A Inspecção-Geral da Educação e Ciência (IGEC) confirmou à Gazeta das Caldas que já está a decorrer um inquérito ao Colégio Rainha D. Leonor – após as denúncias apresentadas por professores, alunos e encarregados de educação da escola pública – sobre as classificações atribuídas às disciplinas opcionais sem exame do 12º ano deste Colégio (em particular a Direito, onde mais de 90% dos alunos obteve 20 valores).
Entretanto o grupo GPS anunciou que vai aplicar o regime de “lay off” a alguns dos seus colégios, sendo o Rainha D. Leonor um dos atingidos. Contudo, a administração do Colégio ainda não sabe quantos funcionários serão afectados por esta medida.
Foi instaurado um inquérito ao Colégio Rainha D. Leonor, no seguimento das denúncias apresentadas relativamente às notas das disciplinas opcionais sem exame do 12º ano desta escola, com especial incidência nas classificações de Direito, disciplina em que 21 dos 23 alunos obteve 20 valores.
Estas queixas foram feitas por alunos, professores e encarregados de educação da escola pública com base na notícia do nosso jornal que relatava aqueles factos. Nas cartas enviadas à IGEC a expor este caso, os queixosos denunciavam a elevada média global (18,1) das cinco optativas do Colégio (Sociologia, Direito, Física, Química e Inglês), afirmando que este resultado se distancia da média global das três disciplinas trianuais com exame: Português, Matemática e História.
Alunos, professores e encarregados de educação questionaram ainda os métodos e critérios de avaliação utilizados pelos professores do Colégio, sentindo-se os estudantes da escola pública em situação de desigualdade nas candidaturas de acesso ao ensino superior (uma vez que as disciplinas sem exame têm o mesmo peso na média final que as disciplinas com prova nacional).
“ALVO DE DURAS CRÍTICAS E TENTATIVAS DE DESTABILIZAÇÃO”
A direcção pedagógica do Colégio Rainha D. Leonor emitiu um comunicado (que a Gazeta das Caldas publicará na íntegra na próxima edição), afirmando que nos últimos cinco anos esta escola tem sido alvo “das mais duras críticas e tentativas de destabilização”.
O documento refere que “qualquer cidadão mais desatento não demoraria muito tempo em encontrar frases pouco simpáticas a respeito do Colégio em blogues, páginas de Facebook e outras redes sociais”. E acrescenta que o terceiro período deste último ano lectivo começou da pior forma para os seus professores, funcionários, alunos e encarregados de educação.
Recorde-se que em Abril o governo avançou com a informação que nenhum colégio com contrato de associação estaria autorizado a abrir turmas de início de ciclo (5º, 7º e 10º anos) até que as escolas públicas do mesmo concelho preenchessem todas as vagas. Uma decisão que o Colégio Rainha D. Leonor viu confirmada no final de Maio, o que implicaria uma perda de 12 turmas e quase um milhão de euros de financiamento público.
“Houve quem se regozijasse com as decisões do governo e quem fizesse das tristezas dos outros as suas alegrias, houve quem não percebesse que, para além de um corpo docente e de um corpo não docente que também têm responsabilidades financeiras e família, havia centenas de alunos apanhados no meio de uma guerra de poder”, acrescenta o referido comunicado.
Colégio aplica regime de “lay-off”
O Grupo GPS, detentor de 15 dos 79 colégios com contratos de associação, anunciou que cerca de uma dezena dos seus colégios irá aplicar o regime de “lay-off” (redução do horário de trabalho e dos salários dos funcionários) por falta de financiamento público.
O Colégio Rainha D. Leonor é um dos afectados e a sua administração confirmou que foi iniciado “um procedimento legal para a redução temporária do período normal de trabalho de alguns dos seus colaboradores docentes”, esclarecendo que esta medida “só agora foi iniciada, pelo que é prematuro falar em quaisquer resultados”. Isto é, o Colégio ainda não sabe o número de professores que será notificado nem qual a percentagem salarial que virá a ser reduzida.
A administração acrescentou que “está a realizar todos os esforços no sentido de preservar o maior número possível de postos de trabalho e que esta medida pressupõe a expectativa que a decisão do governo seja anulada pelos tribunais e, portanto, que o Colégio possa vir a retomar a abertura de turmas de início de ciclo”.
O Colégio Rainha D. Leonor sublinha ainda que “esta situação não foi criada pelas escolas”, sendo que as suas consequências devem ser atribuídas ao governo.