O regresso da Frutos – Feira Nacional da Hortofruticultura ao Parque D. Carlos I foi um sucesso. A organização estima que durante os 10 dias tenham passado pelo recinto mais de 100 mil pessoas. A receita ainda não foi toda apurada, mas andará na ordem dos 150 mil euros.
No encerramento, o secretário de Estado do Desenvolvimento e Coesão, Nelson de Souza, destacou a coragem do município em repor este certame que, na sua opinião, é vital para a economia da região e um exemplo do que deve ser o desenvolvimento económico e social do país.
A comissão organizativa da feira vai reunir em inícios de Outubro e até ao final do ano deverá estar definida a Frutos 2017 que deverá ter mais expositores de hortofruticultura.
Às 22h00 de domingo, último dia da feira e com o concerto de Ana Moura a começar, eram ainda longas as filas de pessoas para comprar bilhete para a Frutos 2016. Uma imagem representativa do sucesso que foi o certame que regressou ao Parque D. Carlos I e que ali levou muitos milhares de pessoas.
Momentos antes, o secretário de Estado do Desenvolvimento e Coesão, Nelson de Souza, presidia à sessão de encerramento, onde destacava a coragem do município em conseguir repor este certame, que caracterizou de “vital” para a economia caldense e de toda a região Oeste. O também munícipe, com casa em Salir de Matos, elogiou a capacidade para levar a feira de volta ao seu espaço próprio, o Parque D. Carlos I.
Nelson de Souza disse que o sector hortofrutícola constitui um dos bons exemplos do que o governo pretende para o desenvolvimento regional e lembrou que, há pouco mais de uma década a agricultura era uma actividade tradicional que muita gente condenava ao definhamento. No entanto, “o sector foi capaz de persistir e investir, produzir com maior qualidade, rigor, acrescentar à produção conhecimento e qualidade”, referiu, destacando a sua capacidade para atrair jovens mais qualificados e a abertura a novos mercados, com a exportação de produtos como a Maçã de Alcobaça ou a Pêra Rocha.
“É esse modelo de desenvolvimento regional que achamos que deve ser estendido, apoiado e reforçado no conjunto do país”, defendeu.
A importância de deter o parque
A Feria da Fruta regressou ao Parque D. Carlos I 24 anos depois e começou a ser preparada em 2013. Para o presidente da Câmara, Tinta Ferreira, ela respondeu a um “desejo consensual” de todas as forças políticas. É que os caldenses e os próprios visitantes tinham a nostalgia das feiras dos frutos no parque porque a sua realização na Expoeste, entre 1992 e 2007, não se revelaria uma boa aposta. “A frieza que o edifício da Expoeste tem não combina com uma feira da fruta”, disse.
Tinta Ferreira explicou também que este regresso só foi possível depois da autarquia ter ficado com a concessão do Parque pois caso ele continuasse na posse do Ministério da Saúde não teriam a autonomia necessária para “decidir, intervir e organizar”.
Na sessão de encerramento o autarca disse que a feira teve um impacto muito positivo na economia e defendeu que as Caldas da Rainha precisa de iniciativas como esta para se afirmar no contexto dos eventos de atractividade económica. O objectivo do certame é exaltar o momento da apanha da fruta, pelo que só pode acontecer nesta altura do ano. Tinta Ferreira reconheceu, por isso, o esforço que muitos produtores fizeram em conciliar o momento da colheita com a presença no certame e disse que em edições futuras arranjarão “melhores condições para que seja possível os produtores estarem presentes”. O autarca quer também ter mais produtores e fruta presentes no certame.
A concluir não deixou de comentar, numa alusão à musica de Ana Moura (que minutos depois entraria em palco) que esta feira foi “um bico de obra, uma carga de trabalhos, mas que correu bem”.
O certame contou com cerca de 200 expositores e, de acordo com o vereador Hugo Oliveira, “já há muitos a querer preencher a pré-inscrição para o próximo ano, o que significa que estão contentes com o que foi feito”.
