Jovens aprenderam sobre Óbidos a criar videojogos

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Os alunos conheceram vários contextos em Óbidos, que serviram de inspiração para os jogos
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Iniciativa esteve integrada no programa europeu EPIC-WE e vai regressar em maio, na Vila Gaming

Cerca de 30 jovens estudantes da licenciatura de videojogos da Lusófona estiveram em Óbidos de 6 a 9 de fevereiro na primeira game jam do projeto EPIC-WE, no qual o município obidense está integrado e que pretende comprovar que os jovens conseguem apreender os valores europeus através de videojogos, neste caso na sua criação.
No âmbito deste programa, foi criado o Óbidos Hub, uma colaboração entre a Universidade Lusófona, a empresa de videojogos Battlesheep e o Município de Óbidos. Durante os quatro dias, os jovens conheceram a vila medieval para desenvolverem, depois, videojogos de acordo com a informação que absorveram, sob o tema “Óbidos Cidade Criativa da Literatura da UNESCO”.
Conceição Costa, investigadora no CICANT, da Universidade Lusófona, e coordenadora do Óbidos Hub explicou que o objetivo destas game jams é “os jovens poderem exprimir, através dos videojogos, e embeber nesses videojogos, o património cultural, neste caso, de Óbidos”.
Como projeto de investigação, interessa ainda perceber se este processo de criação facilita o processo de aprendizagem. E, neste particular, a investigadora revelou-se surpreendida. “Penso que é uma lição para o futuro do ensino”, considerou.
António Rodrigues veio de Lisboa para participar na game jam e sublinhou as vantagens a esse nível. “Normalmente, nas game jams estamos numa sala de aula. Nesta estamos em Óbidos, dentro do contexto, a experienciar e a ganhar inspiração”, descreveu.
O grupo do jovem estudante do 2º ano da licenciatura em videojogos da Lusófona criou um jogo que tem como personagem central um gato. “Quando passeávamos por Óbidos vimos que há muitos gatos, que dormem em cima de tudo, achámos isso muito engraçado. E também estivemos em algumas livrarias, fomos a uma oficina de tipografia e tudo isso serviu de inspiração para o nosso jogo”, contou. Na aventura que criaram, o jogador controla o gato através da escrita. “Está, basicamente, a escrever a história do gato”, revela António. A história começa quando o gato entra na biblioteca e os níveis têm lugar nos seus sonhos, inspirados na história dos livros sobre os quais este dorme. O elemento tipografia, “que nos inspirou imenso”, nota, foi incluído no jogo através do som de teclas de máquinas de escrever, quando o jogador escreve as ordens para o gato, e também no tipo de letra utilizado.
“Neste projeto queremos desmistificar aquela ideia de que os jogos são maus, sem nenhum objetivo, e queremos trazer a cultura portuguesa e os valores europeus, como a dignidade humana, para os jogos”, refere Conceição Costa.
António Rodrigues já tinha estado em Óbidos uma vez, no Mercado Medieval, e esta segunda passagem, obrigou-o a estar mais atento a outros pormenores da vila. Até porque o grupo teve acompanhamento do historiador Bruno Silva e da autora Mafalda Milhões, que contextualizaram as visitas.
“Colocá-los a criar jogos é uma forma deles de se apropriarem do conteúdo sobre o qual estão a criar e vão ficar a saber muito mais sobre Óbidos do que se tivessem feito com a visita guiada”, acredita Conceição Costa.
António Rodrigues não tem dúvida que esta é a atividade que quer seguir como profissional. “Eu sou uma pessoa criativa, só que não tenho jeito para a arte mais tradicional. Então, esta é a minha maneira de ser criativo, posso pegar na programação e fazer a minha própria arte”, contou.
No contexto do Óbidos Hub, está já a ser preparada uma segunda game jam, na qual já vão participar alunos do secundário da escola Josefa D’Óbidos. Essa acção será inserida no Óbidos Vila Gaming, que decorre de 4 a 12 de maio, e o tema será a Lagoa de Óbidos. ■
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