
Obras de recuperação do templo religioso, que começaram em 2019 e que custaram quase 120 mil euros (com um apoio de cerca de 78 mil euros do Fundo Rainha D. Leonor) já terminaram.
A Igreja da Santa Casa da Misericórdia de Óbidos, perto da Praça de Santa Maria, foi alvo de obras de recuperação, que se iniciaram em 2019 e que custaram quase 120 mil euros. A intervenção contemplou a obra que foi apoiada pelo Fundo Rainha D. Leonor, orçada em cerca de 92 mil euros e contemplada com um apoio a rondar os 78 mil euros, e outros trabalhos encomendados pela Santa Casa da Misericórdia avaliados em quase 30 mil euros.
O templo, que tem estado fechado, sofreu uma intervenção para resolver os problemas de infiltrações e de capilaridades que existiam, mas também para restaurar o cadeiral, os azulejos, para o arranjo da sacristia e a recuperação da sala das sessões, com a colocação de um novo piso, a criação de uma nova escadaria em madeira, a recuperação dos frisos e a colocação do teto.
Uma das intervenções que mais se realça foi o restauro de três telas que acusavam o desgaste do tempo, numa empreitada entregue à empresa Património do Tempo, responsável também pela recuperação do semi-círculo do altar-mor, que havia caído e ficado partido em mais de 20 pedaços.
Carlos Orlando, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Óbidos, referiu que esta obra era “há muito desejada pela Santa Casa da Misericórdia, pela população e pela autarquia. O provedor notou que a instituição, pelo património que guarda (tanto a nível documental, como a nível de património artístico de pintura, escultura, vestes litúrgicas e sacerdotais, entre outros), é muito procurada por estudantes universitários que estão a realizar as suas teses.
Com a recuperação da Sala das Sessões, além de ser o espaço de reunião da Mesa Administrativa, será possível alugar o espaço para eventos, até porque foi equipada com uma instalação multimédia. A gravação de filmes, a realização de casamentos e de palestras são algumas das ideias.
“Este espaço é para ser utilizado, não é para estar fechado”, garantiu o provedor, salientando a importância desta igreja em termos de edificado. Acresce que a Misericórdia tem também um dos quatro órgãos que existem na vila. De origem alemã, tem a particularidade de ter avariado há cerca de uma centena de anos e de nunca mais ter sido mexido. Atualmente está em recuperação, em Mafra. “Queremos articular com Torres Vedras e Mafra, onde existe o festival do órgão”, salientou.
Esta obra permitiu também expor uma peça raríssima a nível nacional: uma roda dos mesários, em pedra, que rodava e servia para definir as funções de cada um na Mesa Administrativa.
Inês Dentinho, do Conselho de Gestão do Fundo Rainha D. Leonor, que foi criado em 2015 e que dois anos depois abriu as candidaturas para apoio à recuperação de património, já apoiou 143 projetos (28 na área do património histórico) num total de mais de 23 milhões de euros.
Por sua vez, Manuel Lemos, presidente do secretariado nacional da União das Misericórdias Portuguesas, disse que esta recuperação “acresenta valor a Óbidos” e elogiou a postura entusiasta e preocupada do provedor obidense.
Adesão a rede europeia
Entretanto, à margem daquela sessão, Carlos Orlando revelou que a Santa Casa foi recentemente contactada para aderir à Rede Europeia de Celebrações da Semana Santa e Páscoa.
Apesar da entrada na rede ainda não estar oficializada, a Misericórdia de Óbidos já respondeu afirmativamente ao desafio que poderá trazer ainda mais turistas à vila.