Este autarca reconheceu que nem tudo correu como gostariam e destacou que serão “limadas algumas pontas” para a próxima edição. Desta primeira feira Hugo Oliveira realçou o empenho da organização com a limpeza do espaço e o acompanhamento com todos os expositores. Também os preços dos bilhetes eram acessíveis, permitindo a que todos pudessem estar presentes.
Receitas de sucesso com produtos da região
As sessões de showcooking foram um dos atractivos da feira. Pela respectiva tenda passaram, diariamente chefs que apresentaram as suas originais receitas, que em comum tinham apenas os ingredientes: fruta e produtos típicos da região.
Joaquim Sousa, que foi chef de pastelaria do hotel de luxo The Oitavos (Cascais) e mundialmente conhecido pela sobremesa que criou – Flor de Chocolate Negro – foi um dos especialistas que confeccionou deliciosas receitas no espaço de showcooking. Para a primeira utilizou pêras, depois cavacas das Caldas, Maçã de Alcobaça e terminou com trouxas-de-ovos, produtos a que deu novas “roupagens”, juntando pétalas de flores desidratadas ou filamentos de ouro de 24 quilates. O seu desafio era o de criar sobremesas tendo por base produtos tradicionais da região. Uma tarefa fácil “porque os produtos são bons”, responde, mas acrescenta que, por outro lado, é difícil pois “temos tendência a complicar e quando temos estes produtos não é preciso, o importante é encontrar o equilíbrio”. Nunca tinha utilizado as cavacas das Caldas nas suas criações. “Foi uma surpresa, funciona muito bem e vou passar a utilizar”, disse à Gazeta das Caldas.
O chef teve também tempo para visitar a feira e disse ter ficado impressionado. “O Parque é lindíssimo e tem tudo a ver com o certame, que está muito bem organizado e que tem tudo para funcionar”, opinou.
Também Manuel Ferreira, de Óbidos, visitou o certame na tarde de sábado e gostou do que viu. “Acho que a feira está muito bem conseguida porque alia o espaço do Parque com uma mostra diversificada da produção agrícola da região”. Lembra-se de em pequeno ter visitado a feira neste mesmo espaço e espera que o certame se continue a realizar.
Fernanda Barahona, das Caldas da Rainha, considera que a feira está “muito interessante”. Destaca que o certame teve muita gente e que vieram, inclusivamente, amigos de Leiria e Santarém para assistir aos concertos. A caldense acrescentou que o evento deverá ter continuidade e que as termas deverão ser reactivadas.
Nos 10 dias de evento houve centenas de actividades para miúdos e graúdos. Os mais novos tiveram oportunidade de fazer ateliers, caçar pokémons ou mesmo conduzir pequenos tractores a pedais, enquanto que os pais e avós puderam assistir a demonstrações de gastronomia, sessões de humor, palestras, praticar desporto ou visitar a exposição de homenagem ao engenheiro agrónomo Amado da Silva.
O caldense Américo Barros, já conhecido pelas suas figurações, marcou presença diária, encarnando o “Homem da Fruta”. E as verdadeiras “embaixadoras” foram as Rainhas da Fruta, jovens trajadas de verde e com várias peças de fruta na roupa e cabeça, que tiraram milhares de fotografias com os visitantes.
As actividades extravasaram o recinto do Parque, com a Praça da Fruta a funcionar até às 22h00, às sextas-feiras e sábado e com animação naquela zona, assim como visitas aos pomares da região e visitas guiadas pela cidade.
O adro da Igreja de Nossa Senhora do Pópulo foi cenário para um Jogo de Xadrez Humano, dinamizado pelo Centro Litoral Oeste Norte da Cruz Vermelha Portuguesa, que envolve os municípios do Bombarral, Caldas da Rainha, Óbidos, Alcobaça e Nazaré. Com peças do acervo da delegação das Caldas e num tabuleiro construído pela do Bombarral, 32 voluntários desta instituição dinamizaram o jogo, perante uma plateia de curiosos.
“Um exemplo do que deve ser o desenvolvimento económico do país”
A secretária-geral adjunta do PS, Ana Catarina Mendes, visitou a Feira dos Frutos, acompanhada por uma comitiva de militantes socialistas na última noite do certame (28 de Agosto) e assistiu à sessão de encerramento. A sua visita, já agendada com uma semana de antecedência, viria a coincidir com a do governante e Ana Catarina Mendes ainda visitou parte do pavilhão institucional com todos os autarcas presentes.
