“Foi uma experiência única e incrível”

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92 jovens e animadores da Paróquia das Caldas da Rainha ficaram alojados na Paróquia da Quinta do Conde, perto de Setúbal para assistir à JMJ

Viveram de forma única e diferente a Jornada, mas a alegria com que a partilham é comum. Eis o relato de quatro jovens

“Foi uma graça para mim fazer parte deste projeto. Não existem palavras para expressar o que sinto”. As palavras, ainda meio embargadas, são de Daniela Ralha, de 17 anos, que integrou o coro da Jornada Mundial da Juventude (JMJ). Assim que soube da realização da Jornada em Portugal quis tornar-se voluntária e, ao saber que estavam abertas as inscrições para o coro decidiu tentar a sorte. Estávamos em 2021. A audição correu bem e, desde então, começou a participar nos ensaios e atuou, durante a semana passada, nas diversas cerimónias. “Foi inesquecível. Estávamos todos unidos pela fé e pela música”, recorda a jovem sobre o grupo que juntou 200 coralistas.
De entre os muitos momentos especiais vividos, Daniela salienta a interpretação do tema “Viva Jesus”, na cerimónia do Acolhimento, escrito e composto pelo colega Afonso Sampaio Soares, como tendo sido especialmente marcante. E, “se fosse possível vivia tudo outra vez”, remata a jovem, destacando a alegria “inexplicável” que sente.

Daniela Ralha, de 17 anos, integrou o coro, de cerca de 200 jovens

A poucos metros de Daniela Ralha estava a também caldense Catarina Trindade, que integrou da Orquestra JMJ, a tocar violino. A jovem, de 25 anos, inscreveu-se online e, embora não tivesse “grandes expetativas”, foi aceite para o grande agrupamento com cerca de uma centena de músicos. “Esta experiência proporcionou vários reencontros”, conta a jovem sobre a experiência “incrível” que viveu.
“Ao estar ali, numa orquestra, atenta à partitura, focados em tocar o melhor possível, houve altura em que me esqueci que estava a tocar para uma multidão”, recorda Catarina, que viveu um momento especialmente com a atuação de Carminho.
A altura em que esteve mais próxima do Papa Francisco foi no último encontro com os voluntários, em Oeiras, e “foi uma experiência marcante”. Para além disso, foi sempre “bom ouvi-lo, ao vivo, a transmitir as suas mensagens de Paz, amor, alegria, na esperança de que seja ouvido por todas as pessoas”, realça, dando conta que a sua mensagem não foi só a nível espiritual, mas também a nível social e ambiental, mostrando a sua preocupação com as grandes causas atuais.

A caldense Catarina Trindade fez parte da orquestra da JMJ como violinista

Garantir a segurança do recinto
Neuza Gonçalves viveu nesta jornada uma experiência “inesquecível”, muito diferente da que contava ter, no início, de voluntária paroquial. Professora de Educação Especial, foi convidada para voluntária central, onde integrou uma equipa de 10 elementos, essencialmente composta por jovens estrangeiros, alocada à segurança. Um trabalho “bastante difícil” porque tinham de “pensar sempre no bem de todos”, o que, por vezes, obrigava os peregrinos a fazer voltas enormes. “O nosso trabalho exigia que os peregrinos fizessem um esforço ainda maior e isso era muito duro”, refere. E, se havia os que reagiam com alguma mágoa, outros havia que compreendiam e até confortavam os próprios voluntários nos momentos mais difíceis. “Viu-se Cristo em muita gente, na jornada, acho que foi um acontecimento muito importante”, salienta a voluntária. A altura do dia mais feliz era quando se conseguia juntar ao grupo que foi das Caldas e perceber que eles “embora estivessem cansados, por vezes esgotados, respondiam sempre que estavam felizes”.
Neuza Gonçalves, de 43 anos, já tinha participado, como peregrina, na JMJ, que se realizou em Roma, em 2000. Em 2025 haverá o Jubileu dos Jovens, em 2025, a que Neuza “não fecha a porta” à participação.
Camila Sousa, estudante de Enfermagem e coordenadora do Comité Organizador Paroquial (COP) de Óbidos, foi uma das jovens a encontrar-se com o Papa Francisco na Universidade Católica. Durante o encontro ouviu testemunhos de estudantes e as palavras do “nosso querido Papa Francisco são sempre tão certeiras, que confortaram-me muito”, diz a jovem obidense, que nos últimos dois anos tem conciliado a coordenação da JMJ em Óbidos, o curso superior e todas as atividades religiosas em que está envolvida.
Em Lisboa assistiu à vigília, mostrando-se sensibilizada com o silêncio que se fez sentir numa cerimónia com milhão e meio de pessoas. Dormiu no recinto, assistiu à missa do envio e, à tarde, esteve no encontro dos voluntários com o Papa. Ali foi, o “mais uma vez perceber que não estava sozinha”, disse, referindo-se aos 25 mil voluntários que, tal como ela, “trabalharam e entregaram-se” na concretização da Jornada.
O Papa Francisco esteve na região, na manhã de sábado, com uma visita ao Santuário de Fátima, onde centenas de milhares de peregrinos também marcaram presença. Numa mensagem de inclusão e abertura, rezou pela paz com mais de uma centena de jovens com deficiência e reclusos. ■