Ministros da Defesa, da Cultura e da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior estiveram nas Caldas da Rainha. Novo posto da GNR levou ministro da Administração Interna a Óbidos
Isaque Vicente
Joel Ribeiro
Natacha Narciso
A iniciativa Governo Mais Próximo, que incluiu a realização do Conselho de Ministros em Leiria, trouxe à região vários governantes do executivo de António Costa. Cinco deles estiveram de visita às Caldas da Rainha e Óbidos, nos passados dias 20 e 21 de setembro.
Na tarde de quinta-feira a ministra da Defesa Nacional, Helena Carreiras, o secretário de Estado da Defesa Nacional, Carlos Pires, e a ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Elvira Fortunato visitaram as instalações da Tekever nas Caldas da Rainha. A ação visou conhecer o projeto da empresa no âmbito da agenda mobilizadora Aero.Next Portugal. A Tekever vai receber mais de 18 milhões de euros – de um total de 90 milhões disponibilizados pelo PRR para esta agenda -, para desenvolver uma constelação de satélites que vai lançar Portugal na exploração espacial.
Fundada em 2001, a Tekever tornou-se numa empresa líder na Europa no ramo da vigilância através de aeronaves não tripuladas (drones), sendo referência mundial em monitorização de grandes áreas. Ricardo Mendes, CEO da Tekever, explicou que a empresa tem “um modelo de negócio de subscrição de serviços”, em que manobra os drones e “fornece a leitura dos dados”. O serviço é suportado por drones, sensores e sistemas informáticos que a própria Tekever desenvolve por inteiro. “Só adquirimos pequenos componentes e materiais, tudo o resto fazemos na empresa”, sustenta.
A atividade da Tekever ganhou maior exposição mediática ao desenvolver vigilância na Ucrânia, no âmbito do conflito com a Rússia, e agora o objetivo é elevar os seus serviços a outro nível: o espaço.
O primeiro avanço nesse sentido foi dado com o projeto do satélite Infante, que obteve financiamento de 10 milhões de euros, foi concluído pela empresa, mas acabou por ficar em terra “por questões políticas”, disse Ricardo Mendes. Porém, a tecnologia desenvolvida será agora aplicada nestas constelações de satélites.
Elvira Fortunato, ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, destacou que a exploração espacial é importante para o Governo, assim como este tipo de empresas na retenção de trabalhadores altamente qualificados. A Tekever tem produção em Ponte de Sor, onde tem mão-de-obra menos qualificada, mas o cérebro da empresa é nas Caldas da Rainha. Dos cerca de 470 colaboradores, a maioria tem formação na área das engenharias.
Na quarta-feira, 20 de setembro, o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, veio às Caldas ao Teatro da Rainha e à sede do Coletivo Osso, em São Gregório. A comitiva integrou Susana Menezes, da direção Regional de Cultura do Centro e Américo Rodrigues, diretor-geral das Artes (DGArtes), assim como o presidente Vítor Marques e os vereadores Conceição Henriques e Joaquim Beato. Na Sala Estúdio do Teatro da Rainha, o governante assistiu, durante alguns minutos, ao ensaio de “Antigonick”, peça de Anne Carson, que estreará em novembro. O diretor do grupo, Fernando Mora Ramos, deu a conhecer a história da companhia e o anseio de constituir um Centro de Experimentação Dramática e de Formação. O ministro conheceu também a maqueta do edifício sede, projetada para a Praça da Universidade e cuja construção se encontra suspensa. O governante ainda foi conhecer o Coletivo Osso, que fica em S. Gregório, e cujo trabalho cultural também envolve a comunidade local.
Pedro Adão e Silva afirmou que estas visitas e contato direto com os grupos “são fundamentais” e sublinhou que as suas infraestruturas caldenses “triplicaram o valor de apoio estatal”.
O ministro afirmou que está a par do estado em que se encontra o Palacete do Museu de Cerâmica. “A secretária de Estado da Cultura esteve cá e deu-me conta do que se passava”, disse o governante, confirmando que “se mantém” a ideia do Museu de Cerâmica passar para a autarquia das Caldas. De qualquer modo, “estamos conscientes e à procura de uma fonte de financiamento para a necessária intervenção no Palacete”. A sua secretária de Estado, Isabel Cordeiro, não só reuniu com o executivo caldense mas também com dirigentes do Grupo de Amigos do Museu de Cerâmica, que a colocaram a par das necessidades urgentes de intervenção.
Questionado sobre o que acha do Governo dos Açores se ter proposto assegurar 40% do salário dos jornalistas que trabalham nas ilhas, Pedro Adão e Silva, que detém a pasta da Comunicação Social, disse que “financiar salários não me parece que promova a autonomia e a independência que são valores inalienáveis do jornalismo…”, comentou, assegurando que conhece as dificuldades com que se debate a comunicação social regional. “Estamos a trabalhar numa solução, mas os apoios só vão estar inscritos no Orçamento de Estado para 2024”, rematou.
Ainda no âmbito da iniciativa “Governo Mais Próximo”, foi assinado na quarta-feira o terceiro contrato interadministrativo para a construção do novo quartel da Guarda Nacional Republicana em Óbidos. O documento prevê um investimento a rondar os 1,6 milhões de euros e sucede a outros dois, assinados em 2018 e 2019, que previam orçamentos de 700 e 1,2 milhões de euros.
A obra vai permitir retirar o posto do interior das muralhas, localizando-o perto das Piscinas Municipais, com melhor acessibilidade, melhorar as condições da força militar e aumentar a segurança e a perceção da mesma. O contrato carece ainda de aprovação na Câmara e na Assembleia municipais, seguindo-se o lançamento do concurso e o parecer do Tribunal de Contas. Com um prazo de empreitada estimado em 18 meses, o novo quartel não estará concluído e a funcionar em menos de dois anos. A autarquia, que cedeu o terreno, conduz o processo, com a comparticipação total do Estado. “O projeto está finalizado”, referiu o presidente da Câmara, Filipe Daniel, que lembrou que esta é uma intenção com 14 anos e explicou que “o atual posto será disponibilizado para dar resposta em habitação, com critérios de fixação de jovens”.
Paulo Silvério, segundo comandante-geral da GNR, destacou a redução, nos oito primeiros meses do ano, do número de crimes de furto em veículos, furtos a estabelecimentos e residências e de ofensa à integridade física no concelho e a detenção de 112 pessoas por vários crimes, sobretudo rodoviários. “Conhecemos as especificidades de Óbidos”, disse.
Por sua vez, o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, lembrou os investimentos de 607 milhões de euros para requalificação de infraestruturas até 2026, que “é uma das prioridades políticas deste governo”. Informou que no último ano e meio estabeleceu 36 contratos interadministrativos, num investimento superior a 30 milhões de euros. Está a decorrer um concurso de 30 milhões de euros para a aquisição de 800 veículos e outro de 7 milhões de euros para as “body cam”. “No ano passado tivemos concurso para 1500 militares e este ano estimamos a admissão de 1000 novos guardas”, disse, notando que a melhoria das condições remuneratórias está a ser trabalhada. “Foi aprovado o maior número de sempre de promoções, quer para a GNR, quer para a PSP”. ■