Newmanity propõe uma “regeneração do ensino”

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Os responsáveis do projeto em A-dos-Ruivos

Comunidade de Aprendizagem instalada no concelho do Bombarral pretende afirmar-se com projeto alternativo.

É na aldeia de A-dos-Ruivos que encontramos a Comunidade de Aprendizagem da Newmanity School. Numa quinta com vários hectares, já se começam a fazer os preparativos para a abertura da escola, que está cada vez mais perto. Na paisagem desafogada, destacam-se as estruturas onde as aulas vão decorrer: os yurts. Nesta escola que pretende trazer uma “regeneração do ensino”, regressa-se às origens, ao trabalho na horta e com animais, mas também há muito espaço para a inovação. Peças de teatro, concertos, aulas de cerâmica, explorações na natureza, de tudo um pouco a quinta irá ser palco, numa explosão da alegria e da criatividade inerentes a cada criança, estando de portas abertas a quem a quiser conhecer no dia da inauguração: a próxima segunda-feira, dia 19.
“Farm School” (escola na quinta): é esta a designação da tipologia de escola fundada por Filipa Larangeira, ex-diretora de recursos humanos e coach de bem-estar, entre outras profissões. Lidando com “desafios relacionados com a ansiedade” desde criança, que se fizeram sentir especialmente aquando dos seus estudos superiores e já quando inserida no mundo do trabalho, desenvolveu uma “metodologia” para os superar, que sentiu a “necessidade de ensinar”, também às crianças, vontade da qual adveio o projeto Newmanity, com sete anos.
“Percebo que há competências para além do conhecimento que não estão a ser dadas às crianças e aos jovens, competências socioemocionais, e que a educação pode ser um processo divertido e leve”, explica, acrescentando que a sua associação, sem fins lucrativos, se propõe a colmatar esta lacuna, através de uma “educação para a felicidade”.
“Quando estamos felizes e aprendemos de uma forma feliz, vamos querer colocar-nos no mundo, e o grande objetivo da Newmanity é trazer cada vez mais crianças e jovens a participarem na regeneração do mundo, a construírem um mundo melhor”, sublinha.
A Comunidade de Aprendizagem é o mais recente projeto, que, para já, se destina apenas aos alunos dos 2º e 3º ciclos, funcionando em regime presencial e a tempo inteiro. Os grupos (“turmas”) são mistos e o ensino é bilingue. Trata-se de uma escola para alunos inscritos no ensino doméstico, cuja lecionação das matérias fica, portanto, a cargo dos pais ou tutores, e que ali encontram “uma comunidade com tutores com muita experiência, que têm uma proposta já para o [seu] desenvolvimento”. Promete uma abordagem pedagógica inovadora, flexível, democrática, individualizada e em permanente construção, que foi criada por uma equipa “multidisciplinar com uma sólida experiência em diversas áreas da educação, bem-estar e desenvolvimento humano”.
“Nós criámos uma pedagogia nova. A Newmanity é uma proposta pedagógica (dentro dos modelos legais de educação em Portugal). A questão aqui é que é uma proposta pedagógica que vai buscar aquilo que nós consideramos que é o melhor a outras pedagogias, seja a pedagogia Waldorf, Montessori, Movimento Escola Moderna, a Reggio Emilia, há imensas”, explica, acrescentando que não consideram “nenhuma pedagogia mais correta” que as outras – o lado “democrático” da sua abordagem – e que a adaptam às “especificidades de cada criança” – o lado “flexível”.
Esta abordagem é operacionalizada por um conjunto de tutores (a forma como os “professores” são designados), com diferentes backgrounds académicos, mas com o radical comum da paixão pela educação, percorrendo áreas que vão desde o teatro à informática, passando pela arte-terapia/arte-educação, pelo storytelling e escrita criativa e, claro, pelo ensino básico generalista, os quais acompanham as crianças de perto nos projetos que elas desenvolvem.
É que esta escola é adepta do “Project-based learning”, em que as aulas consistem no planeamento, pesquisa e execução de projetos, individuais ou de grupo, nos quais as diversas disciplinas (Português, Matemática, etc.) são integradas, e que têm a particularidade de serem “todos” “a favor da comunidade”, pretendendo dar resposta a “necessidades concretas” identificadas na mesma. E “todos esses projetos vão ser, de alguma maneira, públicos [apresentados à comunidade], para que a criança, desde cedo, perceba, ‘eu, afinal, não estou aqui só para aprender por aprender, eu estou a aprender e isto importa, eu tenho lugar no mundo, eu sou um agente de transformação’”, remata Filipa Larangeira.