Fátima Ferreira
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Resolver problemas matemáticos e exercícios de lógica é naturalmente fácil para Vladimir Gryaznov. Prova disso mesmo foram os Desafios da Matemática, que venceu este ano entre quase um milhar de alunos participantes.
Os desafios começaram na escola com os alunos a resolver os problemas, que foram enviados para Leiria. Passado algum tempo chegaram os resultados com os seleccionados para a fase seguinte, que se realizou a 15 de Maio, já na capital de distrito, cujo resultado foi conhecido em Julho e o prémio atribuído no início deste mês. Entre as prendas recebidas estão uma calculadora científica (que Vladimir já quer aprender como se usa), um relógio que para se saber as horas tem que se fazer contas, um jogo de cartas e um livro.
No palmarés do pequeno Vladimir está também a participação, o ano passado, no Campeonato Nacional dos Jogos Matemáticos, que venceu a nível regional. Os alunos têm que mostrar a sua perícia em jogos educativos e estratégicos que estimulam o raciocínio lógico, como é o caso do Semáforo ou o Rastros.
Filho de pai russo e mãe ucraniana, que vieram para Portugal em 2001, Vladimir Gryaznov nasceu nas Caldas da Rainha. O gosto pela Matemática descobriu-o na escola primária quando aprendeu a fazer contas e queria sempre evoluir mais.
“A professora ensinou tudo o que o Vladimir sabe, em casa ajudávamos, mas mais o pai do que eu”, conta a mãe, Olga Gryaznov, acrescentando que o progenitor tem mais jeito e também ele era muito bom aluno quando andava na escola, na Rússia, onde se licenciou em Electricidade.
Bom aluno a todas as disciplinas
Vladimir venceu o desafio da Matemática, mas quando se pergunta se é bom aluno às outras disciplinas, encolhe os ombros e diz, apenas, sim. A verdade é que nos últimos testes (que finalizaram o 4º ano) teve 100% a Inglês, Estudo do Meio e Matemática e 98% a Português.
“Estudo porque no futuro quero ter uma vida muito boa”, conta o aluno à Gazeta das Caldas. E, quando questionado sobre o que quer ser quando for grande, não hesita em responder que quer ser médico.
A mãe acha que o filho nem estuda assim tanto, mas os bons resultados aparecem. “Quando chega a casa e diz que quer ir jogar porque os trabalhos de casa já estão feitos, não temos como negar pois ele cumpre e tem boas notas”, conta.
Olga Gryaznov realça ainda que o filho está numa turma de alunos muito bons e que a concorrência entre eles para ter bons resultados “é saudável” pois incentivam-se uns aos outros. Também a professora, Maria da Natividade Rodrigues, “teve muita importância nos bons resultados alcançados”, disse a progenitora, que vê a “forma como ela fala com eles e a atenção que dá a cada um. É uma grande profissional e valorizo muito o trabalho dela”. E Olga sabe bem do que fala, pois também ela, licenciada em Língua Ucraniana e Literatura, trabalhou num jardim de infância e depois numa escola secundária, na Ucrânia.
Vladimir vai para o 5º ano e acha que a Matemática irá continuará a ser a sua disciplina preferida. Contudo, garante que vai “tentar ser o melhor em todas as outras disciplinas”.
Gosto pelo xadrez e cubos mágicos
Há cerca de dois anos Vladimir mostrou curiosidade em aprender a jogar xadrez e o pai começou por ensiná-lo. Para evoluir mais no jogo, os pais inscreveram-no num clube de xadrez, onde tem aulas com o professor José Cavadas.
Outro dos seus passatempos são os cubos mágicos (quebra cabeças tridimensionais), que possui, de várias formas e com diferentes níveis de dificuldade.
Também já jogou futebol, no Caldas Sport Clube, mas este ano um problema no calcanhar impossibilitou-o de integrar a equipa. Agora, de férias, Vladimir aproveitou os primeiros dias para descansar, e no início desta semana seguiu, com os pais, para a Ucrânia.
O casal Gryaznov está a começar um projecto ligado ao turismo, com a dinamização de visitas guiadas para visitantes de Leste e conta com a ajuda do filho ao nível dos conhecimentos de História de Portugal. “Ele sabe tudo sobre monumentos”, conta Olga, acrescentando que o filho, sempre que pode, acompanha as visitas.
Numa viagem recente ao Porto, visitaram a livraria Lello e falaram do facto desta livraria centenária ter inspirado a criadora de Harry Potter, J. K. Rowling. Vladimir quer ler o livro e a mãe pretende satisfazer-lhe o pedido, mas gostaria que o filho acompanhasse a saga do jovem feiticeiro, não só em português mas também em russo, para aprofundar a língua dos pais.