O mercado nacional de comércio de automóveis voltou a crescer em 2016 e retomou os níveis pré-crise, com quase 250 mil viaturas vendidas e um crescimento de 15,8%. Na região, os concessionários, cujos dados Gazeta das Caldas conseguiu obter, mostram igualmente que existiram mais vendas, embora com ritmos diferenciados de marca para marca. No Oeste, tal como a nível nacional, no topo das vendas continuam os utilitários e os pequenos familiares entre os quais o Renault Clio e o Volkswagen Golf continuam a ser grandes referências. Contudo, os mini SUV, como o Nissan Juke ou o Fiat 500X e os SUV compactos, como o Peugeot 3008 ou o futurista Toyota C-HR ganham cada vez mais adeptos.
O ano de 2016 foi de consolidação para um sector económico que viveu uma grave crise durante o período de intervenção da troika em Portugal. O comércio de automóveis novos registou um aumento de vendas de 15,8% para um total de 247 mil novas matrículas. No final do primeiro trimestre do ano passado, altura em que Gazeta das Caldas publicou o suplemento automóvel, estimava-se que houvesse algum abrandamento das vendas devido à nova carga fiscal sobre o sector, o que acabou por não se verificar. Se em 2015 se tinham vendido mais cerca de 40 mil viaturas do que em 2014, no ano passado o parque automóvel foi renovado com mais 34 mil automóveis ligeiros, voltando a níveis próximos de 2010.
AUTO JÚLIO VENDEU MAIS 25%
O grupo caldense Auto Júlio também cresceu bem acima da média nacional. A empresa que representa cinco marcas (Mitsubishi, Hyundai, Mazda, Nissan e Volvo) numa zona entre Torres Vedras e Pombal, melhorou as vendas no segmento dos novos em 25% no total das cinco marcas face a 2015. Já nos usados o crescimento foi de 2%. A combinação dos dois segmentos dá um aumento de 15%.
Pedro Caiado, director comercial do grupo, destaca que o desempenho valeu-lhes a nomeação como o melhor concessionário Mitsubishi 2016 e o melhor Concessionário Fuso 2016 – graças ao excelente desempenho do comercial Canter.
A lista de bestsellers da Auto Júlio é francamente dominada pelos SUV, nomeadamente os Nissan Juke e Qashqai, o CX3 e CX5 da Mazda, o Tucson da Hyundai, o ASX e o Outlander da Mitsubishi e o XC90 da Volvo. Numa lista de 10 modelos (os dois mais escolhidos das cinco marcas), apenas se intrometem o utilitário Hyundai i20 e a carrinha familiar Volvo V40.
A Lubrisport, que representa a alemã Audi, aumentou as vendas em 35% nas Caldas e 34,4% a nível global. A empresa teve um comportamento bastante interessante dentro dos distribuidores nacionais da Audi, que no total cresceu apenas 3,8%. Os modelos de entrada de gama A3 e A4 são os bestsellers da marca nas Caldas, complementados com “o excelente desempenho” dos SUV Q3 e Q5, refere Luís Barros Rodrigues, responsável pela concessão nas Caldas da Rainha.
Dentro do mesmo grupo empresarial com sede em Leiria, a Lubrigaz, que representa a Volkswagen, registou um aumento de vendas na ordem dos 15% nas Caldas e de 17% em termos globais. Estes valores são igualmente significativos dentro dos números do importador português da Volkswagen, que também cresceu em Portugal 3,9% no ano passado. Recorde-se que a marca alemã, com sede em Wolfsburgo, viveu em 2016 um ano particularmente difícil depois do escândalo das emissões de gases poluentes. O Golf e o Polo continuam campeões de vendas, “mas tivemos uma excelente prestação dos novos Passat e Tiguan”, revela Luís Barros Rodrigues, que destaca ainda o bom comportamento do serviço após-venda nas Caldas da Rainha. “Teve um aumento de 15% com um excelente desempenho do centro de colisão”, acrescentou.
