“O meu país não me dá as condições nem a estabilidade que a Suíça me oferece”

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emigCátia Santos
25 anos
Caldas da Rainha
Estavayer-lê-lac – Suíça
Operadora de máquina
Percurso escolar: Escola Primária do Bairro da Ponte (1° ciclo), EBI Santo Onofre  (2°ciclo)
Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro (3°ciclo)

 


Do que mais gosta do país onde vive?
A Suíça é um país bom para se viver, nas regras, na educação e na civilização.  As regras são rigorosas e temos que as cumprir; quem não as cumpre é penalizado. Na educação os pais são ajudados, aqui eles dão todo o material necessário para a escola, coisa que em Portugal os pais gastam imenso dinheiro.
E a civilização: todos se cumprimentam na rua, conhecendo-se ou não.

O que menos aprecia?
Não haver praias, não sentir o cheiro do mar. A praia e o mar são duas coisas que gosto bastante e aqui tenho que viver sem elas.
As despesas também não são agradáveis pois pagamos para tudo. Recebemos bons ordenados, mas também fica cá muito nas facturas.

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De que tem mais saudades?
Tenho imensas saudades de tudo. Da família, dos amigos, do cheiro do mar, das boas praias portuguesas, das paisagens lindas que temos, e do comer da mãe (risos). Em casa faço comida portuguesa, mas não é a mesma coisa. Em Portugal tudo tem outro cheio e sabor.

A sua vida vai continuar por aí ou espera regressar?
Quero muito regressar. Infelizmente neste momento o meu país não me dá as condições nem a estabilidade que a Suíça me oferece, mas espero e quero muito regressar ao meu país.

“Foi difícil habituar-me a este estilo de vida porque em Portugal saía todos os dias e agora é raro sair”

Trabalho numa empresa – a Wago Contact SA –  em Domdidier (existe uma no Porto). É uma empresa de peças para a indústria técnica (aviões, TGV’s, entre outros). Sou operadora de máquina KSL2060.
As máquinas  são todas automáticas, o meu trabalho é colocar bobines vazias e embalar bobines completas. Quando as máquinas param  tenho que colocá-las a trabalhar.
Desloco-me para o trabalho no meu carro. Demoro entre 15 a 20 minutos a lá chegar pela auto-estrada. O modo de vida aqui é bem diferente de Portugal. Aqui basicamente é trabalho-casa, casa-trabalho. As saídas não podem ser constantes porque é bem caro. Foi difícil habituar-me a este estilo de vida porque em Portugal saía todos os dias e agora é raro sair. Nas férias custa-me voltar a acompanhar os meus amigos. Até brinco e digo que já não tenho idade  para os acompanhar. (Risos)
Às vezes optamos  por nos juntar  na casa de amigos. Sai bem mais barato.
Aqui o estilo vida é bastante caro. Não podemos fazer grandes vidas. Ir ao café todos os dias, ao supermercado, ao centro comercial, ou mesmo jantar fora sai bastante caro. Vejo muito a diferença de preços, não encontro nada aqui que diga que é mais barato que em Portugal. Mas também o salário aqui é bem diferente para melhor.
Por vezes optamos para ir a França às compras,  mas também só podemos trazer um certo tipo de produtos, e se ultrapassarmos esse limite, ao pararmos na fronteira, pagamos multa e às vezes não são nada pequenas.
O clima aqui e instável. Pode estar sol durante o dia como para o fim da tarde começar a levantar o vento, a trovejar, relâmpagos  e a chover… É um temporal por vezes que mete medo e respeito. Num dia faz sol, noutro chove e vice-versa.
Achei muito diferente a vida social aqui porque vou na rua e sem me conhecerem dizem-me “bonjour”. São pessoas educadas (algumas). No trânsito notei muita diferença: não se ouve  buzinadelas, não se ouve a típica  falta de respeito (chamar nomes ou palavrões).
Outra coisa que me fez, e ainda faz, confusão é o comer deles. Não me chama nada a atenção. É muito à base de massas e molhos. Não há nada como  a comida portuguesa…

Cátia Vanessa Clemente dos Santos

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