Deixar um registo para a posteridade das pessoas que se cruzaram nas Gaeiras foi o objectivo da publicação de uma monografia daquela localidade, apresentada publicamente no passado dia 19 de Abril, data em que se comemorou o 11º aniversário da sua elevação a vila.
Ao longo de mais de uma centena de páginas é dada devida nota das origens da povoação, da constituição da freguesia e da vila, assim como seu associativismo e manifestações culturais e património edificado. Um capítulo, da autoria dos historiadores João Pedro Tormenta e Ricardo Pereira, destina-se exclusivamente à Casa das Gaeiras, e um outro faz alusão às mais de 200 alcunhas que existem nesta freguesia e que têm passado, muitas delas, de geração em geração.
Na sessão de apresentação, o presidente da Junta de Freguesia, Eduardo Silva, destacou que com esta publicação pretendem deixar um registo da “longa e rica história” das Gaeiras, mas também passar uma mensagem de estimulo aos jovens. Dirigindo-se ao grupo de Jovens Voluntários das Gaeiras (JVG), falou do orgulho que tem nos “34 magníficos” que têm assumido o reactivar de algumas iniciativas, como os Santos Populares, e manter outras, como a festa anual, o carnaval e as tasquinhas.
No “cartão de visita” das Gaeiras vem também registado que esta terra já “deu” oito presidentes para a Câmara de Óbidos, que governaram entre 1846 e 2001.
O autarca disse ainda que esta monografia é apenas o início de várias obras que gostaria de ver editadas, lembrando que esta terra possui muitos motivos de registo, como é o caso da cidade romana de Eburobrittium, a Quinta das Janelas, ou o Convento de S. Miguel.
O antropólogo Carlos Baptista foi o autor da monografia e optou por uma abordagem mais simples e jornalística. “É um livro essencialmente de afectos, que dignifica a junta de freguesia, o seu presidente e a vila das Gaeiras”, explicou.
O presidente da Câmara de Óbidos, Telmo Faria, falou da dinâmica que sempre viu nesta terra, implementada tanto pelos autarcas como pelas sua força associativa. “Houve sempre aqui uma centralidade”, disse, comparando as Gaeiras a um “coração a bater e a impulsionar o que está à sua volta”.
O autarca lembrou também um dos filhos mais ilustres da terra, Frederico Lupi, proprietário da Casa das Gaeiras e antigo presidente da Assembleia Municipal de Óbidos, e que foi um grande benemérito desta localidade.
José Coutinho, responsável pela LeaderOeste, deu a conhecer a associação, que existe desde 1994, e procura fixar a população nas zonas rurais.
Esta obra agora apresentada foi a primeira que resultou de um concurso editorial que a associação lançou há cerca de um ano. “Foi o mais bem pontuado no concurso e, por isso, já está materializado”, explicou José Coutinho, acrescentando que na forja estão já outras edições que abrangem vários concelhos do Oeste.
O mesmo responsável frisou ainda que o dinheiro, por si só, não chega para garantir estes trabalhos, o que importa “é a forma de organização e participação numa lógica de parceria”.
José Coutinho lembrou ainda que o primeiro livro que apoiaram foi a reedição da monografia sobre A-dos-Negros, da autoria de João Evangelista.
“Estas coisas têm um grande impacto nas populações pois vai de encontro à sua alma”, rematou.
Esta publicação foi patrocinada pela LeaderOeste, através do PRODER (Programa de Desenvolvimento Rural).
Fátima Ferreira
fferreira@gazetadascaldas.pt
Livro de história local apresentado hoje na Atouguia da Baleia
Hoje à noite, pelas 21h00, será apresentado no auditório da Sociedade Filarmónica 1º de Dezembro (Atouguia da Baleia), o livro “Os Concelhos de Peniche e de Atouguia da Baleia Sociedade e Governança (1773-1840)”.
Esta obra sobre a história local é da autoria de Ana Batalha.
F.F.