Denominados de “pioneiros da compostagem” estes munícipes irão participar, durante um ano, no projeto Biorainha, onde irão aprender a separar e valorizar os biorresíduos. A formação começou a 1 de junho
Os biorresíduos representam, atualmente, cerca de 40% do volume colocado diariamente nos contentores para lixo indiferenciado. Segue depois para aterro quando, se separado, poderia ser compostado e utilizado como fertilizante. Um aproveitamento que a Câmara das Caldas quer potenciar com o Biorainha, um projeto piloto de recolha seletiva de biorresíduos, co-financiado pelo Fundo Ambiental. “O país inteiro está atrasado no cumprimento das metas”, reconhece António Vidigal, da Câmara das Caldas, fazendo notar que este município quer ajudar a minorar esse problema.
O projeto arrancou no início do mês, com 63 munícipes inscritos, apelidados de “pioneiros da compostagem”, que irão separar e valorizar os resíduos alimentares nas suas casas. Pertencem a oito freguesias do concelho, têm idades compreendidas entre os 25 e 72 anos, vivem em moradias e apartamentos e possuem tipos de agregados diferentes, mas uma vontade comum: combater o desperdício e a perda de valor. Em contrapartida, irão beneficiar da isenção da tarifa fixa de resíduos durante um ano.No passado sábado, 1 de junho, tiveram a primeira de quatro ações de formação, com Cláudio Oliver, na Horta Regenerativa da EB de Santo Onofre, onde poderão aliar a parte teórica e prática. Antes, na apresentação do projeto, o ambientalista e formador chamou a atenção para estarem a dar um “pequeno, mas consistente, passo na direção de um novo caminho para elevar as Caldas a uma nova posição no que diz respeito ao tratamento dos biorresíduos”.

Cidade ambientalmente criativa
Cláudio Oliver considera que as Caldas tem condições para se afirmar nesta área e propõe-se mesmo a fazer dela uma “cidade ambientalmente criativa”. Partilhou com os presentes que no concelho são produzidos cerca de 25 mil quilos de biorresíduos por dia, o que dá uma média de cerca de 450 gramas, diárias, por habitante. “Cada um de nós produz mais de 150 quilos de biorresíduos por ano”, alertou. Mas trata-se também de uma questão económica. O ambientalista recorreu-se de dados da PORDATA, para explicar que o gasto médio mensal de cada português com a alimentação é de 373 euros, e que esta é a principal origem dos biorresíduos.
Natural do Brasil, Cláudio Oliver começou a fazer compostagem há cerca de 20 anos e, quando chegou a Portugal, a primeira compra que fez, mesmo ainda antes de ter morada fixa, foi um vermicompostor. “Aquele primeiro compostor ganhou outros iguais e transformou-se em parte de uma central de compostagem”, disse, dando conta que no ano passado transformou mais de 400 quilos de biorresíduos domésticos e 200 quilos de resíduos de poda em “300 quilos de comida”, referindo-se à produção de diversos alimentos com o composto obtido. O ambientalista está também a ajudar a construir a horta regenerativa de Santo Onofre com um conjunto de amigos e de professores.

“O compostor doméstico é uma arma de esperança em massa”, considera o formador que se comprometeu não só a ensinar o fundamental para a compostagem em casa, mas também a ser um “companheiro” nos próximos 12 meses, ajudando os participantes no projeto a “recomeçar quando houver erros”. Claúdio Oliver deixa ainda a sugestão, e disponibilidade, para criarem o clube “composta e cultiva” das Caldas, onde procurarão “soluções técnicas para os problemas e ajudarão, no final, a colher os frutos da sua imaginação”. ■