Termina no próximo domingo, dia 15 de Agosto, mais uma edição das Tasquinhas de Verão, evento que leva anualmente milhares de pessoas à Expoeste para provar a gastronomia típica desta região.
Este ano participam 22 tasquinhas e 74 stands de exposição, representativos das freguesias e actividades económicas do concelho.
O certame abriu na passada sexta-feira, com a habitual ronda, e prova, por parte das entidades oficiais locais, dos petiscos de cada uma das colectividades presentes.
Considerado há várias décadas como o alimento dos pobres, o xíxaro é um dos ingredientes de sucesso nas Tasquinhas de Verão da Expoeste. Cozinhada na tasquinha do Rancho Folclórico e Etnográfico “As Ceifeiras da Fanadia” esta leguminosa é muito rica em azoto e ferro, tendo características dietéticas, e está actualmente a ser recuperada por reconhecidos chefes de cozinha.
“O xíxaro era muito rico em azoto e a sua cultura era feita essencialmente para azotar as terras, mas as pessoas mais pobres começaram a usá-lo na sopa, com arroz ou a substituir o grão”, conta o presidente do rancho, Sérgio Pereira, que fez uma recolha etnográfica na zona, também ao nível da gastronomia.
Nesta tasquinha é confeccionado com ovo mexido e tomate maduro. “As pessoas apreciam muito e ficam surpreendidas, porque muitas não conhecem”, conta Sérgio Pereira, adiantando que o cultivo desta leguminosa terá sido abandonado na altura em que o azoto passou a ser vendido às sacas e deixou de ser necessário para adubar a terra.
Nas primeiras edições tinham que comprar o xíxaro e, por vezes, deparavam-se com algumas dificuldades em encontrá-lo, tendo mesmo que ir a Rio Maior para o adquirir. Agora semeiam o xíxaro que utilizam nas tasquinhas.
Outros dos pratos característicos da zona que pode ser encontrado nesta tasquinha é a tiborna. “As pessoas da aldeia recebem os seus convidados em dia de festa com uma saladeira cheia de tiborna” – um pão de milho que, quando sai do forno, é esfregado com dentes de alho e depois é partido aos pedaços para dentro da saladeira e é temperado com azeite e vinagre, conta o responsável, acrescentando que ali é acompanhado com bacalhau assado na brasa.
A galinha de trigo é outros dos pratos curiosos da ementa. Desengane-se quem pensa que se trata de uma ave criada comendo apenas cereal. A galinha de trigo é um prato de galinha do campo com um molho especial. É feito com uma base de cebola moída e trigo, “tornando-o muito saboroso”.
Entre os doces o destaque vai para as “encavacadas”, um doce criado pelo grupo. Trata-se de uma cavaca que é preparada com vinho do Porto e no seu interior leva doce de ovos e amêndoa.
Acabados de chegar da Itália, onde participaram num festival, os elementos do rancho estão a preparar-se para passar o Dia de Portugal em Toronto, pelo que estão nas tasquinhas a angariar dinheiro para esta digressão.
Diariamente estão 20 a 25 pessoas entre o balcão e a cozinha.
Sérgio Pereira nota que este ano a segunda-feira foi mais fraca em termos de afluência que nas edições anteriores. “Esperamos que anime nos próximos dias”, diz.
Chanfana de galo
Do outro lado da Expoeste está instalada a Associação Cultural e Desportiva “O Moinho”, da freguesia de Santa Catarina. Vitalino Matias, cozinheiro de serviço e elemento da associação é o responsável pela confecção da chanfana de galo, um prato que não é muito comum ser servido nesta região. É tradicional do Norte e caracteriza-se pela carne ser temperada só com vinho tinto e cozinhada num forno a lenha. “Tem muita saída”, conta.
Além deste prato, a tasquinha tem ainda para oferecer a manta à moleiro e os bifinhos na pedra.
De acordo com Vitalino Matias as pessoas procuram essencialmente a chanfana de galo e o bife na pedra, com um molho especial que “inventámos de propósito para as tasquinhas”, concretiza.
Considera que, no início, as pessoas “vinham por ser pratos diferentes e para experimentar. Agora que já conhecem vêm mesmo à procura destes pratos”, diz, acrescentando que este ano os galos foram adquiridos na terra, mas há alturas em que não os há e têm que ser comprados fora.
Na sua opinião este ano o certame está mais fraco, resultado da crise que o país atravessa, mas está confiante que irá melhorar durante esta semana.
Mesmo ao lado, na tasquinha do Centro Recreativo, Cultural e Desportivo da Mata de Porto Mouro, o coelho assado é rei. Pedro Rocha, presidente desta associação, conta que o prato é uma das atracções do certame desde a sua primeira edição. Antes a colectividade já tinha participado nas tasquinhas de Alcobaça e “tinha sido um sucesso”, daí terem trazido o prato para as Caldas.
“Continua a ser um sucesso”, conta, adiantando que têm clientes que vêm duas e três vezes a esta tasquinha para comerem este repasto. O segredo do coelho está na forma em que é preparado e cozinhado e Pedro Rocha não o revela.
Costumam gastar, em média, 700 coelhos em 10 dias de evento, o que faz uma média de 70 coelhos por dia. O responsável acredita que este ano o numero irá manter-se.
Este prato também é característico da terra, existindo mesmo na Mata de Porto Mouro um restaurante que é conhecido pelo coelho assado, o “Casal Frade”. Este surgiu com as tasquinhas das Caldas e com o sucesso que o coelho ali estava a ter.
Pedro Rocha não se queixa desta edição. “Sabemos que a crise está instalada mas em alturas de férias as pessoas aproveitam e, como também há a animação e as pessoas acabam por ficar e aproveitar a música e a gastronomia”, disse.
Além destas iguarias, muitas outras há para provar nas restantes 19 tasquinhas que compõem o certame. A par da gastronomia há 74 stands de exposição dos produtos e actividades da região e, diariamente, música popular portuguesa.