Recuperação de peça, que tinha sido vandalizada há décadas, resulta de um investimento de 1500 euros da Junta
O fontanário de Santa Catarina, localizado no Largo do Pelourinho, de frente para a igreja, está a ser recuperado. A obra, que resulta de um investimento de 1500 euros por parte da Junta de Freguesia, pretende recuperar a peça em pedra, que foi destruída depois de ser alvo de atos de vandalismo há várias décadas.
Fernando Fialho, que é presidente da Junta de Freguesia, explicou à Gazeta das Caldas que a recuperação do património esteve na génese do projeto. As torneiras serão substituídas e o fontanário será inaugurado a 19 de agosto, assinalando a elevação a vila, num conjunto de obras orçadas em mais de 150 mil euros e que é composto também pelo monumento ao cutileiro, sala da assembleia de freguesia e uma nova carrinha de transporte de crianças. “Se não preservarmos a história não temos futuro”, nota.
Lino Jorge é quem está a recuperar o fontanário. “Encontrei esta peça toda destruída, tenho estado a preparar os moldes e a colar, para depois cortar a pedra e tentar aproveitar o máximo possível, porque estava em muito mau estado”. Na sua família havia uma empresa a trabalhar a pedra e Lino gostava de fazer trabalhos mais elaborados e artísticos. A empresa fechou, mas ele decidiu continuar. Cerca de 15 anos depois apareceu a cutelaria. “Tenho formação em gestão industrial, mas gosto de trabalhar com as mãos”, conta o beneditense, que mora nas Caldas, mas mantém a oficina na Benedita. A curvatura das pias, com cerca de 80 quilos cada uma, foi o maior desafio.
O calcário veio das Serras de Aire e Candeeiros.
Ao lado do fontanário encontramos Almerindo Silva, que vive em Santa Catarina há 70 anos. Conta-nos que popularmente a fonte é chamada de galheteiro pela sua forma. “Foi mandada construir por três individuos da terra, que era a Junta de Freguesia daquele tempo”.
A água vinha de um cabeço, com canos de ferro numa extensão de mais de um quilómetro, e foi uma grande obra. “Em 1972, os canos estavam cortados e eu fazia parte da Junta de Freguesia daquela altura, e colocámos canos modernos”, conta. Recorda-se que antes disso, a água perdia-se e havia momentos em que se faziam filas com 15 bilhas. “Chegavam de madrugada e tudo, porque, ou se tinha um poço, ou era isto que havia”, comprova Joaquim Clímaco, que é natural de Santa Catarina. Depois, quando a água chegava, era rápido enquanto enchia as bilhas todas. Ambos elogiam a obra. ■