Mosteiro de Alcobaça é epicentro de rota cisterciense em Portugal

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Ana Pagará, diretora do Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça, defende que a criação deste roteiro pode impulsionar visitação de monumentos menos conhecidos

Projeto revelado durante o Encontro Internacional de Abadias Cistercienses, que decorreu no Mosteiro

O Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça é o epicentro do projeto de criação de uma Rota Cisterciense de Portugal, cujo desenho foi revelado, no passado fim de semana, durante o IV Encontro Internacional de Abadias Cistercienses, que decorreu no monumento.
A rota contempla quase três dezenas de mosteiros cistercienses fundados ou afiliados no nosso país e resulta de um levantamento inicial efetuado, em 2012, por Walter Osswald, proprietário do Mosteiro de São Cristovão de Lafões.
O objetivo da criação desta rota passa pela valorização do património da Ordem de Cister em Portugal, mas também “chamar a atenção das entidades” para a “necessidade da conservação destes monumentos”, defende a diretora do Mosteiro de Alcobaça.
No entender de Ana Pagará, este projeto permitirá “potenciar a circulação de visitantes pelo território nacional à descoberta do património cisterciense” e dignificar “as comunidades” que têm vindo a cuidar destes monumentos nos últimos dois séculos, ou seja, depois da extinção das ordens religiosas.
“Houve várias tentativas de criar uma rota nacional no passado”, explicou a dirigente, recordando que em 2017 a Direção-Geral do Património Cultural assumiu o desígnio, faltando, porém, a verba necessária.
O projeto foi, agora, retomado e ganhou impulso com a entrada em cena da Leader Oeste, que desencadeou os mecanismos no sentido de obter financiamento através da Política Agrícola Comum, até porque, como explicou Ana Pagará, a “maior parte dos monumentos está “em contexto rural”.
Para Walter Osswald, há “inúmeras rotas” no país e esta era uma ausência notória”. O investigador, proprietário do primeiro mosteiro cisterciense em Portugal, considera que “um roteiro deste tipo tem consequências positivas enormes para as comunidades” e “não é uma iniciativa saudosista”, questionando: “tirando Alcobaça, a maioria das pessoas sabe onde estão os monumentos cistercienses?”
Esta rota cisterciense será alavancada com um site, um folheto e produtos de merchandising, servindo para incrementar a visitação destes monumentos.
“Recebemos meio milhão de visitantes/ano e a lógica é potenciar este ativo e disparar uma parte significativa destes visitantes de Alcobaça para outro património que pertence à família cisterciense”, frisou Ana Pagará, reforçando a ideia de atrair “visitantes e não turistas”, porque “tem de haver um equilíbrio sustentável” e, por isso, este é um projeto cultural e não turístico”.