FIAT E OPEL CRESCEM MAIS DE 100%
No Grupo Lizauto, a empresa mãe, que representa a Renault e a Dácia, o crescimento foi em linha com a média nacional: 16%. Os utilitários Renault Clio e Dácia Sandero são os mais vendidos, acompanhados do mini SUV Captur. Nos primeiros meses de 2017 os números mantêm-se idênticos na comparação homóloga, embora “fortemente influenciados por matrículas para os Rent-a-car”, realça a gestora de qualidade e marketing, Élia Cardoso.
O grupo iniciou em 2015 a actividade de duas novas empresas: a Lizitália, que representa o Grupo Fiat, e a Rentocasião, para a Opel. Em 2016 estas duas empresas mais que duplicaram as vendas, com percentagens de 117% e 118% respectivamente. Os utilitários Fiat Punto e Opel Corsa são os mais vendidos nestas empresas, assim como os familiares compactos Tipo e Astra.
Na Lizitália o início de 2017 mantém um forte crescimento, de 186%, enquanto na Rentocasião há uma estabilização das vendas.
O Grupo Lena Automóveis registou em termos globais o seu melhor ano de sempre, com vendas superiores a 60 milhões de euros, representando mais de 4 mil viaturas matriculadas. Nas Caldas as quatro marcas que representa melhoraram a performance, mas com variações diferentes, o que se explica pela implementação das próprias marcas no mercado. As variações foram de 6% na Peugeot, 15% na Ford, 56% na Kia e 223% nos comerciais Isuzu. A Peugeot é a marca que representa maior peso nas vendas globais da concessão.
Filipe Primitivo, administrador da concessão caldense, observa que esta é das que mereceram melhor índice de satisfação dos clientes dentro do grupo, com um resultado de 90%.
TOYOTA MANTÉM VENDAS
Dos concessionários que responderam à Gazeta das Caldas, apenas a Caetano Auto Centro Litoral, que representa a Toyota na região entre Caldas da Rainha, Santarém e Tomar, não melhorou as vendas no ano de 2016.
Luís Cordeiro, director da empresa, explica que a estabilização das vendas se deve sobretudo ao fim da comercialização do comercial Dyna em 2015, ano em que representou 16% das vendas. O comportamento dos restantes modelos da gama permitiu, no entanto, compensar aquela quebra. “As novas gerações Hylux, Proace, C-HR, a introdução da tecnologia híbrida do RAV4 e de novos equipamentos nas gamas Auris, Yaris e Aygo compensaram essa perda”, realça Luís Cordeiro.
Na Toyota, os modelos com mais procura são os três de entrada de gama, nomeadamente o utilitário Yaris, o familiar compacto Auris e o citadino Aygo. Segue-se a comercial Hylux. Na Lexus, a divisão de luxo da Toyota, o IS, familiar do segmento D, e o CT, familiar compacto, são os mais procurados.
MERCADO PODE ABRANDAR EM 2017
O início de 2017 mantém-se positivo para o sector automóvel. Nos três primeiros meses do ano o mercado voltou a melhorar, numa média de 3%. No entanto, o mês de Janeiro foi melhor que o de Fevereiro e e em Março registou-se um recuo de 2,5%.
A razão, explica Pedro Caiado, director comercial do Grupo Auto Júlio, é que em Março de 2015 houve uma antecipação de vendas, uma vez que em Abril houve aumento de impostos sobre a venda de automóveis. No entanto, acredita que em 2017 poderá haver uma consolidação de crescimento.
Luís Cordeiro, director da Caetano Auto Centro Litoral, acrescenta que os 7,6% registados nos dois primeiros meses do ano não deveriam reflectir os resultados finais de 2017. No caso da empresa que dirige, já não estava a acompanhar esses números. O director da empresa realça, no entanto, que este já será um ano importante para a diminuição da dependência do mercado nacional em relação aos diesel, o que pode beneficiar a Toyota que é “pioneira e com provas dadas” na tecnologia híbrida.