Mercado Medieval já foi visitado por 60 mil

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Milhares de pessoas visitaram, diariamente, o Mercado Medieval, durante a primeira semana

Evento, que assinala a sua 20ª edição, contou com grande afluência nos primeiros quatro dias. Termina no próximo domingo

João Dias participa no Mercado Medieval desde a sua primeira edição, já lá vão 20 anos. O nome pode passar despercebido, mas quando se fala no porco assado no espeto, a associação é imediata. É ele quem, desde o início o evento, tem a tarefa de garantir esta iguaria aos visitantes que passam pela tasquinha de A-dos-Negros, de onde é natural. Começou por participar, em 2002, com o Grupo Desportivo e Recreativo de A-dos-Negros, que integrava. Nesse ano, o mercado funcionou apenas durante um fim de semana e assaram porco e meio, mas no segundo ano, em 10 dias de evento, foram assados 11 porcos. Desde então tornou-se tradição participar, depois com o Grupo de Teatro da terra e a ACAPANO – Associação de Caçadores, Pescadores e Agricultores de A-dos-Negros e, nos últimos anos, apenas com esta última associação. “O Mercado Medieval esteve um pouco parado antes da pandemia, mas este ano está a ter muita gente, as pessoas querem sair de casa e aproveitar os eventos”, conta o voluntário, destacando que o primeiro dia, ao contrário do que acontecia nas edições anteriores, “foi excepcional”.
Ao longo destas duas décadas já assou centenas de porcos no Mercado Medieval e há, inclusivamente, pessoas que vão de propósito para fazer uma refeição nesta tasquinha, muito por causa do saboroso petisco mas também de toda a envolvência na sua confecção. Prova disso é que, entre quinta-feira e domingo, assaram sete porcos no espeto. João Dias destaca o trabalho dos voluntários das coletividades, que são o garante do seu bom funcionamento. O Mercado envolve cerca de 10 % da população do concelho, há quem tire férias para participar e que, por estes dias, não tem tido mãos a medir, tendo em conta a elevada afluência de visitantes. A organização estima que, nos primeiros quatro dias, tenham passado pelo evento cerca de 60 mil pessoas. “Foi o fim-de-semana mais visitado de sempre, tendo em conta o histórico de entradas do Mercado Medieval de Óbidos dos últimos 10 anos”, refere o presidente da Câmara, Filipe Daniel. No entanto, mais do que os números, “é o claro sinal de satisfação dos visitantes”, realça o autarca, dando nota da animação, qualidade do serviço gastronómico proporcionado pelas diferentes tascas, e da organização, que tem sido “sobejamente elogiado por quem nos tem visitado”. Entre os visitantes, cerca de 60% são nacionais e 40% vêm dos estrangeiro, onde as nacionalidades brasileiras e espanholas são as mais representativas.

Na Liça há verdadeiras “batalhas” entre cavaleiros a cavalo e apeados

Investimento de 420 mil euros
Esta edição, que decorre até 30 de Julho, tem por temática a “guerra” entre as rainhas D. Matilde II e D. Beatriz de Castela, ambas casadas com D. Afonso III, naquele que foi o escândalo de bigamia do século XIII. Entre as novidades está a possibilidade dos visitantes participarem na Corte do Rei e assistir ao casamento de D. Afonso III e de Dona Beatriz de Castela e à sua coroação. Há associações novas a participar no evento, que volta a contar com um acampamento civil e militar da Guarda do Alcaide, com quatro áreas distintas. Também na Praça de Santa Maria pode ser visitado um acampamento Civil e Militar, com exposição de armas e carreira de tiro com arco.
Ainda na cerca do Castelo, onde instalou o seu “atelier medieval”, o escultor Carlos Oliveira encontra-se a trabalhar figuras em alto-relevo ao vivo e está patente a exposição “Embaixadores da Natureza”, composta por diversas aves de rapina e artigos de artesanato relacionados com a prática de falcoaria.
Para o final da semana, a organização espera “que venham muitas mais pessoas” e garante que está preparada para as receber. “Este é um evento referência e quem vem a Óbidos não sai sem ser surpreendido… aguardamos muitos visitantes nestes próximos dias”, disse Filipe Daniel à Gazeta das Caldas.
O investimento da edição de 2023 do Mercado Medieval é de cerca de 420 mil euros, sendo que a maior fatia foi gasta na aquisição de novos materiais, reutilização de outros e forte aposta na animação e recriação histórica. “É um investimento que permite às coletividades encaixarem rendimentos fundamentais para melhoramentos nas entidades que representam. Traz ainda um forte desenvolvimento ao concelho durante este período”, concretiza o autarca obidense. ■

A animação é uma das características deste evento, com música, dança, teatro e performances