Mariscadores reuniram-se na tarde de quarta-feira, em frente ao canal fechado pelas areias, para alertar para o problema
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“Aberta” abriu naturalmente, mas mariscadores alertam que continuam a ser necessárias dragagens na Lagoa
A Lagoa de Óbidos ficou sem ligação ao mar desde a passada terça-feira, dia 6 de fevereiro, até à noite de sábado, dia 10, altura em que terá sido reaberto o canal que liga o sistema lagunar ao oceano Atlântico.
Logo após o fecho, Sérgio Félix, presidente da Associação de Pescadores e Mariscadores Amigos da Lagoa de Óbidos (APMALO) referiu a preocupação dos mariscadores relativamente a este facto. “A “aberta” fechou e neste momento não existem canais que liguem a lagoa à aberta, que sempre existiram e estamos preocupados como é que se vai conseguir abrir a “aberta”, explicou. É que “o que abre a “aberta” é a própria lagoa, que tem que ter peso de água suficiente para a abrir e deveriam existir canais que ligassem a lagoa ao mar e não existem, está tudo assoreado, assim a água não ganha força e velocidade para poder abrir o canal de forma suficientemente funda e larga para trabalhar normalmente”, referiu, acrescentando que se corre o risco de abrir com recurso a máquinas e vê-la fechar novamente.
A janela temporal para os mariscadores é incerta. “Todas as semanas temos que fazer análises da água, se aparecerem toxinas fica fechado e isso está muito sujeito a acontecer, porque não há renovação de água”, alertou.
“É preciso uma intervenção urgente por parte da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), já vimos nalgumas zonas marisco já morto e com a entrada de grandes volumes de água doce das chuvas corre-se o risco de morrer ainda mais, vai prejudicar os mariscadores agora, mas também durante o resto do ano”, frisou.
O mesmo responsável notou que “os pescadores e mariscadores estão apreensivos e preocupados, estiveram mais de três meses (entre setembro e dezembro) sem poder pescar devido à qualidade das águas” e vêem-se agora sujeitos a ter que parar por tempo indeterminado.
Sérgio Félix esclareceu ainda que o único apoio que têm é o fundo de compensação que ainda não foi pago nem sabem quando será e que rondará, segundo o mesmo responsável, os 400 euros mensais.
A falta de condições da água, crê, deve-se ao facto de a “aberta” não estar em condições.
O presidente da associação frisou ainda que representam, diretamente, 80 famílias. “O fecho da “aberta” é uma preocupação e vem provar que tínhamos razão quando dizíamos que a “aberta” e a parte inferior da lagoa deveriam ser vistas com outros olhos e o desassoreamento deveria ter acontecido há dois anos quando a draga esteve cá e podia ter feito uma intervenção de urgência”, salientou, apontando à APA, que “nunca olhou com olhos de ver para o problema que existe na Lagoa e gostávamos que resolvesse o nosso assunto o mais rápido possível”. Depois de uma reunião que juntou à mesa as várias entidades que poderão contribuir para a resolução do problema na semana anterior, saltou à vista que, “de todas as entidades que estiveram na reunião, a que estava mais distante dos problemas da lagoa foi a APA”, apontou.
Já no início desta semana, à Gazeta das Caldas, Sérgio Félix mostrou-se pouco esperançado de que a “aberta” se mantenha por muito tempo… aberta. “Temos tido marés grandes e o mar muito agitado, que colocou muita água na lagoa” e a fez abrir a ligação ao mar, explicou o presidente da associação, que revelou ainda que esta quinta-feira deveria realizar-se uma nova reunião entre a associação, os dois municípios e a APA.
APA diz-se atenta
A APA emitiu, a 9 de fevereiro, um comunicado sobre a Lagoa de Óbidos, onde garantia que “tem vindo a acompanhar” a situação, “no âmbito exclusivo das sua competências em matéria de recursos hídricos”.
A APA recordou que “o fecho da “aberta” da Lagoa de Óbidos é um processo natural e resulta da interação entre o mar e a lagoa” e que “quando tal ocorre (a última vez foi em 2022), a opção tem sido intervir no sentido da reposição da ligação”, contrariando esse fenómeno natural. Agora, “tendo-se verificado o fecho da lagoa, a APA está, tal como em ocasiões anteriores em que tal ocorreu, a avaliar, as condições adequadas à realização de uma intervenção para abertura da lagoa de Óbidos, que, para ser eficaz, exige, essencialmente, agitação marítima fraca e baixa-mar de águas-vivas, conjugadas, se possível, com nível elevado de carga de água na lagoa”, informa, esclarecendo estar em articulação com as autarquias. ■
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