“Nova” Josefa de Óbidos abre portas no início do próximo ano lectivo

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josefa-obidos-#1A existência de uma sala de teatro foi a primeira proposta a ser deixada numa folha gigante colocada no recinto da biblioteca da nova Escola Josefa de Óbidos. O repto deixado pela Câmara depois de uma visita ao espaço, foi respondido prontamente por João Ricardo Porfírio, de 15 anos, que actualmente está no 9º ano e para o próximo ano lectivo irá integrar a turma de artes visuais na “nova” escola. “Eu gosto de teatro, as minhas colegas também e gostávamos de organizar concursos e eventos nesta área para a escola”, disse à Gazeta das Caldas no final da visita que fez às novas instalações, no passado dia 2 de Junho.
Os seus colegas deixaram ainda como sugestões que a sinalética das salas de aula seja feita com o nome de autores portugueses, que haja música ambiente nas salas e corredores ou ainda que haja um estúdio de música.
Um investimento superior a 6,8 milhões de euros (dos quais 5,5 milhões foi comparticipação comunitária) permitiu mudar por completo a antiga escola de ensino básico e secundário para a nova Josefa de Óbidos, que abrirá portas no início do próximo ano lectivo.
Os quatro blocos mantêm-se, com o pátio central. Ao nível do rés do chão haverá áreas destinadas a actividades sociais e de lazer, bem como de apoio a actividades extracurriculares e exibição de trabalhos. Ficará também no piso térreo o espaço destinado à direcção da escola, o polivalente, cozinha e refeitório, o laboratório gastronómico e os núcleos de apoio à multideficiência e de formação de adultos.
No piso superior estarão as salas de aula, biblioteca e laboratórios de geologia, biologia e física e química. Nestes últimos, haverá quadros amovíveis, com prateleiras nas paredes, que permitirão o arrumo.
josefa-obidos-#2Por outro lado, cada sala terá um quadro interactivo e outro de cerâmica. Algumas delas estão também equipadas com mesas interactivas, tablets e sistema de votação, que permitirá aos professores lançarem perguntas e saber, simultaneamente, quais os alunos que acertaram e os que erraram.
Ao nível da oferta educativa a escola terá pela primeira vez a decorrer, no secundário, o ensino das humanísticas e das artes, além do das ciências e tecnologias, que já ali existia.
Irá também abrir um curso profissional na área da programação em articulação com o Parque Tecnológico de Óbidos e um outro de técnico de restauração, em colaboração com a Associação Nacional de Pasteleiros e a Escola Superior de Hotelaria e Turismo. Ao nível do ensino vocacional, serão abertos cursos nas vertentes da jardinagem, programação e restauração.
Mas, ainda antes do início das aulas, a escola abrirá as suas portas para as “Férias Activas”, em finais de Junho, onde os jovens são convidados a participar nas oficinas de eco-design.
Uma equipa de profissionais, que integra designers, carpinteiros e costureiras, entre outros, irão aproveitar material antigo, incluindo da própria Josefa de Óbidos, e transformá-lo em mobiliário para ali colocar.
A ajudá-la terá os jovens que terão a função de pensar no que querem para a sua escola e ajudar na execução dos certos equipamentos, como a sinalética da escola, os bengaleiros e o mobiliário de exteriores.
“A ideia é que a oficina de ecodesign fique a funcionar na escola e que se vá equipando um conjunto de salas”, explicou a vereadora da Educação, Celeste Afonso, acrescentando que se se apela à sustentabilidade, deve-se dar o exemplo disso mesmo, aproveitando os materiais existentes.

