Estudo coordenado por Verónica Ferreira identificou fatores que controlam os efeitos da seca nos ribeiros
Verónica Ferreira, que é natural do Pó (Bombarral) e investigadora do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE) da Faculdade de Ciências e Tecnlogias da Universidade de Coimbra, coordenou um estudo que permitiu identificar os fatores que controlam os efeitos da seca no funcionamento dos ribeiros.
Foi ainda possível quantificar a relação entre a inibição da decomposição dos detritos vegetais e a percentagem de redução nos caudais ou a percentagem de número de dias com leito seco. A bombarralense explica que, entre as diversas variáveis estudadas, foi possível verificar “que o tipo de comunidade aquática envolvida no processo de decomposição dos detritos vegetais condiciona a sua resposta à redução de caudal natural (sem intervenção humana direta), havendo uma inibição mais forte deste processo quando a decomposição é realizada conjuntamente pelos microrganismos e pelos invertebrados do que quando a decomposição é realizada apenas pelos microrganismos.
O clima foi outra das variáveis estudada pelos investigadores. Para alcançar o principal objetivo desta investigação, nomeadamente identificar quais as variáveis que podem mitigar ou exacerbar os efeitos dos períodos de seca no funcionamento dos ribeiros, a equipa utilizou a meta-análise (uma técnica estatística) para compilar toda a evidência científica sobre os efeitos dos períodos de seca no processo de decomposição de detritos vegetais (folhas, ramos, etc.) em ribeiros, “um processo fundamental já que sustenta a cadeia alimentar aquática e tem um papel importante nos ciclos dos nutrientes e do carbono”.
A investigadora realça que os resultados conseguidos “permitem perceber que os ribeiros onde os invertebrados sejam naturalmente abundantes e desempenhem um papel importante na decomposição de detritos vegetais terão o seu funcionamento (aqui medido pelo processo de decomposição de detritos vegetais) mais afetado num contexto de aquecimento global que leve à redução do caudal em comparação com ribeiros onde os invertebrados sejam naturalmente pouco abundantes. Esta informação poderá ajudar a identificar ribeiros mais sensíveis e que necessitem de medidas de mitigação”. ■