Ana Monteiro é economista e é responsável pela divisão de apoio aos municípios e ao empreendedorismo. O seu departamento situa-se no primeiro andar do edifício e é o organismo intermédio no âmbito do programa operacional do Centro 2020 (fundos comunitários para a região Centro).
“Fazemos a parte técnica de análise das candidaturas, somos a entidade que desbloqueia o processo e envia os projectos para a CCDR [Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional] do Centro”, explica a responsável.
Os projectos de investimento tanto podem ser apresentados pelos 12 municípios que integram a OesteCIM – nas áreas da educação, saúde e património natural e cultural – como por microempresas que procuram ter acesso ao sistema de incentivos ao empreendedorismo. Este último pacote insere-se no SI2E (Sistema de Incentivos ao Empreendedorismo e ao Emprego) e é dirigido às empresas do Oeste que procuram crescer e criar postos de trabalho na região.
“Hoje a OesteCIM é uma entidade que apoia directamente o tecido empresarial, embora inicialmente não tivesse esta competência”, acrescenta Paulo Simões, frisando que o objectivo é “criar uma cultura de empreendedorismo na região”.
Além dos concursos de negócios promovidos nas escolas – “fundamentais para levar os jovens a pensarem fora da caixa, que é o que se pede às gerações futuras” – outra das metas a ser concretizada é a criação de uma plataforma de crowdfunding pensada para investir nas boas ideias. “Nesta plataforma reuniremos investidores públicos e privados para que se possam alavancar bons projectos, uma vez que há negócios que às vezes não têm o sucesso que merecem devido a dificuldades de financiamento”, realça o secretário intermunicipal.
A principal dificuldade que Ana Monteiro encontra na avaliação das candidaturas apresentadas pelas empresas é que estas nem sempre cumprem as regras definidas ao nível da legislação. “Acontece que os empresários recorrem a consultores, que embora numa fase inicial possam ser uma mais-valia para os seus negócios, depois nem sempre são objectivos na apresentação das candidaturas”, reforça a chefe de divisão, acrescentado que há um esforço para que os projectos submetidos sejam o mais instruídos possível, de forma a contribuírem para o desenvolvimento económico da região.
ESPAÇO EMPRESA – UM PROJECTO PIONEIRO
Um dos serviços pioneiros na OesteCIM é o Espaço Empresa. Este é um espaço dirigido aos empresários e que serve para combater a burocracia. “Queremos tornar o Oeste atractivo para o investimento reprodutivo (aquele que cria emprego) e, para isso, temos que facilitar a vida aos investidores”, salienta Paulo Simões, explicando que os empresários que querem investir em Portugal são obrigados a contactar uma série de entidades para poder avançar com os projectos. E o que acontece muitas vezes é que se perdem milhões de euros de investimento porque há papelada a mais que não é tratada com a devida eficácia nos seus procedimentos. O Espaço Empresa foi criado precisamente como um serviço de aconselhamento aos empreendedores, tornando acessível a linguagem dos regulamentos municipais, sendo que no futuro também servirá para mapear incentivos de todo o tipo de entidades, como o IAPMEI ou o AICEP.
Dentro das políticas intermunicipais, a OesteCIM pretende criar estruturas de participação governativa, como é exemplo o Observatório da Cadeia Agro-Alimentar, um projecto que já está em curso. O objectivo é sentar à mesa os principais stakeholders do sector e os responsáveis políticos da região de forma a perceber quais são as principais oportunidades e desafios desta área de actividade.
“Temos que perceber quais são os interesses dos empresários porque estes correspondem aos interesses da região. E o nosso interesse é criar mais emprego e riqueza”, afirma Paulo Simões, acrescentando que se pretende fazer o mesmo para os sectores do mar e do turismo.
Ao nível dos projectos municipais, destaca-se a construção de unidades de saúde em Benedita, Cadaval, Caldas da Rainha (Sto. Onofre) e Nazaré, a requalificação/construção de edifícios escolares em Alenquer, Arruda dos Vinhos, Lourinhã, Peniche e Torres Vedras, a conservação/restauro da Igreja de Sto. Quintino em Sobral de Monte Agraço, bem como de vários espaços culturais em Óbidos (Porta da Vila, Porta da Igreja de Sta. Maria, Porta da Nª Sra. da Graça e as muralhas).
No âmbito cultural, o Bombarral apresenta o projecto Cultura para Todos, que visa estreitar a relação da sua comunidade educativa com a música, de forma a estimular o interesse nos jovens pela criação artística. Também neste município existe o projecto Idade Mais, que pretende implementar uma série de actividades de lazer nos centros de convívio do concelho, como estratégia de combate ao isolamento social.