Na cerimónia de encerramento, Nelson de Souza dirigiu-se à secretária-geral adjunta do PS ali presente, em acção autónoma, realçando que “isto só prova que o governo e o PS respeitam a autonomia entre o partido e o governo”.
Após a cerimónia, reforçou aos jornalistas a mensagem do secretário de Estado de que esta feira é um “exemplo do que deve ser o desenvolvimento económico e social do país”.
A responsável política falou do esforço de transformação que tem sido feito na agricultura, ao nível da inovação com as universidades, do comércio para as exportações e do consumo interno, para realçar que este é um sector que não pode ser abandonado, mas antes reforçado.
“Fiquei muito satisfeita com todo este movimento, em que ao todo terão passado pela feira 100 mil pessoas e acho que isso é também um bocadinho o espírito do que se vive hoje em Portugal, de maior confiança, descontracção e optimismo”, disse, destacando que isso é fundamental para todos os municípios e para o país.
Ana Catarina Mendes já tinha visitado a Feira dos Frutos no Parque em pequena, com os pais, e depois em jovem. “Também brinquei aqui muitas vezes em miúda e fico muito contente que volte a vida ao Parque”, disse a dirigente política, que se lembra da Casa da Cultura com os seus ateliers a funcionar.
Prémios Frutos 2016
Produto Sabor e Qualidade em fresco
1º Prémio: Frescos da Vila – Morango (Albion)
2º Prémio Ex-aequo: Filipe Dimas – Framboesa e APMA – Maçã de Alcobaça IGP
Produto Sabor e Qualidade transformado
1º Prémio – Machado Pastelaria – Broas de Batata Doce
2º Prémio Ex-aequo
120 Bar – Funkinpro (polpa de fruta)
Gotrix Bar – Caipirinha de pêra rocha
Conservas a Oeste – Doce de Tomate com picante
Cooperfrutas – Puré de fruta DOP/IGP
Gramas com Sabor – Bolachas artesanais com fruta desidratada
Pastelaria Java – Bolo de Espinafres e chocolate
Fofos da Rainha – Pão de ló Chocolate e Alfarroba
Produto Inovação
1º Prémio
Fabridoce e Cooperfrutas – Sorvete de maçã/pêra ( IGP/DOP)
2º Prémio Ex-aequo
Macaron D´Óbidos – Macarons com produtos regionais
Meia Tigela – Fruta das Caldas, salada de frutas em Cavaca das Caldas
Elevação das Caldas a cidade celebrada com bolo gigante
Um bolo gigante com o brasão das Caldas colocado no meio do jardim frente ao Museu de José Malhoa chamava a atenção de quem por ali passava na noite de 26 de Agosto. Momentos depois a Orquestra B Jazz tocava as primeiras notas e ia atraindo mais gente para a pequena cerimónia que assinalou os 89 anos de elevação das Caldas a cidade (em 1927). Cantaram-se os parabéns à cidade e, nos discursos, o presidente da União de Freguesias de Nossa Senhora do Pópulo, Vítor Marques, pediu a colaboração de todos para que possam continuar a fazer coisas, como a manutenção daquele parque.
O presidente da Câmara, Tinta Ferreira, lembrou que a Feira agro-industrial que se realizava nas Caldas e que “mostrava a pujança deste sector no concelho” foi um dos motivos que contribuiu para a decisão do governo de então em elevá-la a cidade. Quase 90 anos depois, a autarquia quis voltar a dar mostra do “querer e desenvolvimento de todo o concelho, reeditando o certame”, disse.
O autarca informou ainda que apesar da importância da efeméride, o feriado das Caldas assinala-se a 15 de Maio, dia em que tradicionalmente abriam as termas.
A comemoração da elevação a cidade é da responsabilidade das freguesias urbanas. Este ano coube à União de Freguesias de Nossa Senhora do Pópulo e para o próximo ano será a União de Freguesias de Santo Onofre e Serra do Bouro a organizar a cerimónia dos 90 anos da cidade das Caldas.