Custódio João Freitas sepultado no passado 16 de Março, data do aniversário que bem gostava de recordar
Por surpreendente coincidência Custódio João Maldonado Freitas foi sepultado 49 anos depois de uma data que ele recordava com alegria – o 16 de Março de 1974 – pois, na sequência do golpe desse dia, ele desempenhou um papel clandestino dando uma entrevista encapuçado, numa mata dos arredores das Caldas da Rainha, à televisão holandesa desvendando alguns aspetos generosos dos autores do golpe falhado.
Fora o realizador da RTP Alfredo Tropa que havia trazido essa equipa até às Caldas, estava ainda a tentativa de golpe fresca, causando a entrevista impacto nos telespectadores europeus.
Custódio João, um inigualável contador de histórias, com uma memória prodigiosa, ligado a uma família que, nas várias gerações, esteve ligada aos movimentos de oposição ao regime de Salazar e Caetano, fazia amigos com uma facilidade sem explicação.
Ao longo da sua militância socialista, como seu pai, foi candidato a deputado à Assembleia da República, mas tendo sido eleito na V legislatura, entre 1987 e 1991. Foi também membro da Comissão Nacional e da Comissão Política Nacional do Partido Socialista.
Nascido em Peniche em 1942, quando o seu pai cumpria o regime de detenção em residência fixa naquela vila, viveu sempre nas Caldas da Rainha, tendo integrado o PS a partir de 1974.
No funeral incorporaram-se muitos amigos, tendo feito o elogio fúnebre várias individualidades, entre as quais João Soares, filho do Presidente da República Mário Soares, que foi amigo íntimo da família Maldonado Freitas, onde chegou a viver em criança, quando seu pai esteve preso.
À família Gazeta das Caldas apresenta um sincero voto de condolências. ■