Fruticultores lutam contra o Fogo Bacteriano

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Filipe Ribeiro, presidente da ANP, ladeado por Paulo Monteiro, à esquerda, e Rui Sousa e João Azevedo, à direita
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Doença incurável afeta sobretudo os pomares de pera rocha com enormes quebras na produção

O impacto económico do fogo bacteriano nos pomares de pera rocha é cada vez maior na nossa região e, entre 2022 e 2023, terão causado um agravamento no custo de produção de 2 para 5 cêntimos por quilo.
É esta a conclusão de João Azevedo, técnico da APAS (Associação dos Produtores Agrícolas da Sobrena) com base num estudo nos seus pomares, que abrangeu abates de árvores infetadas e posterior queima, além dos cortes preventivos que reduzem a capacidade produtiva das pereiras mutiladas. Neste caso é aconselhado um corte de 50 centímetros no ramo ou tronco das árvores abaixo do aparecimento do foco da doença. Face ao impacto económico, João Azevedo afiança que “há casos piores”, referiu durante a sessão de esclarecimento ‘Pera Rocha – Fogo Bacteriano: conhecer e colaborar para erradicar a doença!’, que decorreu na sede da Caixa de Crédito Agrícola do Bombarral no passado dia 29 de janeiro. A sessão foi promovida pela ANP – Associação Nacional dos Produtores de Pera Rocha.
O fogo bacteriano é uma doença incurável causada por uma bactéria descoberta em 1780 nos Estados Unidos e que, segundo o Ministério da Agricultura, foi oficialmente identificada no Oeste em Maio de 2010, num pomar de Alcobaça, mas há indícios que possa ter ocorrido há mais tempo. Desde então a doença tem vindo a disseminar-se em toda a região, pelo que neste momento nada mais resta aos fruticultores do que adotar medidas preventivas para estancar o alastramento da bactéria.
O início dos sintomas do fogo bacteriano nas pereiras começa em maio e pode durar até outubro, sendo a sua propagação dependente das condições climatéricas. A rapidez da intervenção é considerado o fator-chave para conter a doença, devendo o fruticultor cortar ou arrancar as árvores afetadas e queimar imediatamente os resíduos no local.
Rui Maia de Sousa, da Estação Nacional de Fruticultura Vieira Natividade (Alcobaça), do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, não tem dúvidas de que as medidas a tomar neste momento não podem ser contemplativas, mas muito assertivas. “Esconder a doença é mau para todos!”, alertou o técnico que acompanha a evolução do fogo bacteriano há mais de uma década.
Alerta que os fruticultores não devem adquirir pereiras de “proveniência duvidosa”, aconselhando que visitem previamente os viveiros antes de as adquirir para reduzir ao máximo a possibilidade de comprarem exemplares já contaminados pela doença. “Assim que virem sinais do fogo bacteriano é para cortar e queimar… é mais caro ficar sem o pomar!”, avisa. Para controlar a propagação da doença, a Direção Regional de Agricultura e Pescas de Lisboa e Vale do Tejo estabeleceu uma parceria com a ANP, para que todos os focos da sejam comunicados a este organismo público, para que possa agir legalmente. Um dos problemas reside nos pomares abandonados, muitos dos quais infetados há vários anos.
Paulo Monteiro, delegado regional do Oeste, alerta os fruticultores a reportarem sempre que vejam um foco da doença nos pomares da região. Reconhecendo que o processo burocrático é lento e por vezes com falhas, é a única forma de agir no atual quadro legal, estando neste momento em processo de notificação os proprietários de cerca de 110 pomares. Garante que o processo de contraordenação “só avança se não houver resposta do proprietário aos nossos serviços”. O pedido aos fruticultores para participarem nesta vigilância territorial deve-se ao facto dos serviços da Delegação Regional do Oeste não disporem de profissionais para assegurar esta tarefa. Filipe Ribeiro, presidente da ANP, garante o reforço com a comunidade científica na procura de uma resposta eficaz que todos há muito anseiam. ■

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