O novo ano escolar arrancou em pleno no passado dia 19 de Setembro. As escolas do concelhos das Caldas e Óbidos, entre ensino regular e profissional, receberam mais de 9.600 alunos. São cerca de 210 alunos a menos que no ano passado e a distribuição das perdas é idêntica nas várias faixas etárias. De resto, todo o ensino regular apresenta menos alunos e apenas o ensino técnico-profissional apresenta crescimento, contabilizando cerca de 50 alunos a mais que no ano lectivo passado. Boa notícia é o aumento de professores e formadores. As escolas dos dois concelhos, entre públicas, privadas e profissionais, empregam mais 50 professores para um total de 960, com um rácio de cerca de 10 professores por aluno.
O número de alunos das escolas reflecte a realidade da demografia nacional. Num país onde a população vai envelhecendo gradualmente é natural que o número de alunos nas escolas vá diminuindo. Os números do arranque de aulas para o ano lectivo 2016/17 reflectem isso mesmo. Se há cerca de um ano iniciaram as aulas, segundo os dados obtidos pela Gazeta das Caldas junto das instituições de ensino, 9877 alunos, este ano o número reduziu para 9620. Estes dados, tanto de um ano como do outro, não incluem o Colégio Frei Cristóvão, que não quis fornecer os dados.
A instituição que mais sentiu a redução do número de alunos foi o Colégio Rainha D. Leonor, muito por força do fim dos contractos de associação para as turmas de início de ciclo.
A escola do grupo GPS, que tem ensino desde o pré-escolar ao secundário, conta com menos 382 alunos e menos 12 turmas que no ano passado. Passou a ter 836 alunos e 34 turmas no total. Foi no 2º e no 3º ciclo (do 5º ao 9º ano de escolaridade) que a quebra foi mais significativa, com uma redução de 701 para 431 alunos. O colégio só não perdeu alunos no ensino profissional, no qual apresenta mais 14 estudantes.
Além das turmas de contrato de associação, o colégio abriu este ano a possibilidade dos alunos frequentarem o estabelecimento em regime de ensino privado, o que terá, mesmo assim, ajudado a minorar as perdas. A redução de alunos teve como impacto directo uma diminuição do corpo docente em 30%, proporção idêntica à da redução do número de alunos. Aquele estabelecimento de ensino passou dos 60 para os 42 professores.
O agrupamento que mais terá ganho com a distribuição de alunos do Colégio Rainha D. Leonor foi o Raul Proença, que não só se mantém como o que tem mais alunos, como acrescentou 155 alunos aos que teve no ano lectivo anterior. Este agrupamento ultrapassou mesmo a fasquia dos 2500 alunos inscritos e cresceu em todos os ciclos.
O Agrupamento de Escolas D. João II surge como o segundo com mais alunos, com um número idêntico ao do ano passado, este ano ligeiramente acima dos 2000 alunos.
O Agrupamento de Escolas Rafael Bordalo Pinheiro aproximou-se dos 1800 alunos e foi o segundo que mais cresceu: tem mais 67 estudantes. Neste agrupamento sentiram-se quebras ligeiras no número de alunos até ao 9º ano, mas compensadas no ensino secundário e no profissional.
Nas escolas de ensino técnico-profissional, o número de alunos é idêntico ao do ano passado, excepto no Cenfim, que apresenta uma redução de 50 alunos nos cursos de equivalência ao 9º e 12º ano. O mesmo acontece com o Cencal, que no ano passado apresentou 114 alunos para oito cursos e este ano apresenta 49 alunos para três cursos de equivalência ao 9º e 12º ano.
Nas escolas do Agrupamento Josefa D’Óbidos os números são também idênticos aos do ano passado.
MAIS PROFESSORES NAS ESCOLAS PÚBLICAS
Se a redução de alunos no Colégio Rainha D. Leonor conduziu à redução do número de professores, nas escolas públicas aconteceu o inverso e mesmo os agrupamentos em que o aumento de alunos foi residual, o corpo docente cresceu.
O Agrupamento D. João II foi o que teve menos alterações, com a entrada de mais dois professores em relação ao ano passado. Os dois agrupamentos que mais recrutaram professores foram o Bordalo Pinheiro e Josefa D’Óbidos. Ambos têm mais 16 docentes que no ano lectivo que passou. O agrupamento Raul Proença tem mais sete professores.
Os agrupamentos que mais aumentaram o corpo docente são os que têm menor proporção de alunos por professor: 8,2 alunos por professor na Bordalo Pinheiro e 9,8 nas escolas de Óbidos. Na D. João II a média é de 12 alunos por professor e na Raul Proença 11,5. No Colégio Rainha D. Leonor a média de alunos por professor é de 20.
