O Estado está disponível para autorizar e criar as condições necessárias para que haja financiamentos comunitários para os projectos a apresentar pela Câmara e privados para o Hospital Termal e Pavilhões do Parque. A garantia foi deixada pelo secretário de Estado do Desenvolvimento e Coesão, Nelson de Souza, que participou, no passado dia 2 de Julho, no encerramento do ciclo de conferências “Regresso às Termas”, que juntou várias personalidades à volta desta temática.
A iniciativa, que decorreu no Museu Malhoa, reuniu cerca de 40 pessoas.
Nelson de Souza diz que o governo está disponível para apoiar as candidaturas a fundos comunitários feitas pela autarquia e privados para o relançamento do termalismo caldense. “A Câmara das Caldas é conhecida pela sua eficiência e eficácia na utilização dos fundos estruturais, existe confiança que assim vai voltar a fazer neste quadro”, disse o governante.
Os projectos de natureza privada, como a possível conversão dos pavilhões do Parque em hotel, pela sua dimensão poderão ser objecto de negociação, mas também neste caso o governo está disponível para colaborar.
De acordo com Nelson de Souza, as Caldas poderá também ser incluída na estratégia de qualificação das estâncias termais da região Centro (PROVERE) que cobre praticamente todas as termas existentes e tem por objectivo vender a marca região Centro no estrangeiro. “Tal como sucede no golfe, em que os jogadores gostam de ir a mais do que um campo quando se deslocam a um país, também aqui alguns amantes do termalismo poderão querer visitar vários locais”, explicou.
O governante diz que o termalismo tem que ser visto de forma integrada e que existe um mercado crescente ao nível da população sénior que deve ser tido em conta. Por isso, uma das formas de vender os tratamentos termais é através de pacotes junto dos sistemas de previdência de países europeus.
O marketing é outra das áreas a ter em conta. Deve haver campanhas bem montadas e organizadas a favor deste tipo de tratamentos, e não “apenas uns artigos científicos a favor publicados pró bono”, disse o governante, dando como exemplo, na área da saúde, as quantias elevadas que os produtores químicos têm para defender os seus pontos de vista e assim vender os seus produtos.
O bom cumprimento das candidaturas no quadro comunitário anterior permitirá às Caldas ter uma majoração de 10% no pacote associado aos projectos de estratégia de desenvolvimento urbano (PEDU), que é de perto de seis milhões de euros. A única condição é que se inicie obra ainda durante este ano. “Basta que tenham 15% executado para ter direito a mais 10% do pacote todo”, disse o governante, acrescentando que o programa Portugal 2020 tem que ir para o terreno.
No caso das Caldas, Tinta Ferreira acredita que o projecto Abraço Verde, que consiste na requalificação do espaço envolvente ao complexo desportivo, estará em condições de arrancar ainda este ano, possibilitando assim à autarquia beneficiar de mais 600 mil euros de fundos comunitários.
Chegar aos 10 mil utentes até 2025
Na sua intervenção, o presidente da Câmara, elencou o trabalho que tem sido feito para a reabertura do Hospital Termal, que prevê que possa acontecer já no próximo ano, com duches e banheiras na ala sul do primeiro piso do hospital e inalações no balneário novo. Para os anos seguintes está previsto o aumento dos serviços no Balneário Novo, onde deverão ter outras banheiras e valências ao nível das hidromassagens, e a possibilidade de criar uma piscina no contexto de reabilitação.
Tinta Ferreira estima que os tratamentos termais atraiam 4 a 5 mil utentes até 2020 e consigam atrair cerca 10 mil até 2025. Caso as perspectivas que se verifiquem forem as mais optimistas, a Câmara pondera a possibilidade de construção de um balneário novo na parada.
Aliadas à questão de saúde, estarão também as componentes de investigação e de museologia, esta última no Hospital Termal.
O ciclo de conferências “Regresso às Termas”, promovido pelo Casal da Eira Branca e coordenado por Jorge Mangorrinha, começou a 2 de Abril e contou com a presença de fotojornalistas, ambientalistas e outros especialistas na área termal.
Jorge Mangorrinha leu as conclusões dos encontros e defendeu o conceito de cidade termal, dando nota do potencial histórico, geográfico, cultural e turístico das Caldas. “Uma cidade conceptualmente termal é possível desde que o termalismo regresse e a economia e cultura associadas lhe sejam importantes no quadro vivencial da cidade e sua região”, sustentou.