O presidente da Câmara de Óbidos, Humberto Marques, diz que o Oeste precisa de ter um novo hospital “sem discutir localizações”. Durante a cerimónia do feriado municipal, que decorreu no passado dia 11 de Janeiro, o autarca defendeu que é altura de haver união em torno da defesa de um novo equipamento, que possa responder às necessidades de saúde da população e, ao mesmo tempo, atrair profissionais de saúde.
Humberto Marques quer ver colocada na agenda política a construção de um novo hospital no Oeste. Considera que é preciso definir as valências a que o novo equipamento deverá dar resposta, tendo em conta o perfil de saúde da população, mas também que este tenha a capacidade de atrair profissionais.
“Podemos ter maravilhosos equipamentos, mas se não tivermos profissionais vamos ter poucas capacidades de diagnóstico e tratamento no sistema de saúde no Oeste”, disse, lançando o repto para uma discussão “sem preconceitos e sem medos de perder localizações”.
Ainda em termos de saúde, Humberto Marques informou que o actual centro de saúde de Óbidos irá sofrer obras de requalificação durante este ano, na sequência de um contrato inter-administrativo entre a administração central e local. “Precisamos de ter um rácio entre médicos e utentes mais baixo”, disse o autarca, que só ficará descansado quando todos os seus munícipes tiverem médico de família. Reconhece que tem havido melhorias neste campo, mas entende que é preciso ir mais além, com a contratação de mais médicos e enfermeiros (mas não através de empresas prestadoras de serviços) a fim de dar a estabilidade de que os utentes precisam.
O autarca deu ainda a conhecer o programa Óbidos + Ativo, de promoção de saúde e bem estar e destacou a parceria “profícua” que tem com o ACES Oeste Norte. Em resposta a um desejo manifestado pela ARS LVT, deixou a disponibilidade do município para o trabalho que ali está a ser feito possa ser replicado por toda a região de Lisboa e Vale do Tejo.
Aproveitando a presença da directora regional de Leiria da Segurança Social, Maria do Céu Mendes, o autarca pediu a garantia de comparticipação no funcionamento diário de dois lares e um centro de dia que serão construídos no concelho. Está prevista a construção de dois lares, um pela associação “O Socorro Gaeirense” e outro pelo Centro Social do Olho Marinho, que a Câmara irá apoiar com 580 mil euros cada, para um investimento superior a um milhão de euros. Na Amoreira será criado um centro de dia.
Humberto Marques justificou que há uma carência destes equipamentos no concelho, que tem uma população envelhecida. Defendeu ainda a necessidade de criação de equipas multidisciplinares na dimensão social. “É preciso termos uma cultura do colectivo e uma geração disponível para criarmos um banco de cuidadores voluntários”, disse, solicitando o apoio da Segurança Social e do ACES, para dar formação a estes voluntários.
OTA EM VEZ DO MONTIJO
Na cerimónia do feriado municipal Humberto Marques mostrou-se favorável à construção de um novo aeroporto na Ota ao invés do Montijo, por considerar que essa solução acarreta problemas a nível ambiental. Também a modernização da Linha do Oeste está entre as suas preocupações, com o autarca a defender o transporte público colectivo como forma de atracção de investimento e maior capacidade de fixação de novos residentes. “Para isso é preciso que o investimento se faça de Meleças até Coimbra, ou à Figueira da Foz, com ramificações com outros transportes ferroviários”, entende.
Virando-se para o interior do concelho, o autarca informou que irão investir meio milhão de euros na requalificação de estradas, troços e caminhos e que a frota municipal será renovada por uma mais amiga do ambiente. Ao nível da agricultura, destacou a finalização da rede de rega no bloco de Óbidos e o início da obra no da Amoreira, esperando que esta infraestrutura permita aos produtores uma redução com os custos e um aumento ao nível da qualidade e produtividade.
No que respeita ao turismo e cultura, continuará a aposta na internacionalização do destino Óbidos e irão participar no projecto Portugal Literário, do Turismo de Portugal, juntamente com mais de 70 municípios do país.
