixa Privativa de Previdência. Os bailes começaram a dar muitos lucros, e os próprios peditórios rendiam mais. Quanto à verba de quotização de sócios é hoje duas vezes e meia maior que antes das campanhas”.
Com o parque automóvel modernizado, “agora sim pode-se pensar mais seriamente no grande anseio de todos os sócios, de todos nós. A construção de instalações dignas de nossa Associação. Infelizmente é um problema que depende mais da Câmara Municipal, do que de nós. Nunca 0 descuramos, procurámos há quatro anos consecutivos a cedência do terreno, tivemos sempre o bom acolhimento da Câmara Municipal, mas nunca se conseguiu nada mais que promessas e compreensão. Promessas que foram por mim aqui expostas todos os anos, ano após ano com mais desânimo e menos confiança”.
Mas, “surge agora, no entanto uma nova esperança pela vontade e determinação do actual Presidente da Câmara, Snr. Artur Capristano, com quem temos mantido contactos permanentes, e de quem temos a promessa e a autorização para em seu nome, tornarmos público que a cedência do terreno vai ser um facto muito em breve, dentro de meses. E não só a cedência do terreno, mas a oferta do projecto e da planta para a construção do nosso tão apetecido Quartel. Para o efeito já entregou o encargo do projecto ao Snr. Arquitecto Camarário, Engenheiro Korrodi, estando somente agora dependente do seu parecer a marcação do terreno necessário, que será junto à Cadeia Civil desta Cidade. Terreno portanto, sem restrições, todo o que for necessário a um Quartel desafogado e funcional”, conta.
Já na edição do dia 23 continua em destaque a história da Lagoa de Óbidos. “O nível das águas desceu 3 metros”; “escorada a plataforma da estrada”, lê-se nas “gordas”.
Conta a Gazeta das Caldas que “uma torrente de água, impulsionando uma força susceptivel de produzir imensas unidades de medida de energia, ingressou no oceano e tão velozmente que em poucas horas o nivel da lagoa desceu bem três metros!”. E que “o que as águas deixaram a descoberto foi o resultado da destruição que provocaram”.
O jornal conta que “os nossos serviços de reportagem, ouvindo o cabo de mar, obtiveram a informação de que as águas chegaram a atingir 5,71 metros o que excede a escala máxima de 3.80, a altura do cais (42 cm.) e ainda mais 1,59 metros” e que “a comunicação com o mar, reassegurada, está, porém, na expressão local, «engasgada» pelo que é de crer volte a perder-se em breve”.
Já em relação “à draga, que o temporal afundou, pode considerar-se perdida e, com ela, tanto uma verba superior a mil contos, do seu custo, como a perspectiva do prosseguimento dos trabalhos de desassoreamento, que estavam em curso”.
O Carnaval era outro dos grandes temas por estes dias. “Vai acontecer Carnaval” é um título, na primeira página, de um artigo com um interessante grafismo que frisa que “mercê da boa vontade dum punhado de caldenses aconteceu que em 1973 a cidade viveu por 3 vezes o seu dia maior, ou seja, o seu 15 de Agosto”.
É que, “logo em Fevereiro Caldas viu-se pejada de forasteiros, esgotaram todos os doces regionais, compraram peças de cerâmica encheram pastelarias, restaurantes e cafés, etc.”, recorda, questionando: “será que no sábado, a esperar os «reis», haverá multidão? Será que no domingo e na terça-feira, a gordas, ocorrerá o mesmo que em 1973?”. É que “sentimos que 1974 não virá a ser, neste aspecto, um sucedáneo do ano transacto. Tudo será diferente. Claro que não diminuiu, aumentou, e muito a boa vontade e o esforço do punhado de caldenses que do Entrudo deu nas Caldas nova feição”, mas “simplesmente não há gasolina, a que há está cara, aumentaram os preços dos géneros de primeira necessidade e os proventos não sofreram alterações. Claro que isto não é óbice. Deve até ser estímulo. Pois precisamos todos de aproveilar a quadra para espairecer”, conclui.
A história da emigração também continuava nesta semana, com a conclusão do artigo e uma nota de redação, que contradiz a linha do próprio artigo: “de vez em quando gostamos de patentear, aos leitores que duvidam, a prova de que há neste País tanto quanto isso não afecte o bem da Nação, liberdade de Imprensa. Fazê-lo com esse objectivo e tambem com o de demonstrar o uso que dessa liberdade se faz. Toma-se uma questão; escalpeliza-se e alinham-se os factores que a constituem; salientam-se aqueles que importa pôr em relevo e esquecem-se os outros. Distorcem-se os factos e abusa-se das omissões, consoante isso serve ou não o desígnio de denegrir uma obra política, de vilependiar, de acusar, de caluniar, mesmo. Em todos os tempos se emigrou; muitos dos excelentes livros de Eça de
Queiroz foram escritos em Paris, onde viveu o escritor; se «Melos» e «Espírito Santos» emigrassem de certo levariam consigo as grandes empresas que em Portugal criaram e que são fonte de expansão e crescimento económico do País; os homens e as mulheres que emigram, regressam sempre que podem e trazem consigo cabedal de conhecimentos, experiências e dinheiros que valorizam a Pátria; esta beneficia ritmicamente da entrada de divisas que muito influem na balança de pagamentos e na economia nacional; a falta de mão de obra estimula a aplicação de máquinas, com todas as inerentes vantagens; e se os que estão lá fora não portugalizam, por enquanto, o estrangeiro, conservam-se no entanto fieis às ancestrais origens. Tudo isto foi esquecido pelo articulista do jornal do norte. Têm-no bem presente, contudo, os emigrantes que, ao partir não cometem acto de traição à Pátria mas sim a escolha duma forma de melhor servir os próprios interesses sem deixar de contribuir em favor dos do torrão natal. A par da emigração coloca-se a guerra que, insidiosamente, se apresenta como causa das carencias económicas. Desde quando cada um pensa comer ao ver invadido o próprio lar?”, conclui.
A indefinição relativamente à cantina escolar se mantinha na ordem do dia e temos um interessante anúncio,
de uma conhecida agência de viagens caldense: uma ida à Feira de Sevilha, entre 23 e 26 ou 26 e 29 de abril de 1974, com paragem nas grutas de Aracena, Sevilha, Córdoba e Badajoz.
Para a semana trazemos mais artigos escritos a chumbo. Até lá.