OFERTA FORMATIVA NO ENSINO REGULAR
No Agrupamento de Escolas D. João II a oferta formativa vai do pré-escolar ao 3º ciclo do ensino regular. Este agrupamento tem como opção o ensino articulado de música em parceira com o Conservatório de Caldas da Rainha para os 2º e 3º ciclos.
No Agrupamento de Escolas Rafael Bordalo Pinheiro a oferta vai do pré-escolar ao ensino secundário regular. Neste último ciclo as opções são os cursos de Artes Visuais, Ciências e Tecnologias, Ciências Socioeconómicas e Línguas e Humanidades. No ensino profissional, em que a Escola Rafael Bordalo Pinheiro é uma referência, os cursos disponíveis são os de técnico de Apoio à Gestão Desportiva, de Apoio à Infância, de Audiovisuais, de Comércio, de Comunicação, Marketing, Relações Públicas e Publicidade, de Design e Moda, de Electrotecnia, de Gestão e Programação de Sistemas Informáticos, de Mecatrónica Automóvel, e de Técnico de Turismo.
Passando ao Agrupamento de Escolas Raul Proença também disponibiliza opções desde o pré-escolar ao secundário. No ensino regular os alunos podem encaminhar-se para as áreas Cientifico-humanísticas, nomeadamente Artes Visuais, Ciências Tecnológicas, Ciências Socioeconómicas e Línguas e Humanidades. A EBI de Santo Onofre tem um curso vocacional de Agricultura Biológica, Jardinagem e Carpintaria. A Raul Proença tem ainda os cursos profissionais de Técnico de Gestão e Programação de Sistemas Informáticos e de Animador Sociocultural.
Continuando do ensino público, em Óbidos o único agrupamento do concelho oferece acesso ao ensino integrado de dança aos alunos do primeiro ciclo e os dos 2º e 3º ciclos têm acesso ao ensino articulado de música.
No ensino secundário a escola obidense oferece as áreas de Ciências e Tecnologias, Ciências Sociais e Humanas e Artes Visuais.
Os alunos podem ainda optar pelo curso vocacional de Informática, Jardinagem, Restauração, e pelos cursos profissionais de Técnico de Gestão e Programação de Sistemas Informáticos ou de Técnico de Restauração, variante cozinha-pastelaria.
No Colégio Rainha D. Leonor existe oferta desde o pré-escolar até ao 12º ano, com este a poder ser completado, quer no ensino regular, quer no profissional. As opções para o ensino regular são os cursos de Ciências e Tecnologias, Ciências Socioeconómicas e Línguas e Humanidades. Nos cursos profissionais os alunos podem optar por Artes do Espectáculo – Interpretação, Design Gráfico – Técnico de Design Gráfico, e Desporto – Técnico de Apoio à Gestão Desportiva. A oferta é complementada com as academias de Foto digital, Pintura, Xadrez e Ciências.
Esta escola do grupo GPS tem turmas com contrato de associação e turmas em regime privado.
Também do Grupo GPS, o Colégio Frei Cristóvão, em A-dos-Francos, tem oferta educativa para os alunos dos 2º e do 3º ciclos, que têm acesso ao ensino articulado de música. A escola também oferece a disciplina de Formação Artística e Música. Os alunos têm ainda acesso às academias de Ciências e Ambiente, Línguas e Cultura, Matemática e Jogos, do Cidadão, do Pintor, do Desporto e das Artes do Espectáculo (Teatro, Dança, Música e Imagem).
OFERTA FORMATIVA NAS ESCOLAS PROFISSIONAIS
Passando ao ensino profissional, a Escola Técnica e Empresarial do Oeste (ETEO) possui cursos de Animador Sociocultural, Turismo, Serviços Jurídicos, Higiene e Segurança no Trabalho, Multimédia, Auxiliar de Saúde, Contabilidade, Gestão, Energias Renováveis, Fotografia, Termalismo e Comunicação Marketing Relações Públicas e Publicidade.
O programa da Escola de Hotelaria e Turismo do Oeste contempla três cursos de nível IV, com duração de três anos, nas áreas de Técnicas de Serviço de Restauração e Bebidas, Técnicas de Cozinha e Pastelaria e Operações Turísticas e Hoteleiras. Esta escola tem ainda os cursos de especialização tecnológica em Gestão de Turismo e Gestão e Produção de Pastelaria e ainda um curso de especialização técnica em padaria avançada.
No Cenfim, a formação para jovens nas variantes de aprendizagem e de curso de educação e formação consiste nos cursos de técnico de Manutenção Industrial de Metalurgia e Metalomecânica e de Técnico de Maquinação e Programação CNC, ambos com equivalência ao 12ºano. O curso de Eletromecânico/a de Manutenção Industrial tem equivalência ao 9º ano.