Humberto Marques falou ainda dos projectos que estão a ser desenvolvidos no âmbito da reabilitação urbana e deu nota que o Gabinete de Activação do Território de Óbidos abriu há cerca de ano e meio com um conjunto de incentivos à disposição das pessoas para intervir nas casas antigas. Contudo, olhando para o concelho, regista que pouco foi feito, pelo que têm que estudar soluções para convencer as pessoas a reabilitar as suas casas.
Este será também o ano em que a Câmara será mais exigente com os serviços internos para encurtar espaços de resposta aos cidadãos, por exemplo ao nível das obras.
Por último, Humberto Marques, quis prestar contas do trabalho que tem estado a desenvolver. Lembrou que em 2010 a autarquia tinha um total de dívidas de curto, médio e longo prazo na ordem dos 14 milhões de euros e que terminaram 2018 com 5,5 milhões de dívidas. “Chegámos ao fim do ano com uma dívida a fornecedores de 400 mil euros, que é o espaço de facturação em 15 dias”, acrescentou.
Fernando Jorge, presidente da Assembleia Municipal, destacou que em 2018 tiveram uma assembleia “interventiva, participativa e participada, que se afirmou como a verdadeira casa da democracia obidense, cada vez mais próxima dos cidadãos”, com a realização de reuniões descentralizadas pelas freguesias.
A cerimónia, onde foram homenageados vários atletas e associações do concelho, terminou ao som da Escola de Concertinas da Gracieira.
Atletas e associações medalhadas
Este ano a Câmara entregou 14 medalhas, no feriado municipal a atletas e associações que se distinguiram nas áreas do desporto e da cultura. Foram homenageados Diogo Clemente, Filipe Cascão, Vítor Bernardo Rodrigues, Nuno Januário, Thomas Militão, João Rodrigues e Rui Almeida, todos atletas residentes e naturais do concelho de Óbidos ao serviço do Caldas Sport Clube, que foi semi-finalista na edição 2017-18 da Taça de Portugal.
Recebeu também a medalha de mérito a atleta Joana Rebelo Figueiredo, sagrada campeã no Campeonato Mundial Sport Kempo 2018 nas modalidades “Formas Mãos Vazias Soft” e “Point Kempo”; e a atleta Ana Rita Gomes, que alcançou o primeiro lugar nas modalidades “Formas Mãos Vazias Hard”, “Formas Mãos Vazias Soft”, “Formas Armas Hard” e “Formas Armas Soft”, no mesmo campeonato.
Mérito também para o ultra maratonista Jorge Serrazina, que tem participado em provas a nível mundial e organiza, há 10 anos, o Trail Nocturno do concelho de Óbidos.
Foram também distinguidas a União de Amigos do Olho Marinho, a Escola de Concertinas da Gracieira, a Associação Just a Change e a Associação de Regantes.
Câmara acorda pagamento de 136 mil euros às Águas do Oeste
A Câmara de Óbidos e a EPAL (empresa sucessora das Águas do Oeste) chegaram a um acordo fixando em 136 mil euros o valor a pagar pela autarquia à empresa de abastecimento e saneamento de águas, pondo assim um ponto final a cerca de uma década de diferendo e negociações.
A Águas do Oeste entendia que Óbidos lhe deveria pagar 1,9 milhões de euros referente a água facturada e não consumida, mais 600 mil euros de juros de mora. A autarquia sempre se recusou a pagar por entender que “era ilícito, tendo a própria EPAL reconhecido que havia sítios onde não conseguia fornecer água”, disse Humberto Marques, acrescentando que esta entidade não não podia exigir a facturação de acordo com o contrato, porquanto ela própria não o cumpriu.
O autarca reconhece, no entanto, que também houve um incumprimento por parte da Câmara, que não entregou as captações próprias. “Não entregámos as captações próprias porque naquela altura as Águas do Oeste não tinham condições para fornecer água a todo o lado e o município fez investimentos para se substituir ao concedente”, justificou.