josefa-obidos-#3ACTIVAR PESSOAS

A partir do próximo ano lectivo haverá uma aposta, por parte da autarquia, no ensino da programação, desde o primeiro ciclo. “Esta é uma linguagem de futuro e transversal a qualquer sector, por mais tradicional que seja, desde o turismo à agricultura”, justificou o presidente da Câmara, Humberto Marques.
Também nessa área irá arrancar, já em Setembro, o programa “Activar Pessoas”, dirigido a jovens com mais de 18 anos, e que procura dar competências – sobretudo a desempregados – e garantias de sucesso de emprego. Trata-se de uma formação de três meses, sem grau académico, e que tem como entidade parceira a AlfaPeople, que trabalha com empresas como a Microsoft.
Os inscritos receberão formação tanto ao nível da programação, como do comportamento, resistência e níveis de concentração, com “treino de fuzileiros”. “Depois de saírem, segundo me foi transmitido, há garantias de emprego, com vencimentos na ordem dos 120 euros por dia para estas grandes empresas”, disse o autarca.
O curso custa cerca de três mil euros. No acto de inscrição terão que pagar 900 euros e as restantes propinas apenas serão pagas, de modo faseado, depois do curso terminado e do aluno estar integrado no mercado de trabalho.

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Fátima Ferreira
fferreira@gazetadascaldas.pt

 

Escola Municipal avança mas ainda sem contrato de execução com a tutela

 

A Câmara de Óbidos vai avançar com a escola municipal no próximo ano lectivo sem que o modelo esteja fechado com a tutela. Será a Câmara a assegurar o financiamento de alguma oferta formativa que inclui novas línguas, como o espanhol, oficinas de ecodesign ou actividades como yoga e filosofia para crianças.
“Tivemos algumas resistências, muito da parte intermédia do Ministério da Educação”, disse o presidente da Câmara, Humberto Marques, referindo-se à Direcção Geral dos Estabelecimentos Escolares (DGEstE). Em causa está o facto da autarquia recusar-se a aceitar algumas das condições impostas por este organismo, nomeadamente no que se refere ao facto do modelo de financiamento ser definido sem discutir primeiro toda a “arquitectura” do projecto. “Só depois de saber qual a verdadeira autonomia da escola municipal haverá condições para contratualizar verbas com o Ministério da Educação e Ciência (MEC)”, disse o autarca, que entretanto teve indicação de que o primeiro ministro pretende avançar com o programa no inicio do próximo ano lectivo.
Humberto Marques discorda de alguns dos procedimentos da autonomia vigente, como o facto da oferta do ensino vocacional apenas ser permitida a alunos com mais de 13 anos e duas retenções no mesmo nível de ensino. “Por que razão o vocacional não tem as disciplinas do currículo nacional sem quaisquer estigmatismos, para que os alunos possam concorrer em contacto com competências diversas”, questiona o autarca, destacando que esta possibilidade permite-lhes uma maior aquisição de competências.
Por outro lado, o município “compromete-se a cumprir o currículo nacional a 100%”, o que permite aos alunos que, a qualquer momento, se quiserem ir para outra escola o possam fazer, e que estejam bem habilitados para responder aos exames nacionais.
Outra condição colocada pela autarquia foi a existência de avaliações externas sistemáticas.
“Queremos uma escola rigorosa, muito exigente”, disse, acrescentando que também pretendem que sejam feitas avaliações internas, que permitam “corrigir alguns erros feitos durante o percurso”.
Humberto Marques lembrou ainda que este é um processo lento e que é necessário dar formação aos professores, educadores, animadores para se ajustarem à nova realidade.
“Serão os professores do quadro do agrupamento e do quadro de zona a receber formação durante o próximo ano”, explicou.
Enquanto o contrato de execução não for assinado entre a autarquia e o Ministério da Educação, esta irá suportar todos os custos com a oferta formativa.
O encargo ascende a “muitas centenas de milhares de euros”, disse o autarca, escusando-se a especificar um valor em absoluto.
Humberto Marques realçou ainda que não tem “qualquer receio” em fazer este investimento, que se traduz numa aposta na área da educação feita pelo executivo PSD desde 2002 e que já ultrapassa os 25 milhões de euros.
Até à primeira semana de Julho deverá estar concluído o modelo de organização da escola, seguindo-se o de financiamento, que Humberto Marques prevê que seja discutido durante o próximo mês. Falta depois definir o projecto educativo, em conjunto com a comunidade, que poderá ainda decorrer durante o próximo ano lectivo.

Fátima Ferreira
fferreira@gazetadascaldas.pt

 

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