No Cencal, em Outubro abrem os cursos de Marcenaria, com equivalência ao 9º ano e os cursos de Técnico de Informática e de Multimédia, ambos com equivalência ao 12º ano.
Que apoios dão as escolas aos alunos com necessidades especiais?
Quantos alunos com necessidades especiais estão integrados nos agrupamentos das Caldas e de Óbidos? De que problemáticas sofrem? Gazeta das Caldas dá a conhecer quantos são e que unidades existem para os apoiar.
Nos agrupamentos das Caldas e de Óbidos prestam-se três tipos de apoio no que diz respeito à educação especial. Por um lado apoiam-se alunos que têm problemas de linguagem de comunicação e de hiperactividade. Por outro, apoiam-se as crianças que sofrem de multideficiências (as mais graves) e que por isso estão impossibilitadas de estar muito tempo em sala de aula com os colegas da respectiva turma.
As escolas de ambos os concelhos contam com a colaboração de terapeutas e técnicos que vêm do Centro de Educação Especial Rainha D. Leonor e da Cercina (Cooperativa para a Educação e Reabilitação de Crianças Inadaptadas – Nazaré) e que complementam os apoios que a escola regular tenta dar.
Os alunos com dificuldades de aprendizagem são integrados no programa CEIS – Currículo Especifico Individual que os ajudam a preparar para a vida activa. Têm disciplinas mais centradas no quotidiano e aprendem tarefas essenciais relacionadas com a vida adulta como Português, Matemática, e Inglês numa vertente funcional. Alguns têm desporto adaptado e outros ensaiam na escola tarefas domésticas e de aprendizagem do dia a dia. Por exemplo: como se faz um recado, como se vai às finanças.
Tudo isto é aprendido em ambiente controlado, com o apoio das escolas e com profissionais especializados.
No Agrupamento de Escolas Bordalo Pinheiro há 107 alunos com necessidades educativas especiais dos quais 25 são novos para este agrupamento. Há três alunos no pré-escolar, 19 no 1º ciclo, 14 no 2º ciclo, 33 no 3º ciclo e 43 no ensino secundário. Estão a maior parte do tempo numa sala especifica de multideficiência e dentro do Ensino Especial há uma Unidade de Surdos a funcionar na Escola de Santa Catarina. A estes alunos presta-se apoio com uma equipa de terapeutas da fala, intérpretes de língua gestual e psicólogos. Os estudantes praticam hidroginástica na piscina do Centro de Sta. Catarina.
Já nas escolas do Agrupamento D. João II há 97 alunos com necessidades especiais. No pré-escolar há três crianças, no 1º ciclo há 35, no 2º ciclo são 31 e no 3º ciclo 28. O agrupamento possui uma unidade de Autismo com sete alunos que funciona no Centro Escolar N. Sra. do Pópulo. No Centro Escolar de Salir de Matos funciona também uma unidade de Multideficiência. Esta escola recebe técnicas que fazem intervenção precoce a cerca de 50 alunos com idades entre os zero e os seis anos. Fazem apoio domiciliário e também se deslocam às creches onde estão integradas as crianças com necessidades especiais. Este agrupamento tem uma parceria com a Cercina da Nazaré que disponibiliza técnicos que trabalham com os seus estudantes.
No Agrupamento de Escolas Raul Proença são 119 os alunos com necessidades especiais, desde o pré-escolar ao 12º ano. Sete frequentam o pré-escolar ao passo que há 32 alunos na escola-sede (3º ciclo e secundário). Este agrupamento tem duas unidades de multideficiências: uma com nove alunos e outra sete. Há 12 jovens com Currículo Especializado Individual e que têm actividades como a horta pedagógica na EBI de Sto. Onofre.
Uma sala de terapia que também recebe os pais
O Agrupamento de Escolas de Óbidos possui 90 alunos com necessidades de educação especial. Tem 15 alunos com currículo especifico individual e há oito estudantes obidenses que contam com a escola para os ajudar a inserir na vida activa.
O agrupamento do concelho vizinho dispõe ainda de uma Unidade de Multideficiência que faz acompanhamento a seis alunos e ainda uma sala de recursos multifuncionais que se destina à dinamização de terapias especializadas, em tempo não lectivo: Terapia da Fala, Terapia Ocupacional e Reabilitação Psicomotora.
Este serviço disponibiliza aos alunos apoios facilitadores das aprendizagens, do desenvolvimento funcional e da qualidade das interações com os seus contextos de vida. Os pais e encarregados de educação têm a oportunidade de acompanhar os seus educandos em contexto escolar já que são os progenitores os responsáveis pelo acompanhamento dos alunos à terapia, que funciona na escola sede de terça a sexta-feira, entre as 15h30 e as 18h30.