A feira recebeu centenas de expositores e milhares de visitantes de norte a sul do país e até do estrangeiro.
Mais de centena e meia de expositores marcaram presença, entre os dias 28 e 30 de outubro, na 21ª Feira de Velharias, que decorreu na Expoeste. Vendedores oriundos de norte a sul do país e alguns estrangeiros, nomeadamente espanhóis, animaram um evento que teve lotação esgotada, o que levou à necessidade de se criar um “arranjo” no exterior, como explicou António Marques, ex-diretor da Expoeste e organizador do certame.
“Tivemos de proceder a um ajuste no espaço exterior confinante para receber todos os expositores”, salienta o dirigente, orgulhoso pela forma como muitos vendedores, nomeadamente da Galiza, escolheram o espaço das Caldas da Rainha para a feira de antiguidades e velharias, que é hoje classificada o maior certame de Portugal. “Há até quem a classifique como o maior certame da Península Ibérica em recinto fechado”, conta António Marques.
Vítor Pires, ceramista e participante nesta feira pela terceira vez, confirma este dado, pois foi visitado por alguns espanhóis. Mas são os franceses e os ingleses a residir nas Caldas os seus principais clientes. “Eles vêm para cá, compram as casas e depois têm de as rechear. Vão para coisas simples, sempre, mas acabam por comprar e dá movimento aqui ao comércio das velharias, porque eles dão muita importância a estes utensílios antigos portugueses, acham piada”, revela.
Na sua banca, situada no 1º piso do edifício, no espaço reservado aos artesãos, encontravam-se diversos artigos de colecionismo, sendo os de arte religiosa os mais procurados. “As pessoas procuram geralmente santinhos, arte religiosa, caixas, pequenas curiosidades, cerâmica antiga das Caldas. Há sempre um cliente que vem à procura de uma coisa que precisa lá em casa que faz coleção. E, às vezes, encontra, e, quando encontra, fica feliz”, partilhou o caldense. Há também quem vá “com o impulso de ter uma coisa igual à que a avó teve, ou trazer uma certa recordação”.
À vista salta um quadro com um desenho de chapéus de dama das décadas de 1910/1920, adornado de penas verdadeiras retiradas de chapéus daquela época que um familiar em França lhe ofereceu, por saber do seu gosto por coisas antigas e dos reaproveitamentos que lhes dá. “Aquilo representa a Natureza que foi sacrificada, e mandar as coisas para o lixo custa-me por isso. Por exemplo, coisas estragadas, tento arranjar”, sublinha.
No recinto do certame, com os seus dez mil metros quadrados totalmente preenchidos, encontrava-se João Vieira, um feirante que já participa nesta feira há nove anos, duas vezes por ano. “Vejo isto de uma forma um bocado sazonal. Tenho períodos em que vivo exclusivamente disto, mas depois tenho outros em que tenho outras atividades que vou desenvolvendo”, como a restauração e a construção civil, conta o vendedor, natural de Mira de Aire, que vende um pouco de tudo, desde revistas dos anos 1970 e 1980, como a revista de rock portuguesa “Música e Som”, passando por brinquedos antigos, um computador francês do final dos anos setenta, uma estátua de um cão que se colocava à porta de casa naquela época, até uma roda de oração budista. Os artigos são autênticos, algo por que esta feira preza, no entanto, o vendedor procura comercializar os que sejam acessíveis ao “cidadão em geral”.
“Há muita gente ligada a este ramo de atividade económica, enquanto, há uns vinte, trinta anos, tudo aquilo que se tinha em casa velho era para deitar fora”, explica António Marques. “Nestes certames mistos, encontram-se algumas peças que são acessíveis”, enquanto nas “feiras exclusivamente de antiguidades, as peças são muito caras”.