Na Avenida 1º de Maio, Marcelo Rebelo de Sousa conduz uma carroça puxada pelo cavalo de Lucky Lucke. Na carroça segue a jaula, onde está o preso nº 69, António Costa, com o devido uniforme às riscas pretas e brancas. Os cowboys de Alvorninha, em tom cor de rosa e castanho, guardam a jaula e fazem a festa na carruagem que se segue. Ao estilo faroeste, nas paredes de madeira da carruagem há posters de recompensa para quem entregar os procurados Ricardo Salgado, Catarina Martins, Jerónimo de Sousa, Bruno de Carvalho e Luís Filipe Vieira. “Políticos, gestores e mais uns quantos são todos grandes bandidos, se não os enjaulamos de uma vez estamos todos perdidos”, lia-se.
Do Coto veio um grande tacho no qual se pode ver um António Costa com chapéu de cozinheiro. “Um tacho era pequeno para ti, para tu, para ela, p’ra ficarem saciados só mesmo com esta panela”, dizia no carro, com imagens e mensagens de e para Catarina Martins e Jerónimo de Sousa. O carro era seguido pelos figurantes, vestidos de frutos e legumes, que dançavam ao som dos ritmos brasileiros (e de alguns portugueses feitos para os mais famosos carnavais da região – Torres e Nazaré).
Segue o corso e vem do Coto uma banheira termal e uma coroa. O carro alerta que “Caldas, Rainha que já não és, nem no termal se pode lavar os pés!” e “Caldas da Rainha tão bela, o termal acabou com Legionella”. Um grupo de nobres acompanhava a rainha a dançar atrás do carro. Sem surpresa, o encerrado hospital termal continua a ser tema no Carnaval.
O cabeçudo Bruno de Carvalho vinha também ele no topo de uma jaula, onde estavam acorrentados os leões do Monte Olivett, guardados pela polícia. Aproveitando a polémica em torno do Sporting, o carro referia “O Bruno e o Jesus, qual deles o mais zangado e o adepto Zé Povinho paga o bilhete e é enganado”.
No Carnaval deste ano houve uma réplica da rotunda dos sapos, feita pela malta do Guisado e não faltou o Carro do Amor (com a matrícula 69-Landal) do programa televisivo por onde têm passado caldenses em busca da sua cara-metade.
Num Carnaval trapalhão e satírico, até havia soldadinhos de chumbo do Carvalhal Benfeito e, quando bem procurado, lá se encontra o Wally (Grupos de Dança Traquinas e 3D). A Masha e o Urso (desenhos animados) seguiam a sua casa feita num tronco vindo de Vilanova de Alvorninha.
Entretanto vemos passar um esqueleto andante, é o Contribuinte Privado à Espera da Reforma. Da Ramalhosa veio a arca de Noé, com o próprio ao leme, seguido pelos vários casais de diferentes espécies. As matrafonas das Caldas traziam um reboque onde se assavam febras e chouriços. Os mochos d’Os Pimpões, os Ninjas do Peso e os Smurfs de Alvorninha também não faltaram à festa.
O grupo Super Flash baseou-se no Toy Story e o Arneirense trouxe dezenas de animados palhaços a seguirem o carro dos reis, que este ano tinha som móvel com o DJ Gabi.
Os Oleiros inspiraram-se na Alice no País das Maravilhas e do Nadadouro vieram os Pierrot de preto e branco. O Monstro das Bolachas veio directamente de Santa Catarina, numa tarde em que houve ratos da Fanadia a saírem de um grande sapato velho e a desfilarem na Avenida.
A autarquia, que investiu mais de 100 mil euros, estimou que tenham passado 35 mil pessoas pelo Carnaval caldense. Questionado pela Gazeta das Caldas acerca do Hospital Termal, que foi um dos temas satirizados, Tinta Ferreira referiu que “é sinal que a expectativa se está a criar”.
O corso saiu à rua na tarde de sol de domingo e na terça-feira. Quando tudo ameaçava que iria chover, S. Pedro colaborou e permitiu que os corajosos foliões desfilassem até ao final da tarde, seguindo-se em ambos os dias festa na Praça ao som do Dj Gabi.
A primeira saída à rua das colectividades tinha sido na noite de sábado para o desfile nocturno, ao qual se seguiu o baile do casino no Céu de Vidro, que continua a ser uma opção para gozar as noites de Carnaval sem ter de conduzir. Na noite de segunda houve novo baile, e novamente ao som do DJ de serviço no Carnaval das Caldas. Desta feita quebrou-se o recorde de público com 650 entradas. E se nas Caldas o som fica a cargo deste caldense, no Nadadouro o clássico mantém-se: quatro noites de folia sempre ao som d’Os Lord’s.
O Carnaval das Caldas decorreu sem incidentes de registo: foram três ocorrências ligeiras por quedas nos desfiles e uma pessoa que necessitou de assistência médica no Baile do Casino. Manuel Cravide, da Cruz Vermelha das Caldas fez um balanço positivo da edição deste ano, agradecendo à autarquia pela doação das receitas do baile do Casino, que ajudarão a comprar uma ambulância de 28 mil euros.