Ferrel geminou-se com Plogoff (França) porque ambas lutaram contra o nuclear. A parceria pretende expandir-se
“Juntos contra a energia nuclear – Together Against Nuclear Energy – TANE” é o título da candidatura apresentada por Ferrel e que pretende unir pelo menos seis localidades europeias que tenham protagonizado episódios de lutas populares contra a energia nuclear.
O primeiro passo para o projeto foi a geminação da freguesia do concelho de Peniche com a congénere de Mairie de Plogoff (França), que, em 1980 (quatro anos depois do caso que viria a dar origem à luta ambientalista em Portugal) também venceu esta luta. Acresce que são ambas “vilas com atividades agrícolas, com comunidades piscatórias, banhadas por mar, tendo ambas algumas praias e com condições para a prática de surf”, conforme explicou o presidente da Junta, Pedro Barata.
A candidatura a fundos comunitários foi aprovada e tem um valor de cerca de 5 mil euros. Na primeira fase do projeto “ocorrerá uma cerimónia de geminação de cidades e a assinatura formal do acordo”.
A candidatura prevê ainda “eventos e atividades via satélite, incluindo mesas-redondas, workshops para crianças, bem como oportunidades para networking e troca de conhecimentos”. Estes eventos serão integrados nas comemorações do 45º aniversário da luta de Ferrel.
Para assinalar essa data está a ser preparado, tal como nos anos anteriores, um congresso. “Entre os convidados especiais, este ano estarão indivíduos que fizeram pessoalmente parte da luta, e representantes dos principais setores económicos da freguesia, incluindo da agricultura, da pesca e do turismo, em sessões de mesa redonda ou em outras formas de intervenção”.
Em 2021 assinala-se o 45º aniversário daquela manifestação popular
Nos planos está também “a realização de um festival de filmes subordinados ao tema nuclear, e a estreia de uma pequeno documentário acerca da luta de Ferrel”.
À Gazeta das Caldas os responsáveis pelo projeto salientaram que se encontram ainda “a confirmar detalhes”, pelo que não podem neste momento adiantar mais informação, “até que as circunstâncias pandêmicas em que nos encontramos exigem um maior cuidado no planeamento, na eventual execução e até na avaliação da possibilidade de haver eventos”. Ainda assim, esclareceram que “as atividades para crianças serão lúdicas e, quando possível, irão ser apresentadas em colaboração com alunos e escolas locais”.
A segunda fase deste projeto de parceria europeu passa por, em 2021, reunir mais quatro localidades europeias numa Rede de Cidades, a candidatar futuramente a fundos comunitários. Ainda não está nenhuma outra localidade confirmada, mas a Gazeta das Caldas apurou que, neste momento, Almaraz, em Espanha, pode vir a integrar a iniciativa, além de existirem possibilidades em diversos países europeus, tais como Finlândia, Eslováquia, Polònia, Sérvia, Croácia, Letónia, Estónia, Lituânia, Albânia e Bielorussia.