Hospital Termal pode melhorar qualidade de vida de doentes de fibromialgia

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A abertura de um núcleo da Associação Nacional Contra a Fibromialgia e Síndrome de Fadiga Crónica (Myos) no Hospital Termal das Caldas da Rainha, cuja inauguração teve lugar a 1 de Outubro, é o primeiro passo numa estratégia do CHON de atrair para este estabelecimento as várias associações de doentes existentes em Portugal nas áreas em que as termas podem ser benéficas.
“Nós temos a perspectiva de potenciar no futuro as mais-valias e sinergias resultantes do facto das termas estarem integradas num hospital que tem também componentes clínicas”, afirmou Carlos Sá, presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar das Caldas da Rainha, à Gazeta das Caldas.

Tendo em conta a características destas águas, é nas valências da reumatologia, da otorrinolaringologia e da ortopedia que estas poderão trazer maiores benefícios aos doentes, em junção com o tratamento clínico. Por isso o CHON espera vir a obter a certificação da utilização das águas termais caldenses para algumas terapêuticas na área da reumatologia, oncologia e do foro respiratório.
“O hospital termal só pode ser realmente um hospital se houver uma vertente clara de tratamento de doentes e por essa via pode diferenciar-se das outras termas em Portugal”, considera Carlos Sá.
No caso do núcleo da Myos, o objectivo é promover a utilização das águas termais para a melhoria da qualidade de vida dos doentes de fibromialgia e fadiga crónica. Mas os responsáveis do CHON querem que mais associações do género se associem à instituição, de modo a que a utilização das termas seja maior.
Conceição Camacho, directora do Hospital Termal, salientou na sessão de inauguração que a água das termas caldenses “está perfeitamente indicada na fibromialgia” porque é uma água sulfúrea, cálcica, cloretada sódica, magnesiana, sulfídrica e levemente fluoretada. Além disso tem uma concentração muito grande de sais minerais e a sua temperatura é de cerca de 34,5 graus.
A actuação conjugada destes factores tem uma acção analgésica, anti-inflamatória, anti-histamínica e rejuvenescedora das cartilagens articulares, sendo por isso utilizadas para o tratamento de todo o tipo de doenças reumatismais, do aparelho locomotor e do aparelho respiratório superior.
Segundo Conceição Camacho, se aquecida a 37 graus a água termal pode aliviar muito a dor, com um efeito mais duradouro do que a água normal.

Núcleo da MYOS ajuda doentes de seis concelhos

A Myos é uma associação não médica e sem fins lucrativos, criada para a defesa do doente e para a partilha da informação sobre as duas patologias “de forma a desmistificá-las perante os doentes e a sociedade”, explicou Cristina Sequeira, presidente da associação, que fez uma apresentação sobre esta temática.
A dirigente destacou que a sessão tinha também como objectivo “alertar as entidades oficiais e a opinião pública relativamente à realidade destas patologias porque em muitos casos estes doentes não são compreendidos nos seus locais de trabalho por parte dos seus amigos e até mesmo por parte dos seus familiares”.
A criação do núcleo nas Caldas da Rainha surgiu na sequência de uma formação que decorreu no CHON para os portadores de fibromialgia na qual participaram 13 mulheres. Entre as participantes, estava Margarida Rézio, que é agora coordenadora do núcleo local.
Devido aos bons resultados obtidos nesta formação, as doentes decidiram avançar com a criação deste núcleo para poder alargar essa informação a mais pessoas.
“Todos ficámos muito agradados com o trabalho da equipa interdisciplinar que nos deu formação sobre a doença”, referiu à Gazeta Margarida Rézio, destacando que tiveram (e continuam a ter) apoio ao nível da reumatologia, psicologia e nutrição.
“É muito importante o apoio psicológico porque é uma doença que não se vê, mas sente-se”, afirma, acrescentando que também acarreta elevados custos económicos para o doente e para a empresa onde trabalha.
O facto de terem a sede no hospital termal também não é por acaso. “Este hospital reúne um conjunto de técnicos que são importantes para o tratamento da fibromialgia”, disse Margarida Rézio.
Do núcleo fazem também parte doentes dos cinco concelhos limítrofes às Caldas (Nazaré, Óbidos, Bombarral, Alcobaça e Peniche).
A sessão de apresentação, no qual estiveram várias dezenas de pessoas, contou ainda com a animação musical da banda caldense Terabytes, da violinista Francisca Bonacho e do Coro de Câmara do Conservatório de Música das Caldas. Desta forma assinalou-se também o Dia Mundial da Música, que se celebra a 1 de Outubro.

O que é a Fibromialgia?

De causa desconhecida, a Fibromialgia está na origem de uma incapacidade física e emocional, que atinge cerca de 2% da população. Origina uma dor generalizada nos tecidos moles (músculos, ligamentos ou tendões), mas não afecta as articulações e os ossos e, por isso, é designada muitas vezes como uma “doença silenciosa”.
Esta doença afecta sobretudo mulheres entre os 20 e os 50 anos e tem como sintomas dores generalizadas, fadiga, alterações do sono e perturbações cognitivas.
A escassez de sinais objectivos e a ausência de exames auxiliares de diagnóstico específicos torna as queixas subjectivas dos doentes fundamentais para o diagnóstico. Ainda assim são considerados como critérios a duração superior a três meses de dor generalizada por todo o corpo, dor à palpação digital em 11 de 18 pontos e, pelo menos, mais dois dos quatro sintomas de fadiga, alterações do sono, perturbações emocionais e dores de cabeça.
Os interessados em mais informações podem contactar por telefone o Hospital Termal (262830379) ou dirigir-se pessoalmente à secretaria, pedindo para ser encaminhados para o núcleo. Poderão também contactar directamente o núcleo, através do número 915491456.