Governo pondera cirurgias ao cancro da mama no Oeste

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Sessão servia para dar as boas-vindas aos novos internos do CHO (de formação geral são 17, oito dos quais nas Caldas)

Decisão polémica do anterior governo será reanalisada, revelou bastonário da Ordem dos Médicos em visita às Caldas depois de reunir com ministra

 

“Há uma questão que me preocupa e que já tinha previamente abordado com a ministra, que é a questão de terem retirado a capacidade da ULS Oeste de operar o cancro da mama”, afirmou Carlos Cortes, bastonário da Ordem dos Médicos. O responsável participou, a 22 de abril, numa sessão sobre Inteligência Artificial – com a especialista Filipa Fixe -, que serviu para dar as boas-vindas aos novos internos do Centro Hospitalar do Oeste (há 17 da formação geral, dos quais oito nas Caldas).
Carlos Cortes revelou que em cima da mesa está a possibilidade de manter o serviço. “Essa situação vai ser reanalisada e a Ordem dos Médicos está a colaborar nesse propósito, indicando vários peritos que conhecem esta matéria”, disse aos jornalistas.
Mas, para melhorar a resposta em termos de cuidados de saúde no Oeste e, em particular, para fazer face à falta de médicos, o bastonário referiu que “é preciso aqui criar condições de atração”. Na Ordem estão atualmente a trabalhar num plano de captação e fixação dos médicos no SNS e que será apresentado à ministra. “Há um conjunto de aspetos que têm que ser melhorados, um deles, eu não tenho dúvidas nenhumas, porque visitei os hospitais das Caldas, de Torres Vedras e de Peniche e, sobretudo, os dois primeiros, não têm condições. Penso que há aqui uma urgência, para não dizer uma emergência: esta zona do país tem que estar dotada de um hospital novo que possa responder às necessidades da população e isso também depois será um fator de atração para os médicos”.
Carlos Cortes revelou ainda, após a primeira reunião com a nova ministra da Saúde, que apresentou um documento com 17 pontos e com seis medidas para 60 dias. Na reunião foi ainda tema “a questão das ULS, que têm que ser avaliadas”, disse, apontando que “não estão a correr bem. No caso da ULS Oeste disse apenas saber “que é um problema também aqui, pela forma desarticulada, desajeitada e sem preparação como foi iniciada esta reforma”.
Na reunião pediram ainda a revisão do estatuto da Ordem e vão “ apresentar um conjunto de medidas para ajudar a reformular a Urgência e diminuir as listas de espera nas cirurgias, nas consultas e nos exames complementares de diagnóstico, para os utentes terem todos um médico de família e a questão das maternidades, porque o Nascer em Segurança não está a correr bem”. Carlos Cortes deixou uma mensagem aos novos internos: é que, apesar de as tecnologias terem vindo para ficar e de os médicos aderirem facilmente às novidades tecnológicas, “que nunca se esqueçam do que é fundamental na medicina: a relação médico-doente”.
Apontando à reforma que foi feita nos cuidados de saúde primários como exemplo, acusou os hospitais de não terem sabido adaptar-se à evolução das necessidades. “Pedimos à ministra que tenha a sensibilidade e coragem para iniciar uma reforma hospitalar, porque os hospitais hoje funcionam como funcionavam há 50 ou 60 anos”.
A especialista Filipa Fixe trouxe para a discussão a Inteligência Artificial na medicina, a importância da ética, da segurança e privacidade, mas também da interoperabilidade (os sistemas comunicarem entre si, permitindo um processo comum). “Antigamente tínhamos salas cheias de papel, agora temos salas com muitos computadores, mas o que retiramos de lá ainda é muito reduzido”, aponta. A preparação dos profissionais de saúde e a equidade do sistema são outras duas preocupações, frisa a especialista, que deu exemplos de aplicações que tiram partido da Inteligência Artificial na medicina, por exemplo, ao nível da gestão de stocks hospitalares, ferramentas de transcrição que permitem aos médicos não escrever ou equipamentos de deteção de irregularidades na pele, entre outros.
O anfitrião, António Curado, que é presidente da delegação do Oeste, destacou a pertinência deste tema e Paulo Simões, da delegação Sul da Ordem, revelou que será precisamente a inteligência artificial que dará mote ao congresso anual, a realizar em novembro. ■